02 ¦ melhores coisas

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#DeusesDeMetal

Jimin saiu da estação de trem para a rua principal do braço leste, onde a movimentação se encontrava maior

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Jimin saiu da estação de trem para a rua principal do braço leste, onde a movimentação se encontrava maior. Os prédios de Sarang não eram perfeitamente alinhados, mas todos respeitavam as quatro vias principais, que iam diretamente das fronteiras com os outros países até o centro, Jungsim. Nelas haviam trilhos para os carros e bondes, e Jimin parou perto de uma placa com relógio em cima, onde outras pessoas também esperavam o bonde das 12h20min. Por ser meio-dia, os raios de sol conseguiam achar mais brechas nas nuvens de fumaça sobre o país e incidiam nos metais, criando uma verdadeira panela onde os humanos eram o cozido.

Muitos abanavam leques, carregavam pequenos ventiladores movidos a vapor — Jimin não entendia qual era a vantagem de ter vento se o objeto em sua mão estava literalmente queimando carvão — ou borrifavam água em si mesmos a cada minuto. O mestre de autômatos decidiu outra abordagem: afrouxou sua gravata e tirou o paletó, jogando-o dobrado sobre o ombro, então arregaçou as mangas da camisa branca e segurou sua cartola na mão.

As pessoas que esperavam o bonde junto a ele o olharam enviesado. O povo de Sarang prezava bastante sua civilidade, como se isso os tornasse superiores aos outros países. Havia todo um decoro de vestimenta e educação, que alguns chamavam de cultura, outros chamavam de prisão.

Quando o bonde chegou, algumas pessoas desceram, outras subiram, assim como Jimin, que depositou uma moeda na caixinha para pagar a passagem. Ele ficou na entrada, meio pendurado, porque aquela era outra de suas técnicas: aproveitar o vento causado pelo andar do bonde. Assim como as luzes, os bondes eram elétricos e recebiam energia através de um fio chamado curva do coletor. Era uma nova tecnologia que apenas existia em Sarang e vinha de máquinas enormes que se moviam com os redemoinhos abaixo das pontes. Jimin não a entendia e nem queria, ele estava satisfeito com seus autômatos movidos a vapor. Ou melhor, já havia aceitado que nunca estudaria na universidade e aprenderia a ser um engenheiro de verdade.

Com os cabelos negros balançando e o suor secando, Jimin passou por três pontos até descer, então entrou por umas ruas para chegar à sua, estreita e sem trilho. Passou por roupas estendidas em varandas, pessoas conversando nas calçadas e crianças brincando de algo que apenas elas entendiam. Uma senhora estava terminando de despejar o conteúdo de um balde no bueiro que dava para o oceano quando viu Jimin.

— Oh! Boa tarde, bonitão.

— Eaí, Haneul. — Parou para conversar com ela.

— Já pensou naquela proposta de autômato?

— Você devia arranjar um homem. Seria bem mais fácil e barato.

— Ora, claro que sim, mas o problema é que eu não quero um homem por inteiro, quero só aquela pequena parte especial. Ou melhor, grande parte especial.

Jimin balançou a cabeça e riu, não acreditando nas ideias daquela mulher.

— Não vai acontecer.

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora