Capítulo 27

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LARA

No dia seguinte acordei e minha mãe já estava tomando café da manhã na mesa da sala, fui até ela, dei um beijo em seu rosto e ela me olhou com cara de preocupada.

- Porque está com o olho inchado assim, minha filha? - me analisou enquanto levava a xícara de café até a boca, dando um gole no líquido.

- Ontem de madrugada eu fiz o teste, mãe - ela me olhou séria e colocou a xícara de volta na mesa, como se já soubesse o que eu iria falar - e a senhora estava certa, tu vai ter um netinho ou uma netinha - dei um meio sorriso passando a mão pela minha barriga mas com os olhos cheios de lágrimas, eu definitivamente não estava feliz com essa novidade, mas não quero que ela guarde essa recordação do primeiro, e muito provavelmente único neto que ela terá.

- Que notícia boa minha filha - levantou e veio me abraçar, nesse momento não aguentei e voltei a chorar piedosamente - o que foi Larinha, não está feliz com essa notícia?

- Sinceramente, mãe? - ela me olhou com olhar triste e colocou a mão na minha barriga, fazendo meu estômago revirar, mas respirei fundo e evitei um episódio de vômito matinal - nem um pouco, e na verdade não sei se algum dia vou ficar - suspirei chorando ainda mais.

Ela apenas balançou a cabeça em concordância, respeitando meu momento e não tentando me alegrar com essa notícia inesperada. De repente ela se abaixou ficando com o rosto na altura da minha barriga e depositou um beijo ali, acariciando e começou a conversar com ela.

- Sua mãezinha está assustada, ela não estava esperando por essa notícia, ainda mais agora que está brigada com seu pai - depositou outro beijo - mas eu sei que no fundo eles se amam, só não tiveram tempo de perceber isso porque tudo aconteceu muito rápido na vida deles, não vou falar que fico feliz sabendo que teu pai é quem é e o que ele faz, mas respeito a decisão da sua mãe de ter se envolvido com ele mesmo sabendo - limpou uma lágrima que escorreu por sua bochecha - mas eu sei que com o tempo sua mãe vai gostar da ideia, vai pensar em contar pro seu pai, que por mais que fale que não quer ter mais filho, tenho certeza que vai ficar muito feliz com a notícia, então não desiste da gente, meu amor - deu mais um beijo - fica firme ai e aguenta a mamãe passar por esses hormônios do início que deixam a gente doida, que eu tenho certeza que você vai ser muito amado, meu pacotinho.

Ela se levantou e depositou um beijo na minha testa.

- Acho que todo o espaço que eu te dei até hoje para resolver sua vida vai ter que ser quebrado e vamos ter que sentar e conversar como adultas, Lara - olhou nos meus olhos - agora não é mais sobre o que é bom pra você, mas sim pra vocês, e isso não é negociável.

- Eu sei, mãe - eu me sentia frustrada - podemos ter essa conversa mais tarde? Acredita que o Diogo pediu a mão da Samantha em casamento essa madrugada no baile que teve lá pelo Complexo? 

- Mais um motivo pra sentar e conversar sobre tudo, fugir como eu tenho permitido você fazer todo esse tempo não é o certo e você sabe disso - me disse oferecendo toda sua compaixão - mas mais tarde conversamos, descansa e tenta colocar a cabeça no lugar, sei que é muita informação, mas pensa sempre no que é o melhor pra você e pra essa criança.

Sentei a mesa e tomei meu café da manhã junto dela, conversamos sobre outros assuntos e depois ela disse que daria uma saída, mas voltava com almoço e depois do almoço não teria mais pra onde correr, teríamos que conversar.

Aproveitei esse tempo sozinha para pensar em tudo que tem acontecido na minha vida de um tempo pra cá. Se eu soubesse que uma ida ao morro para encontrar com Victória causaria tanta coisa na minha vida, não teria ido, mas é isso, as coisas são como tem que ser.

Entregue à LoucuraOnde histórias criam vida. Descubra agora