ENFRENTANDO A SI

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Prontamente respondi Gabriel:
Hoje não, estou com intoxicação alimentar 🙁
Pô, melhoras ai

Comecei a bater os pés no chão de animação, eu parecia uma criança que acabará de ganhar um presente, coloquei o celular no peito e comecei a sorrir desacreditada que ele tinha me mandado uma mensagem. Levantei da cama, almocei uma canja que meu pai havia preparado, o frango bem pálido junto ao arroz e alguns pedaços de cenoura, e tomei um gatorade. O final de semana passou rápido, eu me sentia culpada por não ter ido no curso quinta e sexta -feita, mas infelizmente isso não é uma coisa que eu consiga controlar, odeio faltar, e odeio perder aula, mas pelo menos para o meu alívio minha colega de classe me avisou que foi apenas a passagem de algumas músicas na quinta e na sexta a sala foi assistir uma apresentação de teatro que estava acontecendo no prédio, ou seja não perdi muita coisa. 

Passei o final de semana na cama assistindo alguma coisa, lendo o livro sem coração de Marissa Meyer esperando ficar 100% do estômago e como o médico disse a febre não voltou.

Essa semana eu tinha um propósito, chamar o Gabriel para sair. Só de pensar nessa ideia minhas mãos começaram a soar e a pele do meu peito se abrirá para que o meu coração pudesse sair para correr uma maratona. Amanhã já é segunda, e nesse exato momento eu estava deitada na minha cama olhando para o teto pensando como que eu faria isso, obviamente ignorando todo o medo de que pudesse dar errado, eu não sabia chamar alguém para sair, era só chegar e falar, "vamos sair?" ou ser um pouco mais sutil e perguntar se ele estava afim de comer um lanche comigo? A cada minuto que eu pensava mais nisso, mais nervosa eu ficava. Eu não peguei o olho essa noite, por mais que eu tentasse a cena que eu mesma criei ficava se repetindo na minha cabeça, e fiquei aguardando o sol aparecer para dar o bom dia.

Por não tem conseguido pregar o olho essa noite, eu estava desatenta no trabalho, por sorte, hoje fiquei apenas na função de atender o telefone caso ele tocasse para passar alguma informação, e ele não tocou para minha sorte.

Em frente ao prédio todo o sono que eu estava sentindo naquele momento pegou as malas e foi embora, dando lugar a euforia que eu sentia ontem a noite recriando a cena de chamá-lo para sair.
Sentia o meu coração batendo na raiz do meu dente, fazendo um circuito do meu estômago passando pela minha garganta e chegando até a minha boca.
Gabriel estava parado em frente a loja distribuindo panfletos, com as pernas meio bambas me aproximei

Oi - disse mexendo os dedos da mão direita.

Oi - respondeu Gabriel - está melhor moça?

Estou sim - respondi um pouco nervosa - você me mandou mensagem - completei.

- Mandei sim, o movimento estava pequeno, eu estava entediado, se você tivesse vindo nós poderíamos ter ficado conversando.

- Entendi - respondi enquanto ele entregou um panfleto para a moça que passava na calçada no momento.

Aquela deixa seria perfeita para chama-lo para sair, perguntar se ele não queria sair para bater um papo. Juntei toda minha coragem, inspirei fundo preenchendo todo o meu pulmão com aquele sentimento e comecei a falar

- Então... será..

Até que fui interrompida sem conseguir concluir a frase.

- Desculpa Ka, preciso ir atender aquela moça que entrou na loja, depois conversamos.

Gabriel caminhou para dentro da loja, e levou junto com ele toda a coragem que eu tinha criado, eu não sabia quanto tempo iria demorar então fui embora, direto para o curso.

Essa semana passou correndo, e já estamos na sexta feira, no curso foi tranquilo, ensaiamos as músicas individuais de cada um, os meus vícios na música já tinham diminuído um pouco, só que eu ainda não conseguia manter muito bem a música nas notas altas. 

Um Clichê por entre as Curvas do espelhoWhere stories live. Discover now