CRASH | CHARLES LECLERC

39 | talvez não é pra ser

PARIS, 2021

Charles foi ao hospital no dia seguinte junto com Arthur. O mais novo estava animado para rever a cunhada mesmo que ela não se lembrava muito dele.

Arthur conversou um pouco com Claire, fazendo piadas de Charles, arrancando gargalhadas sonoras que se tornaram músicas para o piloto da Ferrari.

As memórias dos sorrisos sinceros que ele proporcionou a Claire ainda eram frescas, como se o tempo nunca tivesse passado. E para a francesa o tempo estava parado.

O mais novo deixou o quarto dizendo que iria comer, mas no fundo era uma desculpa para deixar os dois sozinhos e livres para conversar o que quisessem.

Claire se levantou da cama, fazendo o piloto arregalar os olhos e ficar em alerta caso acontecesse algo com ela.

— Não precisa se preocupar, Charles. — pediu olhando nos olhos dele. — Eu já estou andando normalmente pelos corredores do hospital. Faço uma caminhada todos os dias. — ele assentiu com um sorriso fraco.

— Estou feliz por você estar melhor. — ponderou as palavras que usaria. — Louise disse que em breve você vai receber alta e voltará para casa. — ela assentiu.

— Sim. — olhou através da janela do quarto. — Eu também quero voltar ao meu trabalho. — moveu seus olhos para ele.

— Você não acha melhor esperar o restante do ano passar? Você sofreu um acidente grave e que deixou uma sequela momentânea que não tem previsão de passar. — ela respirou fundo.

— Eu não posso deixar o medo me parar, Charles. — virou-se para ele. — Assim como eu quis conversar com você para entender o que tínhamos, eu quero voltar de onde eu parei. Talvez assim eu me lembre de alguma coisa. — explicou, seus olhos suplicavam para ele entender aquilo.

— Mas talvez você nunca lembre. — afirmou.

— Você acha que eu nunca vou me lembrar? — cruzou os braços olhando para ele. — Eu não entendo, Charles. Você deveria ser o primeiro a desejar que minha memória volte. É isso que as pessoas que amam pensam. — arqueou a sobrancelha.

— Sua perda de memória me machuca, Claire. — ele suspirou. — Eu estou preparado para qualquer uma das situações. Se você se lembrar eu vou estar aqui e se isso nunca acontecer, eu vou me afastar. — ela sacudiu a cabeça.

— Até agora eu não me lembrei de nada, Charles. — foi direta. — Então se você quiser ir, fica à vontade. Eu não vou te segurar, porque na minha cabeça nós ainda nos odiamos. — engoliu em seco, sentindo cada parte da garganta arder.