Capítulo 27 - Coragem

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Nós quatro da família real saímos pela mesma porta lateral que entramos. Estando somente na presença de nós três que Clarkson resolve falar. 

- Aquela garota burra! - ele quase grita. 

- Clarkson... - mamãe o repreende. 

- Eu acho que ela estava completamente certa. - eu murmuro, não esperando que nenhum deles me ouça.

Eu estava muito enganada. Os três viram para mim, mamãe e Maxon com olhos arregalados, Clarkson extremamente furioso. 

- Como é que é?! - ele diz, sua voz me faz arrepiar, prefiro que ele grite comigo do que use essa voz que dá medo em qualquer um. 

Ele dá um passo para a frente, se aproximando de mim. Dessa vez eu não recuo. 

- Você arquitetou isso para America. Sabe muito bem que a sentença é injusta. - eu tomo coragem de dizer. Engulo em seco antes de continuar. - Você a odeia desde o primeiro dia.

Quando ele dá mais um passo para chegar perto de mim, mamãe o segura pelo braço, com medo do que pode estar prestes a acontecer.

- Você não tem o menor direito de falar assim comigo! - seu tom de voz aumenta, ele está quase gritando. - SUA VADIA!

E então antes que ele possa fazer qualquer outra coisa eu me pego fazendo algo que nunca imaginei fazer em toda a minha vida. Eu levanto a mão e dou um tapa no rosto de Clarkson. Só me dou conta da minha ação depois que ouço suspiros de susto vindos de Maxon e de minha mãe e depois que vejo Clarkson com um expressão de completo choque, não esperando que eu fizesse isso, pondo uma mão na bochecha em que eu dei o tapa. Eu recolho o braço que dei o tapa e cubro a minha boca com as duas mãos, sem acreditar no que eu acabei de fazer. Vejo em seus olhos que ele está prestes a fazer alguma coisa comigo.

Silvia é minha salvadora. Ela chega antes que o rei possa fazer qualquer coisa. Ela nos leva até onde as Selecionadas estão. Clarkson me lança um último olhar, um olhar que jamais esquecerei de tão frio e cruel que é, antes de voltar a olhar para Silvia e a seguir. Mamãe, eu e Maxon os seguimos logo atrás. Sinto o braço de mamãe em volta da minha cintura, um gesto de proteção.

Clarkson abre as portas da sala em que as meninas da Elite estão com força, no momento em que America grita:

- Talvez as regras estejam erradas!

Mamãe, Maxon e eu esperamos no corredor. Ele dá passos furiosos até America, a agarra pelo braço e a arrasta para fora da sala, em direção ao corredor em que estamos.

- Para onde está me levando? - America pergunta, vejo medo em seus olhos.

Meus olhos encontram os de Celeste. Ela se abraça, como se estivesse tentando se proteger. 

- Clarkson, não aja sem pensar - mamãe o aconselha.

Clarkson leva America até uma sala, nós três seguimos logo atrás. Ele a atira contra um sofá, a forçando a se sentar. 

- Sente-se - ele ordena.

Ele começa a andar em círculos, praticamente bufando de raiva. De repente ele para e encara Maxon.

- Você jurou! Você disse que ela estava sob controle. Primeiro, aquela loucura no Jornal Oficial; depois, quase causou sua morte no telhado. Agora isso? Isso acaba hoje, Maxon.

-  Pai, o senhor ouviu os aplausos? As pessoas gostaram da compaixão que ela demonstrou. Ela é seu principal recurso no momento.

- Como é? - sua voz soa mortal.

- O público reagiu positivamente quando ela aconselhou as pessoas a se defenderem. Ouso dizer que ela é o motivo de não termos mais mortos. E hoje? Pai, eu mesmo não poderia mandar para a prisão perpétua um homem que cometeu um crime insignificante. Como o senhor podia esperar isso de alguém que já viu vários amigos serem flagelados por muito menos? Ela é autêntica. A maioria da população pertence às castas inferiores, e por isso se identifica com ela.

A Princesa de IlléaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora