Meus pulmões queimavam, e a dor latejante em minha perna tornava cada passo uma tortura. A floresta, escura e sinistra, parecia se estender até o infinito. O silêncio era assustador, quebrado apenas pelo som dos meus próprios passos e pela minha respiração ofegante.
Enquanto eu corria, senti o gosto metálico do sangue na boca. Eles me pegaram, ou melhor, suas flechas envenenadas o fizeram. No entanto, enquanto minha visão começava a embaçar e as árvores dançavam à minha frente, eu sabia que tinha uma vantagem: a imunidade que conquistara desde criança.
Cuspi um pouco de sangue no chão, uma mistura escura que brilhava à luz fraca do sol. Com cada passo, minha mente trabalhava em busca de uma saída, uma maneira de escapar de meus perseguidores.
Foi quando o vi, emergindo das sombras das árvores. Um homem alto, vestido em trajes reais, sua expressão indecifrável enquanto seus olhos se fixavam em mim.
Ele não era um soldado comum; havia algo de majestoso em sua postura, algo que me fez parar no lugar. O rei, pensei, e a mera ideia fez meu coração acelerar.
Ele se aproximou de mim, sem pressa, e por um momento, pensei que minha hora havia chegado. Eu, uma mera camponesa do Setor 5, prestes a encontrar meu destino nas mãos do monarca.
Mas, em vez disso, ele me encarou atentamente, avaliando cada detalhe do meu rosto e vestimenta.
— Quem é você? — Sua voz ecoou pelo ar, suave e inquisitiva.
— Ninguém importante, senhor. — Respondi, tentando esconder a dor em minha voz. — Apenas uma garota do Setor 5.
Ele continuou a me observar, como se buscasse algo em meus olhos.
— Eu preciso de alguém como você.
A imunidade que conquistei a venenos e meu passado naquele lugar sombrio eram segredos que eu sempre mantivera guardados. Mas naquele momento, diante do rei, eles se tornaram minhas maiores armas.
— Precisa de quê? — Perguntei, minha curiosidade superando a dor.
Ele sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos.
— De alguém que possa ocupar o lugar da minha filha. — Ele respondeu, seus olhos nunca se desviando dos meus.
A proposta do rei pairou no ar, e eu permaneci atônita, incapaz de compreender plenamente o que ele acabara de dizer. A ideia de ocupar o lugar da filha do monarca era absurda, surreal. Eu não tinha ideia do que havia acontecido à princesa, mas a seriedade e a urgência na voz do rei eram inegáveis.
— Minha filha... ela não está mais entre nós — o rei continuou, sua voz carregada de tristeza e dor. — E o lugar que era dela não pode ficar vazio. Preciso de alguém que possa preencher esse vazio, alguém que tenha a beleza que minha filha tinha.
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Trono de Sombras e Prata
Fantasy"Elysia Winters, tão sem esperança, tornou-se tão insensível. Lentamente caindo na escuridão de uma terra onde tudo é cruel, onde o vilão se tornou seu herói." Este livro é uma obra de ficção original, criada a partir da imaginação do autor. Qualque...