Capítulo 21 - Novo ataque

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Os outros dias são relativamente tranquilos. Nos dias em que Celeste não adormece ao meu lado, Aria ou Leah ficam encarregadas de me fazer companhia, pelo menos até eu dormir. E elas também ficam encarregadas de sempre estarem no quarto antes de eu acordar, para que eu não acorde completamente sozinha. 

Hoje é mais um dia do Jornal Oficial de Illéa. Não estou muito por dentro do que está programado, só ajo como sempre: sou vestida, maquiada e arrumada para o programa. Assim que chego lá vejo que eu sou a última que falta. Todos já estão aqui, as Selecionadas, minha mãe, o rei e Maxon.

Logo que o programa começa sou lembrada do que se trata: as Selecionadas têm que apresentar suas propostas relacionadas ao governo. Presto atenção à proposta de Elise, que se trata da criação de um programa de troca de cartas entre membros das castas superiores com pessoas da Nova Ásia. A proposta de Kriss é sobre a reforma do ensino público. Percebo que ao terminar sua apresentação Maxon a olha, fazendo um sinal de aprovação com a cabeça, o que a faz corar. A proposta de Celeste se trata de haver um salário mínimo para as castas inferiores. E então America se levanta para apresentar sua proposta. 

- Boa noite, Illéa. Hoje, me dirijo a vocês não como membro da Elite, não como uma Três ou uma Cinco, mas como uma cidadã, uma igual. De acordo com a casta de cada um, a experiência neste país é diferente, tingida de tons bastante definidos. Digo isso por mim mesma. Mas não foi senão recentemente que descobri o quão profundo era meu amor por Illéa. Apesar de ter sido criada em meio à escassez de comida e eletricidade; apesar de ver entes queridos serem obrigados a assumir, com poucas esperanças de mudança, tarefas de que somos incumbidos desde o nascimento; apesar de ver diferenças entre mim e as outras pessoas por causa de um número, muito embora não sejamos tão diferentes assim, apesar de tudo isso, amo este país. Eu proponho que eliminemos as castas.

Ouço várias pessoas em choque. America nunca me decepciona, não sei como Maxon não acaba logo a Seleção. 

- Sei que houve um tempo em que nosso país era novo, quando a atribuição desses números ajudou a organizar algo que estava a ponto de desaparecer. Mas não somos mais aquele país. Somos muito mais agora. Permitir que pessoas incapazes tenham inúmeros privilégios e suprimir aqueles que poderiam ser as mentes mais brilhantes do mundo em nome de um sistema arcaico de organização é algo muito cruel. Apenas nos impede de sermos melhores, de chegarmos ao nosso máximo.

America fala mais algumas coisas antes de terminar.

- Talvez nosso país tenha falhas, mas não podemos negar sua força. Temo que, sem mudanças, sua força estagnará. E amo demais nosso país para deixar isso acontecer. Tenho esperanças demais para deixar isso acontecer. Obrigada pelo tempo de vocês.

Ela então se vira para nós, da família real. Acho que sou a única com uma expressão positiva no rosto. Maxon parece petrificado, mamãe decepcionada, e Clarkson a encara com raiva. 

Eu faço um sinal de aprovação para America para ajudá-la a não perder a compostura agora. Isso parece ajudar a não abalar sua confiança.

- E como você sugere que eliminemos as castas? - o rei a desafia. - Simplesmente as removemos?

- Bem... não sei.

- E você não acha que isso causaria tumultos? O caos completo? Daria oportunidade para os rebeldes tirarem vantagem da confusão geral?

- Acredito que a criação das castas tenha gerado uma confusão considerável. Mas sobrevivemos. De fato - ela põe a mão em uma pilha de livros. -, tenho uma descrição aqui.

Reconheço o livro que ela tem na mão. O diário de Gregory Illéa.

- Estamos fora do ar? - Clarkson grita.

A Princesa de IlléaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora