20 ¦ fogo cruzado

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#DeusesDeMetal

Cobre, 04 de Granada de 122 d

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Cobre, 04 de Granada de 122 d.S.

Namjoon estava pensando em Yerim.

Ele costumava ter crises de choro no Centro Comunitário toda vez que ela ficava muito tempo na sua mente, e como era comum que as pessoas de lá tivessem passado por algo pesado, todos ao redor o apoiavam e cuidavam sem perguntar ou exigir qualquer coisa. Eventualmente, foi ficando menos frequente; não ter Yerim em sua cabeça, mas a forma intensa como ele reagia a isso. Ainda não conseguia falar sobre ela com alguém, no entanto doía um pouquinho menos e ele podia focar nos bons pensamentos e memórias de vez em quando.

Estar com a planta que um dia foi o corpo de sua irmã era uma preocupação a menos. Namjoon queria plantá-la, viver rodeada dela, se misturar às folhas até sumir completamente. Porém, quando abriu os olhos, estava na grande biblioteca, abraçado ao vaso e sentado numa poltrona em frente ao sofá que Hoseok dormia depois de uma pequena cirurgia. Na verdade, chamar de cirurgia era exagero, Namjoon pensou. O braço direito do ruivo estava sobre uma mesinha de centro e enfaixado do cotovelo para baixo depois do médico tirar todos os pedacinhos de ossos que haviam fraturado e juntar o rádio ao carpo, enquanto a ulna estava quase intacta, pelo que ele pôde ver na pouca luz. As articulações da ligação entre metacarpo e falanges proximais de todos os dedos da mão direita, menos polegar, também estavam feridas, assim como a carne sobre elas.

Jungkook e ele haviam achado outra sala, que servia como enfermaria particular, e levaram alguns equipamentos e analgésicos feitos de ópio. De resto, Namjoon estava confiando na masul da planta azul transformada em pasta e aplicada tanto sobre as feridas quanto mastigada por Hoseok para reconstruir os ossos e impedir infecção. Ele nunca tinha feito isso antes então tinha que mentir quando dizia aos outros que isso com certeza funcionaria.

— Doutor, tudo bem?

Namjoon olhou para o lado e encontrou Jungkook agachado atrás da barreira de livros que ele fez para ninguém se aproximar. Ele havia ficado ali o tempo todo, como um apoio silencioso e firme.

— Sim. Apenas estou cansado.

— Por que não dorme? Posso vigiar.

O médico negou com a cabeça e se recostou na poltrona.

— Se eu dormir, sinto que acordo apenas daqui um dia. E está perto de amanhecer. Vou precisar me esconder quando o exército invadir o lugar.

Ele tinha ciência de que não havia explicado nada para Jungkook, mas o rapaz não parecia se importar com isso. Apenas protegia quem havia salvado a vida de seu amigo. Jungkook olhou para trás, para os outros prisioneiros e guardas que haviam entrado em uma trégua temporária.

Há algumas horas, invasores haviam chegado na biblioteca e a chefe dos guardas impediu os seus de agirem como polícia. O trabalho deles era não deixar nenhum prisioneiro fugir e apenas isso. Então os invasores compartilharam as notícias de fora, que foi o que causou a trégua na biblioteca.

imperfeitos: deuses de metal ; livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora