07 ¦ fragmentos dolorosos

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#DeusesDeMetal

Chumbo, 01 de Turquesa de 121 d

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Chumbo, 01 de Turquesa de 121 d.S.

Namjoon reaveu sua mania de vagar sem rumo, como quando fazia no deserto depois de perder sua mãe. Na época, ele não tinha para onde ir e nem podia voltar; sem propósito e sem motivação para fazer mais que o básico de sobrevivência, apenas por instinto. De vez em quando, Namjoon encontrava outros vagantes e deixava os inocentes passarem por ele enquanto os criminosos morriam por sua mão jovem. Ou ao menos ele achava que eram criminosos. Era-lhe, depois de tanto anos, um pouco difícil de lembrar quais características ele admitiu para considerar alguém digno de morrer. De qualquer forma, arrancava os corações deles e vendia para as bruxas fazerem seus rituais religiosos. Era como conseguia comprar comida e água quando passava em algum oásis.

Porém, conhecer e cuidar de Yerim o mudou. Não porque ela o dava lições de como ser uma boa pessoa, mas porque, por ela, Namjoon queria ser melhor. Talvez tenha visto em seus olhos castanhos um reflexo da própria dor. Chegando em Sarang, decidiu se redimir ao conseguir a oportunidade de aprender medicina com uma velha ranzinza que morava dois andares acima. Juntando o conhecimento que ela lhe deu e os remédios que conseguia fazer a partir das plantas azuis, Namjoon salvou mais pessoas do que se lembrava. Apesar de saber que nunca poderia trazer de volta as vidas que tirou, sentia-se livre de grande parte do peso que seu eu mais novo acumulou.

Então, conheceu Jimin, e além do propósito de cuidar da sua irmã e de curar os males, ele encontrou também o propósito de querer se fazer feliz. Perguntava-se o que mais alguém com tantos pecados poderia pedir e às vezes achava que estava recebendo mais do que ele merecia e que depois pagaria um preço por aquela alegria.

E, de fato, aconteceu. Namjoon perdeu as três coisas que o faziam se sentir vivo: sua irmã, seu trabalho e seu melhor amigo. Novamente não tinha lugar para ir e nem podia voltar. Andava dormente, sem rumo e lamentando naquele deserto de metal. Tinha perdido a noção do tempo e de quantas vezes esbarrou em pessoas, atravessou a rua sem olhar para os carros e entrou em lugares que não conhecia. Foi empurrado, insultado e expulso.

Ele estava provavelmente procurando por alguma coisa, mas não sabia direito o que. Ou talvez apenas estivesse esperando que alguém o encontrasse.

— Eu não acredito! É você mesmo?

Namjoon ouviu, mas não parou. Sabia que não era com ele. Todos tinham vida, menos ele.

— Ei, espera, estou falando com você.

Queria voltar para casa, mas não suportava as memórias. Queria ver Jimin, mas não suportava sua lamentação.

— Ah... É Namjoon, não é? Kim Namjoon. — Um vulto azul parou na sua frente e por um segundo ele achou que fosse Yerim, mas a realidade era cruel. — Lembra-se de mim? Eu sou a garota que deslocou o pulso no Jardim há duas semanas. Você foi o médico que me ajudou.

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Where stories live. Discover now