por toda a minha vida

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Apesar de algumas inseguranças com esse capítulo, eu espero muito que vocês gostem. Existe uma cena especifica dele que eu estava ansiosa pra escrever e espero ter feito jus.

Obrigada por todo o apoio e por ter gostado tanto dessa história. ❤

***

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure

(Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moares)


Não. Não. Não. Não.

Uma única palavra, mas mesmas três letras passavam em sequência pela cabeça de Heloísa Sampaio. Déjà-vu sobre tantos anos atrás, onde o ex-marido tinha o -péssimo hábito de invadir a casa dela sem ser convidado invadiam a mente da delegada.

Vê-lo ali, tão confortável no sofá, com a neta deles no colo revirou tudo dentro dela. Havia é claro a estranheza de tê-lo ali depois de tantos anos, mas havia algo mais, muito mais forte.

Ela nunca havia presenciado a relação dele com Liz, e ver a neta no colo dele, sorrindo feliz a fez imaginar mais coisas do que ela gostaria de encarar agora.

A sala que estava cheia de riso, agora estava em silêncio enquanto as cinco pessoas ali presentes encaravam a delegada, as reações distintas no rosto de cada um. Quando o transe passou, foi como se todos falassem ao mesmo tempo apreensivos.

-Mãe, a gente pode explicar...

- Sogrinha, fica calma...

- A senhora veio mais cedo, Donelô...

Até a voz doce e calma da mais nova soar animada, completamente alheia a tudo.

- VOVÓ! Olha, o vovô tá aqui!!

A delegada sentia que poderia gritar, queria bater no ex-marido, expulsá-lo de casa dela, brigar com Creusa por ter deixado ele entrar, brigar com Drika por ter permitido que isso acontecesse. Mas ao olhar o olhar apreensivo no rosto de Lucas e a animação de Liz, ela desistiu de todas essas alternativas, não seria justo com as crianças. Foi a voz dele que chamou a atenção dela.

- Helô...

O advogado teve certeza de que se eles estivessem sozinhos, ele estaria morto. O olhar que ela direcionava a ele agora seria capaz disso sozinho. Ele não queria que isso acontecesse. Não tinha a intenção de tornar as coisas um campo guerra com a ex-mulher.

- Que legal ele aqui, querida - ela disse irônica encarando o ex-marido- eu vou pro meu quarto, mas podem se divertir aí.

Ele preferia que ela gritasse, mandasse ele embora. O tratamento passivo-agressivo dela era mil vezes pior. Ela olhou ao redor antes de, sem dizer mais nem uma palavra, fazer a volta e ir até o quarto fechando a porta.

- A vovó ficou brava? Ela parecia brava... - perguntou Liz soando triste.

- Não, meu amor, ela deveria estar só cansada. A mamãe vai lá falar com ela - Drika tentou acalmar a filha, se ajoelhando no chão para falar com a menina que seguia no colo do avô.

The OneWhere stories live. Discover now