Capítulo 12

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SAMANTHA

Quando eu conheci o Diogo, a gente se conectou de uma forma que eu nunca imaginei que seria possível, até descobrir que ele era traficante. Não vou negar, no começo não entendi como um bandido podia me tratar tão bem, sempre ouvi histórias de mulheres de traficantes que passavam por coisas horríveis, coisas essas que eu não queria nunca passar, mas com ele eu me sentia bem, me sentia segura e ele fazia de tudo pra me ver bem e feliz. 

Pouco tempo depois ele já me pediu em namoro e deixou claro que nosso namoro já ia ser como um casamento, eu fiquei feliz, o que eu mais queria era viver ao lado dele. Assumi tudo que sentia pra minha família e no começo foi tudo mil maravilhas, até meus pais descobrirem que ele era bandido e não aceitarem. Tentei muito manter eles na minha vida, ter as pessoas que eu mais amo ao meu lado, mas foi impossível quando meus pais mandaram eu escolher se queria realmente manter nosso relacionamento, e quando eu disse que sim, eles me mandaram ir morar com ele porque eles não iam se arriscar.

Sai de casa e fui pro morro, o tratamento continuou o mesmo, ele movia o mundo para mim. Casamos lá mesmo, já que ele não pode ficar dando bobeira no asfalto, foi tudo lindo. Depois de um tempo casados eu engravidei, passei muito mal na gravidez e ele me deu todo apoio, foi quando descobrimos que o nosso Henry estava à caminho, ele ficou todo feliz em descobrir que era um menino, como ele dizia, seu herdeiro. Mas como nada é perfeito, pouco depois invadiram o morro, mataram quem estava cuidando de nós dois e arrancaram o Henry aos prantos do meu braço, todas as vezes que lembro disso meu coração sangra. Deram uma surra em nós dois, mas eu não me lembro de muita coisa, já que desacordei e só fui acordar depois de alguns dias. 

Quando acordei, tive a pior notícia da minha vida. Meu filho tinha sido morto pelos rivais do meu marido, já tinha sido enterrado e eu não pude nem me despedir. Me senti a pior mãe do mundo em não conseguir proteger o meu amor, e então, pela primeira vez, me arrependi de ter me envolvido com um traficante. Não por ele, definitivamente, mas sim por todo o risco que essa vida nos proporciona, que acabou tirando a melhor parte de mim, de nós, nosso filho que foi tão desejado e tão amado.

Nunca gostei da amizade da Victória com Diogo, não tinha ciúmes dela sexualmente falando, mas meu ciúmes era da intimidade deles. Ele encontrava com ela pra falar sobre a vida dele, muitas vezes coisas da nossa relação, e isso sempre me irritou. Até que eu pedi pra ele se afastar um pouco dela e ele aceitou por ver que aquilo não estava fazendo bem pra mim, mas fez questão de que ela fosse madrinha do Henry, e não posso negar, ela sempre cuidou muito bem dele e isso me deixava tranquila. Mas quando eu descobri que ela pode se despedir dele e eu não, eu surtei e não queria ver ela nem pintada de ouro mais.

Depois de tudo que passamos nossa vida mudou, ele vive mais na boca do que em casa, fica indo em festas sem se importar se quero ou não ir e, algumas vezes, ele some. Já aconteceu de ficar dois dias sem aparecer em casa, sem atender o telefone e sem dar sinal de vida. No fundo, eu sinto que ele as vezes me trai, mas não posso afirmar nada porque ele nunca deixou rastros.

Esses últimos dias estávamos vivendo da melhor forma, há muito tempo não era tratada tão bem, mas minha vontade de ser mãe novamente estava cada vez mais forte, só que toda vez que ia tocar nesse assunto com Diogo ele era ignorante e me tratava mal. Até que da ultima vez me mandou pra fora do morro, passar uns dias num hotel do asfalta com a Thais, uma amiga minha que está sempre do meu lado. Fui com raiva, mas fui, aproveitar pra pensar o que fazer da minha vida, sem família, sem filho e com um marido cada vez mais distante.

Até que recebo uma foto de um número desconhecido, quando abro era o Diogo puxando o braço de uma amiga da Victória que estava lá no morro esses dias. Não vou negar, a mulher era linda, e isso me deixava mais insegura ainda. Arábia nunca foi de ficar trocando ideia com mulher nenhuma a não ser a Vick, então aquilo me bateu uma neurose e me fez lembrar dela me respondendo no baile. Pra que? me subiu um ódio que comecei a mandar mensagem pra ela e pra ele, me descontrolando totalmente.

Apesar de tudo, morro de medo de perder aquele vagabundo, ele é tudo que eu tenho e o meu sentimento por ele ainda é o mesmo. Ele me respondeu super ignorante e a Lara me bloqueou, o que me deu mais ódio ainda. Fomos pra área da piscina e começamos a beber de tanta raiva que eu estava sentindo, misturei todas as bebidas que tinham naquele lugar, mesmo Thais mandando eu pegar leve. Quando fiquei fora de mim, chamei a vagabunda da Lara pelo número da minha amiga, que não respondeu, então descobri onde ela morava e fui até a porta dela e mandei foto, ameaçando. Ela me bloqueou e voltei pro hotel, eu estava muito bêbada, não aguentava ficar em pé direito e muito mal com tudo que estava acontecendo na minha vida. 

Quando foi mais tarde, Diogo mandou um de seus homens nos buscar e eu fui, Thais estava calada, não sei o que ela estava pensando, mas eu estou pensando em matar aquele desgraçado. Quer me mandar pra fora do morro pra poder ficar de graça com piranha.










Entregue à LoucuraWhere stories live. Discover now