Um Clichê por entre as Curvas do espelho

A NOVA GAROTA ENCANTADA

A minha barriga está esmagando todos os meus órgãos por dentro. Essa é a sensação que sinto nesse momento. Estou empanzinada, com a parte superior dura, como se a minha barriga fosse se distender do meu corpo de tão pesada que está, a sensação de preenchimento dói e do vazio também, com qual dor eu prefiro lidar?

Levanto a minha barriga em frente ao espelho, ela cai imediatamente para onde estava. A sensação de estufamento me trás mal estar, a respiração é incômoda, minha barriga dói.

Passo a mão sobre a barriga fazendo movimentos circulares, a consciência pesa, a culpa corrói, pareço ter uma barriga de grávida de tão enorme, isso é tão broxante.

                                                                          ~🪞~

Saio pra rua apressada, preciso ensaiar a música da apresentação antes da aula começar, e melhorar o máximo que eu consigo para mostrar a professora, e quem sabe ser escolhida para cantar Somebody to love.

Um vulto aparece na minha frente e me para, é Gabriel.

     - Onde vai com tanta pressa moça?

    - Tenho coisas pra fazer

   - Huum, tirei uma pausa de 15 minutos, vou ali do outro lado comprar um cigarro, não quer me acompanhar?

Depois do nosso último encontro as coisas ficaram estranhas, não tem motivos para eu dizer que sim e nem motivo para dizer que não, eu não sabia como reagir, eu não sabia a proximidade que eu e ele gostaríamos de ter um sobre o outro.

  - Tá legal

Gabriel tira um pirulito em formato de coração do bolso, abre o plástico e enfia na boca enquanto atravessamos a rua.

Quer? Gabriel estende o pirulito em minha direção

  - Não obrigada.

  - Tem certeza?

  - Tenho, tira esse pirulito todo babado da minha frente.

Escuto um som agudo vindo de Gabriel, e no segundo seguinte Gabriel já está em cima de mim com o seu peitoral por cima das minhas costas e, seus braços sobre os meus para conseguir tentar alcançar a minha boca com aquele pirulito na mão.

   - Nem vem, sai daqui Gabriel.

Comecei a rir igual uma louca, todos que passavam estavam olhando para nós dois.

Uma risada descontrolada.

    - Para, eu não consigo respirar - disse rindo.

Cada vez que ele se aproximava com os braços por entre meu corpo, mais parecia um abraço, sua mão entre a minha cintura, consigo sentir os seus dedos sob minhas costelas, seu corpo praticamente jogado em cima das minhas costas, ficamos girando igual duas baratas tontas na calçada.

Ergui o braço, peguei o pirulito de sua mão e enfiei na boca.

     - Satisfeito?

    - Muito!

A voz ofegante e um sorriso sapeca. Deixou suas mãos ao lado do corpo em sua cintura enquanto recuperava o fôlego.

Eu não estava processando as informações direito, meus pulmões pediam arrego.

Aquilo foi um abraço?

Quando percebo a mão de Gabriel está ajeitando o meu cabelo, colocando as mechas que estavam na frente do meu rosto atrás da orelha e permanece com a sua mão em minha mandíbula, sinto seu dedo acariciando minha bochecha.