ENFRENTANDO O DESCONHECIDO - ANSIEDADE

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Verifico a tela do celular de 5 em 5 minutos, e nada dele mandar mensagem, será que eu criei muita expectativa? Talvez ele só tenha me passado o número dele por gentileza, alias esse é o trabalho dele, pensei roendo a ponta do meu moletom, será que eu fui muito boba?!

Desci os degraus do ônibus, hoje seria o dia de escolher a música que iriamos cantar para a nossa apresentação final de conclusão de curso, desde pequena eu sou apaixonada pela Demi Lovato, eu queria muito cantar alguma música dela, mas tenho que reconhecer que as músicas não são tão fáceis de se alcançar e infelizmente nem tão confortáveis para que eu consiga canta-las nesse momento, ainda preciso evoluir bastante, e nem vou mencionar que peguei alguns vícios de seus vocais e coloco 10 vezes mais quando canto, o que não deixa meu canto fluido.

 Vou me deixar ser persuadida pela escolha da professora. Adele. A música que a professora escolherá pra mim era Rolling in The deep, tinha as notas longas que eu gostava e se encaixa melhor para a minha voz. A professora tocou o teclado com os dedos mágicos dela, primeiro eu tentei por pura teimosia cantar Heart Attack da Demi, mas realmente, a música da Adele se encaixava melhor em minha voz, e batemos o martelo que seria essa.

A minha voz sempre foi grande, mas não de fácil controle, por mais que a música que fora escolhida se encaixasse melhor, ainda era um desafio pra mim, eu sou apaixonada por cantar notas longas, mas isso não quer dizer que eu execute-as tão bem, principalmente quando estou nervosa, a impostação da voz vai embora e eu fico parecendo uma gralha cantando. Mas calma, expirei enquanto terminava o meu pensamento, ainda faltam 3 meses para a apresentação, vai dar tudo certo, como minha amiga diz pra mim, eu quero ser uma cantora não posso ter medo do palco (por mais que eu tenha), e para que eu aproveite agora, estamos na escola, é permitido errar, se jogar, ninguém vai nos julgar, ao contrário de quando entramos para a vida profissional, que a hora de errar e aprender é agora.

Algumas músicas foram escolhidas como bohemian rhapsody do Queen, que será cantado em coro, e eu estarei participando, talking to the moon do Bruno Mars, entre outras que ainda serão decididas.

Coloquei a mão no bolso do moletom para pegar meu celular, nenhuma mensagem. Faltava apenas 20 minutos para o fim da aula, como os meus colegas estava ainda decidindo suas músicas para a apresentação, decidi já ir embora, estava cansada, acho que em plena sexta feira eu merecia um descanso.

Os barulhos do degrau do ônibus ressoaram alto por conta do meu peso e só cansaço que eu joguei contra eles ao descer, meu pai estava lá já me esperando no ponto.

- Como foi hoje o curso? - Perguntou meu pai assim que coloquei os pés na calçada. 

- foi legal - respondi 

- Só isso? - perguntou esperando que eu complementasse a resposta.

- Escolhi a música que irei cantar na apresentação, estou nervosa.

Porque? - perguntou meu pai.

- Porque é uma música que tem várias notas altas, e se eu errar, eu vou passar vergonha.

- Você vai ir bem, confio em você - disse ele levando a boca uma lata de cerveja.

Meu pai era um dos meus maiores fãs as vezes ele é bastante protetor, mas a nossa relação é bem tranquila, na verdade com a minha mãe também, mas posso dizer que meu pai é um pouco mais sonhador do que ela que é mais pé no chão, e não vê só a parte dos sonhos. 

Depois de ter tomado um banho quentinho nesse frio, deitei na cama e peguei o celular com a mão direita, nada de mensagem, sua visualização também não era visível, bufei com o rosto pressionado no travesseiro, joguei o celular longe, fechei os olhos naquela mesma posição e dormi.

Um Clichê por entre as Curvas do espelhoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora