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Rafaella Kalimann POV

Me sentei confortavelmente na minha cama, Flavina espalhou várias almofadas pela cama e eu pude me posicionar confortavelmente. A câmera já estava pronta em cima de um tripé centralizado para que minha imagem ficasse boa na gravação. 

Eu me sentia nervosa para caralho, era como se eu estivesse revivendo a primeira conversa que tive com meu pais quando eu me assumi bisexual. Só que agora serão milhões de pessoas que vão ver esse vídeo onde eu exponho tão abertamente sobre a minha sexualidade. 

Da primeira vez foi um baque para mim, eu não sabia que poderia me apaixonar por uma mulher até conhecer a S/n, ela quebrou todos os conceitos que eu pensei que tinha. 

Ter essa conversa com os meus pais foi difícil, por mais que a reação deles tenha sido a melhor possível, o medo de não ser aceita por eles me consumiu até o último instante antes que eu revelasse. E com aceitação deles, o resto foi mais tranquilo, minhas primas, meu irmão e o restante da minha família também aceitaram muito bem… e se também não aceitassem, para mim pouco importava, porque o que sempre me importou foi a opinião dos meus pais. 

Os meus amigos famosos que ainda não sabiam da minha relação antiga com a S/n, agora quando souberam do nosso relacionamento ficaram surpresos. Quando eu contei a nossa história nenhum deles esperava que eu fosse me relacionar com uma mulher, mas todos me trataram muito bem e aceitaram essa versão de mim

— Rafa? - Saí dos meus pensamentos ouvindo minha mãe me chamar. 

Minha família e a família da S/n vieram em peso para o Rio, no dia seguinte que anunciei que hoje eu gravaria o vídeo me assumindo e postaria no meu canal do YouTube.

Desde janeiro eu venho me preparado para esse momento, eu tive uma conversa longa com todos os contratantes de marcas que eu sou garota propaganda para avisá-los previamente do meu relacionamento e que eu iria me assumir publicamente, que provavelmente isso irá gerar um grande rebuliço na internet. Queria deixar claro o meu posicionamento para que se alguma delas não estivesse de acordo já poderiam encerrar o contrato comigo, pois eu deixei bem claro que o mais importante era que eu pudesse viver o meu romance com a minha namorada livremente. 

Graças aos deuses eu não tive nenhum problema com os contratantes, muitos até levantaram a possibilidade de rolar uma campanha de casal com nós duas. 

— Querida, se você não estiver pronta ainda, tudo bem. - Meu pai me olhou todo carinhoso. 

— Tudo bem, pai… eu estou pronta. - Falei decidida. 

— Podemos começar a gravar? - Gio perguntou, eu concordei com a cabeça. 

— Gravando em um… dois… três. - Flavina falou e fez um joinha confirmando o início da gravação. 

Respirei fundo e olhei diretamente para câmera. 

— Bem vindos a mais um vídeo no meu canal! - Falei gesticulando e sorrindo. — Para quem não me conhece, eu sou Rafa Kalimann e esse é o meu canal, onde rola vídeos toda semana. Aqui falamos de moda, maquiagem, até nos aventuramos na cozinha e fazemos alguns vlogs. Então se você é novo por aqui, se inscreve no canal e quando esse vídeo terminar clica no card e faça maratona dos meus vídeos - Fiz a introdução do meu canal. — Meus amores, esse vídeo é diferente. - Mordi o lábio inferior e senti um friozinho na barriga. — Eu preciso contar uma coisa muito importante sobre mim que eu estava esperando há muito tempo o momento certo para falar. - Gesticulei e me senti mais segura quando vi S/n entrando no quarto e sorrindo para mim. — Digo de antemão que não é um pedido de permissão, nem uma tentativa de me encaixar ou obter aceitação, muito menos de chamar atenção ou ganhar qualquer coisa em cima disso. O que eu tenho para contar na verdade é uma libertação. - Meu coração estava acelerado, eu havia ensaiado mil vezes, mas ainda estava muito nervosa.  — Eu sou bisexual! - Falei de uma só vez e respirei aliviada. — Nossa, é libertador falar isso sabendo que todos que estão assistindo esse vídeo vão saber quem eu realmente sou. Eu estou tão feliz por estar tão puramente expressando meu direito de me assumir bissexual, de poder falar sobre minha orientação sem medo de provocar um caos na sociedade. - Sorri abertamente. — Confesso que senti medo, e por todos esses anos eu preferi não falar sobre e guardar apenas para mim e minha família e amigos. E ainda sinto. Mas eu com o tempo fui percebendo que é o medo que me diz que sou um ser humano e mostra que a sociedade ainda não sabe lidar com aquilo que não entende e por isso eu preciso me juntar a todos aqueles que, assim como eu, desejam um mundo melhor. Mesmo com medo, ainda assim, aqui estou eu, assumindo minha bissexualidade e mostrando que o amor não tem uma forma estabelecida previamente. - Olhei discretamente vendo minha mãe, S/n e minha primas emocionadas. — Espero que todos respeitem a minha vida. Amo todos vocês e, assim como o amor, a minha orientação é mais do que natural, pois faz parte da minha essência. O amor é o amor, e não importa se amamos um homem ou uma mulher. O que importa é viver esse sentimento e transformar o mundo em um lugar seguro, afetuoso e que permita que todos possamos viver com nossas escolhas e orientações. - Expliquei meu ponto de vista. — Bom, é isso, pra quem recebe essa notícia sobre mim, não espero por aceitação e sim respeito, porque essa é quem eu sou e não vou mudar. 

Just Friends (Rafa Kalimann/You Intersexual)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon