37 ¦ amores conflitantes

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#DeusesDeMetal

Estanho, 21 de Ametista

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Estanho, 21 de Ametista

Noite

Yoongi não se lembrava da última vez que sentiu felicidade genuína. Talvez essa fosse uma daquelas palavras que significam mentiras que as pessoas inventam para fingir que viver vale a pena, mentiras como paz, altruísmo e lealdade. A paz não passa de um momento de suspensão entre duas guerras, uma pessoa nunca faz um favor sem esperar algo em troca e o respeito e a dedicação por alguém podem ser facilmente comprados. Já a felicidade não existe porque dura apenas uns instantes, momentos tão ínfimos que são esmagados por todos os objetivos que deram errado, por todas as coisas que não se pode ter, pelo fim da vida ser nada mais que a morte. No entanto, Yoongi entendia porque ainda usavam essa palavra, mesmo que para descrever inverdades: porque nem mesmo ele, que sabia sobre as mentiras desta existência passageira, teria outra emoção para sentir quando viu Yongsun descendo a escadaria do salão usando um vestido violeta claro como o pôr-do-sol e brilhante como as constelações da noite. Em Sarang, não havia céu ou estrelas para observar, mas se houvesse, não se comparava aquela visão. Que outra palavra Yoongi teria para usar além de felicidade? Não tinha outra palavra. Não deveria ter.

Ele aplaudiu como os outros. Aquela festa era a comemoração do aniversário dos dois, mas Yoongi só completaria ano dali duas semanas. O dia 21 era de Yongsun e, depois de todas as pressões que ela estava passando ao assumir o cargo de ministra, Yoongi gostaria que ela aproveitasse a noite. O piano e o violino estavam perfeitamente afinados, os convidados foram escolhidos a dedo, os quitutes e as bebidas eram os mais caros dos cincos países; tudo feito para não destoar da beleza, do requinte e da classe dela.

As bochechas de Yongsun estavam coradas enquanto ela descia os degraus segurando a frente do vestido. Ela não gostava de atenção, era recatada e discreta. Mas se a lua não queria ser adorada, não deveria subir tão bela no céu. Yoongi e Yongsun cruzaram seus olhares e ela sorriu com timidez. "Salve-me disto, por favor", ela parecia querer dizer, como uma brincadeira. Yoongi, que estava segurando a cintura de Seulgi, a soltou e andou até a base da escada, onde esperou por Yongsun com a mão estendida. A atenção se voltou para ele, ou melhor, foi dividida entre os dois. A comoção aumentou, mais palmas, alguns risos felizes. Os convidados mais velhos conheciam-nos desde que eram pequenos, desde tempos mais simples. Gêneros opostos, idades próximas, ambos ricos e amigos. Todos achavam que, quando crescessem, Yoongi e Yongsun iriam...


— Se casar, não? — Seulgi ouviu uma senhora cochichar para outra perto da mesa de quitutes. Elas não a tinham visto se aproximar.

Seulgi olhou de volta para o grupo de cinco pessoas com Yoongi e Yongsun que estavam conversando sobre a composição tocada pelos músicos naquele momento. Aquele tipo de música sempre foi passatempo dos ricos, até em Bugjjog, e ela não teve aulas de instrumentos e notas musicais como seus meio-irmãos. Estava mais acostumada a flautas, alaúdes e tambores, o que os pobres usavam para tocar canções populares em bares e praças. Quando Seulgi se casou com Yoongi, descobriu que ele gostava de violino e tentou conhecer um pouco do instrumento e dos melhores músicos de violino, mas Yoongi não se mostrou interessado em dividir aquele seu lado com ela. Seulgi não tentou outra vez; para as pessoas de fora, ela poderia passar o resto da vida fingindo entender aquelas notas e conhecer aqueles compositores, ninguém duvidaria de sua atuação.

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora