00 ¦ batalha secreta

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#DeusesDeMetal

Ele estava correndo na selva

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Ele estava correndo na selva. Não queria morrer. Jeon Jungkook sobrevivia.

Afastou os galhos com seus braços rasgados, expostos pela roupa aos farelos, e sentiu o terreno desigual torcer perigosamente seus tornozelos. Os pulmões queimavam e sua garganta parecia cortada por dentro, a língua pesada de tanto esforço. Os caçadores e cachorros, no entanto, eram mais rápidos que suas feridas de guerra. Os gritos e latidos embaralhavam o cérebro de Jungkook, completamente perdido no meio de tanto verde.

Folhas batiam em seu rosto, ardendo até os ossos, e ele não tinha qualquer noção de onde veio, onde estava e para onde iria. Talvez encontrasse um penhasco e caísse nele até virar uma poça de órgãos e sangue no chão, talvez tropeçasse e seus pulsos quebrassem ao tentar aparar a queda ou os cães finalmente o alcançassem e arrancassem suas panturrilhas ou até mesmo um caçador jogasse uma lança que atravessaria suas costas e sairia sangrenta pelo seu peito.

Se ao menos ainda tivesse suas armas, se ao menos conseguisse respirar!

Então Jungkook sentiu uma picada aguda no ombro e gritou enquanto perdia o equilíbrio e uma dormência se alastrava ao resto do corpo. Desacelerou em suas pernas bambas, caindo de joelhos e mãos na terra, amolecendo inteiramente sobre elas. Sentia as folhas molhadas em seu rosto e seus globos oculares passeando pela cabeça.

Não, não, não, não, não, não, não, não, era tudo que conseguia pensar.

Jungkook foi levantado pelas axilas e jogado com as costas em uma árvore, escorregando no tronco áspero sem sentir os rasgos e sentando torto e debilitado. A substância que o paralisou só o deixava respirar, ver vultos e ouvir o que eles diziam, mesmo que precariamente. Tentou mover os dedos das mãos, mas não os sentia, nem sabia onde estavam.

O fracasso era um monstro que ele não conseguia matar nem escapar. Seu peito expandia e voltava, furioso, pois ali havia quatro pessoas lhe apontando espadas e flechas e dois cachorros enormes que o farejavam.

— Está vendo o jeito que ele olha para nós? Ainda bem que olhar não mata — disse uma mulher.

— É um maldito soldado de Dongjjog — respondeu um homem.

— Como você sabe? Sai daí, seu sarnento! — Um baque e o cachorro ganiu, se afastando. — Ele não tem comida.

Jungkook sabia que estava acontecendo o que mais temia naquela selva: foi pego pelos famosos caçadores de recompensas da selva de Seojjog, que vendiam fugitivos para os jogos mortais das Arenas de Sarang.

— Está vendo as marcas nos braços dele? Foram queimadas a ferro quente sempre que ele atingia um objetivo considerado importante para um soldado.

Jungkook viu um vulto muito grande se aproximar e levantar seu braço direito. Mesmo com o entorpecente ainda fazendo efeito, seu corpo e mente eram treinados para situações de extrema tensão e ele conseguia saber exatamente o que acontecia ao seu redor.

— O que significam essas marcas?

— Não conheço todas, mas essa, por exemplo, é "honra em combate". Temos um herói nas nossas mãos, senhoras e senhores.

— Hmpf. — Jungkook teve seu braço jogado para o lado e, com o efeito paralisante começando a passar, sentiu um pouco de dor. — Não existem heróis na guerra, apenas assassinos. Quantos de nós será que ele matou?

— Provavelmente tanto quanto nós matamos deles — outro homem disse, com a voz mais firme de todos. — Agora chega disso. Amarrem-no antes que o efeito dormente passe.

A guerra tem muitas consequências ruins e uma delas atinge diretamente os soldados pelo resto de suas vidas: eles são obrigados a endurecer seus corações para fazer coisas horríveis, mas quando a guerra acaba e os civis voltam ao normal, os soldados continuam com as memórias do que fizeram. E já não é mais possível voltar ao lugar de onde vieram.

Jungkook queria poder dizer-lhes que nunca gostou de matar inocentes, que foi forçado a segurar uma espada e a sujeira em suas mãos não saia, que as marcas em seu corpo significavam nada para ele, que deserdou de tudo e todos, que apenas estava exausto de sentir, mas ainda assim queria viver.

Desesperadamente, ele precisava viver.

Reviraram seu corpo e amarraram seus membros, depois o jogaram sobre uma larga tábua de madeira e começaram a puxá-lo pela selva. Quando Jungkook recuperou a sensibilidade da pele, percebeu do lugar exato das cordas até a umidade abafada do ar. Percebeu também que ninguém iria salvá-lo. Ou pior, que ele não merecia ser salvo.

— Quando o trem parte mesmo?

— Ao nascer do sol de amanhã. Quantas vezes eu vou ter que dizer isso até que entre nessa sua cabeça cheia de merda?

— Ei, sem brigas. É hora de celebrar. Nós vamos fazer um bom dinheiro com o soldadinho herói. Min Yoongi paga bastante por prisioneiros com experiência em luta.

— Que mundo doido, hein? Há um ano estávamos guerreando por água e agora vamos vender um soldado para o homem que o mandava nos matar.

— Um jeito simplista e errado de descrever nossa guerra.

— Você é muito cabeça de merda mesmo.

Jungkook fechou os olhos. Seu treinamento o ensinou que matar era a solução para o perigo, mas mesmo que tivesse todas as chances de matá-los, mesmo que trincasse seus dentes de raiva, não o faria mais.

Há semanas, quando fugiu do acampamento no meio da noite levando nada mais que a roupa do seu corpo, achou que finalmente pararia de lutar, mas talvez sua batalha para viver só terminasse com sua morte. 

Olá, amores! Que bom que estão aqui

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Olá, amores! Que bom que estão aqui.

Optei por colocar apenas o nome da música e não o vídeo, mas o link da playlist está na minha bio, para quem gosta de música na vibe da história. 

É isso, o prólogo foi bem curto, só para dar um gostinho do que está por vir. Lembrando que é uma história bem nessa pegada de morte e drama, mas vai ter também muita ação, romance, magia e política.

Quero agradecer ao imenso carinho e apoio do capítulo de avisos. Obrigada, vocês são um máximo!

Por favor, não se esqueçam de votar. Isso me ajuda muito.

Xero!

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Où les histoires vivent. Découvrez maintenant