A vida assim, jamais cansa...

2.8K 236 536
                                    

Eu tive um pequeno surto nesta tarde de feriado e acabou resultando nisso aqui. Espero que gostem (como sempre). Estava com saudade de escrever momentos em família! 

Drê, Jess, Lau, Rhay, Marycar, Carow, Isinhas e todas que um dia fizeram parte de algo chamado nada gn: As que me leem desde de o começo de tudo, quando eu ainda escrevia em um anonimato - tudo que eu escrevo é sempre para vocês. Obrigada por existirem. 

Mel, fiel parceira de escrita cujo talento nunca cansa de me surpreender - eu te amo.

À todas que me mandam DMs (que eu demoro, mas juro que respondo) e que tomam seu tempo para comentar essa história no twitter, vocês são tudo. 

até segunda 🧡

***************

Nada jamais continua,

Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança

Das outras vezes perdidas,

Atiro a rosa do sonho

Nas tuas mãos distraídas...

(Canção do dia de sempre - Mario Quintana)

A respiração profunda foi necessária enquanto ela percebia a movimentação ao sair do apartamento. Ela o sentiu antes de vê-lo, o cheiro amadeirado de Stenio sempre seria um contraste com o cítrico de Rafael. Além do fato óbvio de ser uma policial treinada, de ser capaz de perceber detalhes ínfimos até mesmo de olhos fechados.

Não parar Stenio, não o impedir de falar com Rafael surgiu de uma curiosidade que a corroía por dentro. O que ele faria para o médico? O que Rafael responderia?

Estava longe de ser uma princesa indefesa, de precisar ou mesmo querer que algum homem viesse defendê-la. Não era sobre isso. A hostilidade presente em todos os encontros dos dois homens, desde o conhecer repentino na sala da casa dela, não lhe passava despercebida.

E havia algo sobre se sentir desejada, disputada por dois homens.

O ego é uma coisa complicada, nem sempre a gente consegue controlar.

Mas a coisa toda saiu de controle antes que ela pudesse se dar conta, e o soco no nariz de Rafael foi o sutil lembrete que nada de bom sairia dali. Ela saiu do canto onde observava a cena toda se fazendo presente, dando de cara com Stenio que fechou a porta atrás de si com força, fechando Rafael para o lado de dentro, trancando o casal de amantes para o lado de fora.

Ele a conhecia como ninguém, e justamente por isso Heloísa foi capaz de perceber o rosto do advogado ficando pálido, o olhar mais arregalado que o normal. Stenio estava com medo da reação dela.

Que porra foi essa? — Parte dela queria ser delicada, mas não conseguia — Eu te pedi pra não vir, o que você tá fazendo aqui?

Helô — Stenio tentou argumentar, mas sabia que nada adiantaria.

Foi a única coisa que eu te pedi pra não fazer — Heloísa não piscava, olhando firme — Eu te pedi pra me deixar resolver isso sozinha. Eu por acaso me meti em alguma das suas conversas com a Julia? — A pergunta, é claro, era retórica — Não. Não me meti.

Eu te disse que não confiava nele — não que isso fizesse qualquer diferença para a delegada nesse momento.

Eu não perguntei se você confiava. Eu fui casada com ele por praticamente dois anos — ela cuspia as palavras no rosto de Stenio no meio do corredor, sem se preocupar com quem ouvia — Eu tinha o direito de uma conversa sem você no meio.

The OneOnde histórias criam vida. Descubra agora