Capítulo 17 - Irmão Protetor

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Depois das minhas criadas fazerem milagres com a maquiagem e conseguirem esconder as marcas que Clarkson deixou na noite passada, eu me arrumo e desço para tomar o café da manhã junto de todos. A primeira coisa que noto é que ainda falta uma Selecionada, America ainda não foi encontrada. Não imagino o que esteja se passando na cabeça de meu irmão agora, tendo que se preocupar tanto com o desaparecimento dela, como com tudo o que aconteceu ontem envolvendo o rei.

Para minha sorte (ou não), além de me ignorar (como ele já fazia desde que eu nasci), Clarkson aparentemente não suporta nem ficar no mesmo cômodo que eu. Assim que todos me veem entrar e me sentar ao lado de mamãe na mesa, ele prontamente se levanta e sai dali. As meninas Selecionadas felizmente não parecem estar preocupadas comigo nem parecem ter notado nada de muito diferente, bom, todas menos Celeste. Por outro lado, sinto olhares muitíssimo preocupados de mamãe, Maxon e Celeste. 

Todos comemos em silêncio. Eu na verdade mal como, não consigo sentir fome depois de ontem à noite. Além da falta de fome, o pouco que consigo comer é o suficiente para me deixar enjoada. Me levanto sem me despedir de ninguém, e faço o maior esforço para fingir não estar passando mal, dando somente passos rápidos até a porta. Posso imaginar minha mãe, meu irmão e Celeste trocando olhares discutindo silenciosamente quem é que vai verificar como eu estou. Assim que ninguém deles consegue me ver, cubro minha boca com uma das mãos e corro o mais rápido que posso até meu quarto, não paro até chegar no banheiro e começar a vomitar meu café da manhã. Sinto alguém prontamente segurando meu cabelo longo para que não suje de vômito. É Leah. 

Assim que termino de vomitar, respiro fundo, tentando controlar o enjoo que ainda não passou. Me sento no chão do banheiro, que me traz certo conforto por estar gelado, e me encosto na parede, fechando os olhos. Ouço Leah ligar a torneira, logo depois sinto um pano úmido sendo passado em minha boca. 

Nós duas ouvimos a porta do meu quarto abrir e fechar. Alguém entra. Ouço vozes, provavelmente uma delas é Aria, mas a outra nem tento escutar quem é. E então alguém bate delicadamente na porta do banheiro. 

Abro os olhos e olho para Leah, que também me olha, querendo saber se ela pode deixar entrar quem quer que esteja do outro lado da porta. 

- Tudo bem, Leah. Pode abrir. - eu digo. 

Ela larga o pano úmido no balcão da pia e abre a porta. Maxon entra. Ele me olha preocupado, mas percebo também um olhar protetor. Ele se agacha na minha frente e põe uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. 

- Deixe que eu cuido dela, Leah. - Maxon diz. 

Leah hesitantemente sai do banheiro, sem fechar a porta. Maxon senta no chão, ele não pensou nem duas vezes em cuidar de mim, sem ligar para o cheiro de vômito que exala do banheiro. Ficamos os dois sentados no chão, sem falar nada. Eu olho para o chão, não conseguindo o olhar nos olhos agora. 

- Por que você não me contou, Max? - eu pergunto em voz baixa, me referindo ao fato de ter descoberto que Clarkson bate em meu irmão. 

Ele sabe do que estou falando, óbvio que sabe. Fica alguns segundos em silêncio, provavelmente pensando no que dizer. 

- Não queria preocupá-la. - ele começa. - Sei que você e ele nunca tiveram uma relação boa, fiquei com medo de você fazer algo impulsivo se eu lhe contasse isso. 

Ele tem razão em ter medo disso, eu também não sei o que teria feito se tivesse descoberto de outra forma. 

Ainda em silêncio, vejo ele se levantar e pegar outro pano e umedecê-lo na água, e então começa a passar em meu rosto delicadamente, o que me traz uma sensação de alívio imediata. 

- Não prefere descansar na sua cama? - ele pergunta.

Eu afirmo com a cabeça, mas estou meio tonta por conta do enjoo e da barriga vazia. Ele parece notar minha fraqueza, e então me ajuda a levantar, me pega no colo e me leva até minha cama, me largando com delicadeza. Agora deitada na cama, bem mais confortável que antes, ele se senta e se acomoda do meu lado. 

A porta do meu quarto se abre novamente e Aria entra, me trazendo um chá. 

- Achei que o chá poderia ajudá-la a se sentir melhor. - ela diz, se aproximando de mim e me entregando a xícara cuidadosamente.

- Muito obrigada, Aria. - eu digo, pegando a xícara das mãos dela e me sentando para poder tomar. 

Aos poucos tomo o chá, a cada gole já sinto uma pequena melhora. Assim que termino, Aria recolhe a xícara e sai do quarto. Agora Maxon e eu estamos sozinhos. 

Apesar do chá me fazer me sentir melhor, também me dá muito sono. Eu deito na cama e sinto meus olhos ficarem pesados. Ouço Maxon se mexer ao meu lado, o que me faz rapidamente segurar sua mão, o impedindo de sair.

- Max, você pode ficar comigo, pelo menos até eu adormecer, por favor? - eu peço, a voz já fraca. - Não quero ficar sozinha. 

- É claro, Kitty. - ele diz suavemente. 

Me sentindo segura sabendo que não estarei sozinha é que me permito fechar os olhos. Sinto Maxon se movimentar na cama, e então sinto ele me dar um beijo delicado na testa. Logo depois sinto ele tirando os sapatos que estou usando. 


A Princesa de IlléaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora