memória

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Eu não sei nem como agradecer todo o apoio que todos vocês estão dando pra essa história. Ela surgiu do nada e está virando algo graças à vocês. Espero que continuem gostando, viu?! ❤❤

drê, lau, marycar e rhay - suas pestes - obrigada por existirem e nunca duvidarem de mim (duvidam sempre). Eu amo vocês. 


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As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão

Mas as coisas findas

muito mais que lindas,

essas ficarão.

(Memória - Carlos Drummond de Andrade)

Helô acordou assustada com o despertador, como se um caminhão tivesse passado por cima dela. Desligou rápido o barulho do celular e percebeu Rafael se mexendo, ainda sem acordar.

Ainda tinha muito para pensar sobre os últimos acontecimentos, sobre os últimos eventos. Ela nunca havia se sentido tão confusa sobre as coisas, sobre as decisões, sobre o rumo que a vida dela havia tomado. Era sempre assim, quando Stenio dava um jeito de se enfiar na vida dela, ele sempre bagunçava tudo por dentro.

Ele adorava dizer que ela era um furacão, mas nunca parou para perceber os próprios estragos. Talvez por ela fosse muito melhor em disfarçar a bagunça do que ele.

Sentada ali cama, ela pegou o celular checando a hora do desembarque da filha. Estava morrendo de saudade dela e dos netos. As coisas agora talvez mudassem nesse aspecto também.

Pelos últimos anos, eles reviveram a relação do primeiro divórcio: revezando os feriados e datas festivas com Drika, sempre evitando se encontrar. Havia um acordo, verbalizado, de que um era assunto proibido nas conversas com o outro. E aparentemente a filha e as crianças haviam tido maturidade o suficiente para lidar com isso, já que eles não sabiam dos respectivos casamentos.

Se levantando, ela tomou um banho rápido, se arrumou e foi rumo ao aeroporto esperar a família chegar. Ela precisava reconhecer, apesar de tudo, o casamento da filha com Pepeu funcionava, e o neto era uma criança incrível, mas que crescia rápido demais.

Observando no telão os voos que iam e vinham, ela se pegou querendo sair dali também, ir embora e mudar de ares como Stenio havia feito. Ela invejava o desprendimento dele com tudo.

Mas isso talvez fosse apenas o seu desejo constante de fugir dele, afinal, ficar era sempre um risco e hoje, mais do que nunca, ela tinha coisas a perder.

Ouviu uma voz levemente conhecida gritando pelo aeroporto e se assustou com o tamanho do neto que corria na sua direção.

-VOVÓ!!!!!! – ele dizia animado enquanto abraçava ela de maneira apertada. Todo o receio que ela e Drika tinham em demonstrar o afeto uma para a outra, a delegada não encontrava no neto. Ele sempre a desarmava da melhor maneira possível.

Olhando para frente, ela observou a menininha que corria na sua direção, usando um vestido rosa e uma bota preta que não combinava em nada com a roupa, ela era adorável. Ela correu até a delegada, agarrando as pernas dela e logo pedindo colo, que ela jamais negaria.

- Eu senti tanta saudade, meus amores! – ela disse dando um beijo na bochecha da menina e fazendo um leve carinho no cabelo do neto, mas logo precisando usar as duas mãos para segurar a pequena – nem tão pequena assim - em seu colo.

The OneOnde histórias criam vida. Descubra agora