o amor subiu na árvore em tempo de se estrepar

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Nem de perto eu imaginei o que essa história viria a se tornar o que se tornou quando comecei a escrevê-la, mas cada comentário e pedido de atualização que vejo por ai me dão um gás absurdo para continuar escrevendo. Obrigada por tudo e tanto,

lou.

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Pronto, o amor se estrepou.

Daqui estou vendo o sangue

que escorre do corpo andrógino.

Essa ferida, meu bem

às vezes não sara nunca

às vezes sara amanhã.

(O amor bate na aorta - Carlos Drummond de Andrade)


O corpo dela pegava fogo, sentia o êxtase cada vez mais perto. Com respiração cada vez mais ofegante, ela segurava os cabelos de Stenio com força, mantendo-o no lugar, enquanto a língua do advogado trabalhava insistentemente em seu clitóris. A mão dele segurava a barriga da delegada contra o colchão, mantendo-a parada. Quando ele inseriu dois dedos dentro dela, atingindo exatamente o ponto certo, ela gemeu baixo o nome do advogado, pressionando as pernas contra a cabeça do ex-marido.

Ela estava lá quase lá, podia quase sentir o orgasmo a atingindo em cheio...

Helô pulou na cama assustada pelo despertador que tocava ao seu lado. Rapidamente, para não acordar o marido, ela desligou o celular e se jogou na cama novamente.

O suor e o calor continuavam ali, presentes. Não aguentava mais sonhar com Stenio Alencar.

Tentou recuperar o fôlego, quando sentiu o marido a abraçando forte por trás. Ela se virou para Rafael, segurando o rosto dele entre as mãos, o beijando com mais desejo do que uma simples manhã pediria.

Ele não perguntou, apenas sorriu e a beijou de volta com o mesmo fervor. Iriam se atrasar para o trabalho mais uma vez.

Mais tarde, sentados tomando o café, Rafael a olhava com certa curiosidade.

-Que foi que tá me olhando assim? - ela perguntou enquanto tomava um gole da sua xícara.

-Isso não é uma crítica - ele começou se explicando - mas faz dois dias que você acorda desse jeito. Tá tudo bem?

Estava? Como Heloísa poderia responder uma pergunta que ela mesma estava se fazendo fazia três dias?

Assim que chegou em casa naquela noite, jogando com pesar a garrafa de vinho na lixeira, ela se pegou olhando ansiosa para o celular esperando alguma notificação que nunca chegou. Mal conseguiu dormir naquela noite, confusa com tudo que havia sentido ou no que aquele beijo significava de fato.

O que eles estavam fazendo afinal de contas? Quando a delegada parava para pensar, tudo era uma grande confusão. Ambos estavam casados com outras pessoas, e ainda assim nos últimos dias estavam agindo como se ainda estivessem juntos, com danças e tardes na praia como se eles fossem uma família que, há muito tempo, já não eram.

Porque ela o havia beijado? Não adiantava jogar toda a culpa para cima do ex-marido, embora se o encontrasse pessoalmente provavelmente o fizesse. Talvez fosse para sentir o gosto de algo que já não se lembrava mais como era. Uma mistura de saudade com saudosismo que havia terminado de maneira catastrófica.

The OneWhere stories live. Discover now