Capítulo 13

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ARÁBIA

Não consegui pregar o olho essa noite, pensando na merda toda que está acontecendo. Marquei a reunião com todos que trabalham pra mim, preciso mudar algumas coisas sobre o pagamento das outras bocas, que ficam lá do outro lado, tem alguém roubando e achando que estou dormindo nessa porra. 

Além disso temos invasão pra planejar, se aqueles cuzão da Parada de Lucas estão achando que vão ficar rondando o morro e não vai dar em nada, estão muito enganados.

E além de todos os problemas do tráfico, ainda tem a Samantha que está maluca, morrendo de ciúmes de uma mulher que vimos pela primeira vez esse final de semana, bebendo como nunca, querendo outro filho e fazendo coisas que ela sabe que não gosto. Mulher minha tem que ter postura nessa porra, independente de tudo que tá sentindo. Quer quebrar o pau? beleza, mas espera chegar em casa.

Levantei do sofá e fui passar um café, o dia hoje vai ser longo. Enquanto a água fervia, fui no quarto pra tomar uma ducha rápida, quando abri a porta Samantha já estava sentada na cama olhando pro nada, como ela faz todas as manhãs.

- Só vou tomar uma ducha e estou saindo, vou voltar só a noite e quero que tu use o dia de hoje pra repensar em todas as suas atitudes, se prepare também porque vamo bater um papo quando eu chegar. Não é pra sair pra lugar nenhum, tá me ouvindo? - Parei na porta do banheiro olhando pra ela que só balançou a cabeça positivamente.

Ótimo!

Tomei o banho e quando sai ela já não estava mais na cama, desci e ela estava passando o café. Entrei na cozinha, tomei uma xícara, agradeci e sai fora.

Quando cheguei na boca principal estava uma falação danada.

- Que porra é essa? - já cheguei gritando.

- Ih, o chefe hoje tá nervoso - Caneta deu risada me olhando - relaxa princesa.

Fechei a cara pra ele e dei um soco no seu braço, o que fez com que ele gargalhasse. Filho da puta.

- Daqui 5 minutos começa a reunião, quero geral lá na minha sala as 10 em ponto.

Fui pra minha sala e organizei as papeladas. Grilo chegou já entrando.

- Qual foi dessas reuniões que tu nem deu o papo, paizão? - fiz o toque com ele.

- Sobre os assuntos que já estava sendo tratado entre nós - respirei fundo sentando na minha cadeira - os filho da puta da Parada de Lucas rondando o morro, possível invasão, treinamento e principalmente os viado lá do outro lado que tão roubando a boca e acha que estamos dormindo.

Ficamos conversando até o pessoal começar a chegar, minha sala ficou pequena pra esse tanto de homem, cada um se espremeu e alguns ficaram no corredor, me levantei e comecei a falar em alto e bom som.

- Gostaria de falar que temos muitos assuntos para tratar, mas um vou deixar por ultimo e quero que fique só os responsáveis pelas lojinhas da boca 09, 12 e 16 - os que eram responsáveis já se entreolharam com os olhos arregalados, já to pegando a maldade em alguns e acham que eu entrei ontem pra essa vida.

- Antes de qualquer coisa quero falar sobre o treinamento, tô sentindo que tem uns entrando agora e uns que são antigos precisando de mais treinamento - passei a mão no cavanhaque - isso é um erro meu de não tá cobrando mais, mas agora eu vou acompanhar de perto todos os treinamentos, desde o combate, até a endola, não quero neguinho vacilando nem perdendo droga na hora de embalar e muito menos perdendo a vida, entrou pra vida sabendo que pode não voltar pra casa, mas a meta é voltar vivo e o mais inteiro possível. Uva e Fumaça vão ficar responsáveis pelo treinamentos, eles vão me dar todo o planejamento até final da semana, pra nós já organizar essa parada. Alguma dúvida? - todos negaram com a cabeça.

- Ótimo! Próximo assunto a ser tratado é os filha da puta da Parada de Lucas rondando o morro, achando que estamos dormindo aqui dentro - olhei pra cara de cada um, e os mesmo que arregalaram o olho sobre o roubo das lojinhas, vacilaram o olhar - então quero geral preparado, dia e noite, noite e dia, para uma possível invasão desses cuzão, nós não vamos fazer nada, só vamos nos preparar pra caso eles façam. Dúvidas?

- O patrão, mas tu não acha melhor nós invadir lá e tentar tomar? - um dos que vacilaram o olhar perguntou, ta fedendo a cagueta.

- Não, vamo ficar na espera, preparado, não tô afim de confusão - menti, depois vou conversar disso com Grilo e vamos invadir essa porra com toda certeza.

- E não vai chegar mais armamento pra nós não? lá do outro lado nós não tamo tão forte assim - falou um dos responsáveis da boca lá perto da mata.

- Não, o que nós temos da pra bater de frente - mentira, vai chegar carregamento essa semana ainda, mas também não vou falar na frente desses cuzão, tudo com cara de X9.

Depois da minha resposta começou uma falazada na sala que parecia um bando de criança.

- Vamo calado a boca ai - gritei e eles pararam - no mais é isso aí, se tiver alguma outra conduta a seguir eu informo cada um. Tirando o pessoal das lojinhas que já falei, estão liberados.

Geral foi saindo e só ficaram uns 12 caras. Dos 12, 3 estavam me cheirando a X9 e o engraçado é que cada um é de uma das bocas que tá faltando grana. 

- Vocês já devem imaginar do que se trata, mas pode ficar lá na endola até a reunião da tarde, quero conversar com os responsáveis de todas as três lojinhas juntos. 

- Mas quem vai ficar lá então pô? - o que mais me cheira a cagueta falou.

- Preocupa com isso não que das minhas bocas eu tomo conta, e muito bem por sinal - ele fechou a cara. 

Enquanto todos estiverem aqui, vou mandar os meus de confiança pra dar uma geral lá nas bocas 09, 12 e 16, cansei de ser bonzinho pra todo mundo, tem que fechar no 10/10 comigo, se for no 9 já não rola.

Resolvi algumas coisas até as 14h, quando chegou a outra parte do pessoal. Falei exatamente as mesmas coisas, pedi pros meninos da lojinha ficarem também e enquanto eles esperavam chamei o Uva e o Fumaça pra falar sobre o treinamento. Tudo mais ou menos alinhado, chamei os 36 caras que estavam me esperando, preciso diminuir essa quantidade também. 

- Acredito que muitos aqui sabem do que se trata - alguns realmente não faziam ideia, mas eu não ia deixar eles trocar ideia antes pra saber - tem droga, dinheiro e armamento sumindo, das três lojinhas, quero saber quem tá sumindo essa desgraça e pra onde tá indo.

- Não to sabendo de nada não patrão - um dos que realmente não fazia ideia falou.

- Tô ligado, mas tem pelo menos 6 aqui que sabem, se esse número não for maior - sentei na minha cadeira - e eu tô dando a chance de falar e de agir na pureza pelo menos uma ultima vez, senão vai os 36 pagar por um bagulho que sei que alguns não fazem ideia do que tô falando.

- Mas ai não pô - outro se pronunciou - eu não sei de nada, tenho família e vou pagar por erro dos outros? 

- Também tô ligado que isso não é justo, por isso que eu tô dando a oportunidade de se pronunciarem antes de qualquer merda acontecer - respirei fundo - eu vou dar 24h pra quem é responsável vir até mim e falar, caso contrário é os 36 pagando, no crime eu até tento ser justo, mas ninguém colabora - falei rindo debochado.

- Estão liberados, quem tiver de plantão já volta pra boca que se não vou descontar no salário de todos.

Fiquei o resto do dia resolvendo merda na boca, conversei com os três que mandei revirarem as bocas, alinhei mais algumas coisas com Uva e Fumaça e por fim tomei algumas decisões com o Grilo. Sai da boca já era quase nove da noite, tava cansado, comi só um salgado que mandei os meninos buscarem pra mim, então tava morrendo de fome também, e cheio de merda ainda pra resolver em casa, tomar no cu viu.

Entregue à LoucuraWhere stories live. Discover now