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Leticia

Acordei cedo com o meu celular despertando, voltar para a rotina de trabalho. Julia estava a na minha cama, me levantei indo pro banheiro.

Entrei no box e fiquei debaixo do chuveiro, deixando a água quente escorrer no meu corpo, tomar banho me deixava leve, parecia que todos os problemas iam embora, é assim que lido com minhas coisas, dormindo e tomando banho.

Depois de fazer todas as minhas higienes eu saí do banheiro enrolada na toalha, abri meu guarda roupa pegando as roupas e me vestindo, voltei pro banheiro e fiz uma maquiagem básica.

Peguei minha bolsa e meu celular e saí do quarto fechando a porta devagar.

— Bom dia tia —Me sentei de frente pra ela na mesa.

— Bom dia Lê, você tá bem? —Ela me perguntou meio desconfiada.

— Tô sim —Nem eu sei mais— E a senhora?

— Tô bem, coma logo antes que você se atrase.

Fiz o que ela disse, me apressei e comi rapidinho ali com ela, subi pro quarto novamente pra escovar os dentes, desci, dei um beijo na tia e saí de casa.

Depois de longos e longos minutos eu cheguei na empresa, fui pro meu setor e me sentei na cadeira, confesso que estou estranha, me sentindo longe, agoniada, apressada, sei lá.

— Bom dia Lê —Disse a Aline.

— Bom dia Line —Sorri para ela.

— Trouxe uma coisa pra você —Ela me entregou um caixinha de donuts.

— Obrigada —Sorri pra ela, ela me mandou um beijo e saiu.

Abri a caixa que estava na minha mão, era um donuts grande, de chocolate branco e preto, vou me acabar com isso, queria mesmo um doce.

Durante o dia, como sempre passando muitas pessoas por aqui, mas hoje, uma mulher bem bonita veio pra cá, com umas roupas bem bonitas, cabelão ruivo, bem chique. Fiquei de boca aberta, pra piorar a situação ela passou na hora que eu estava me lambuzando com o donnuts.

— Oi Leticia, tudo bem com você? —Era o rapaz que ofereceu carona, nem sei o nome dele.

— Bem sim, e você?

— Estou bem.

— Como é o seu nome mesmo?

— Ryan —Ele riu, o sorriso dele é bonito.

— Então, o que deseja? —Perguntei

— Só jogar conversa fora mesmo, estou atoa ali agora.

— Entendi, você faz o que aqui mesmo?

— Administro as reuniões, você é bem avoada né? —Olhei sem entender.

— Ué, não entendi —Ele riu.

— Sempre te vejo, sei o que você faz, e você não sabe nada de mim.

— É que eu estou aqui para trabalhar né —Dei uma risadinha pra não parecer grossa e ele ergueu as mãos em forma de rendição.

— Foi mal.

— Não falei sendo "grossa", é por quê não fico prestando muita atenção nisso, foco no meu trabalho.

— Entendi, você parece ser uma pessoa bem séria.

— É porque você não conhece ela —Chegou dizendo a Isabelle— Ela é bem animada.

— Gostaria de conhecer essa Leticia animada —Ele me olhou— Bom, vou voltar para o meu trabalho, tchau meninas.

— Tchau —Nós duas falamos.

— Olha, ele tá interessado em você ehn.

— Tô percebendo —Ri.

— Eai Lê, como você tá? —Ela sentou na cadeira ao lado da minha.

— Bem e você?

— Ótima, tô ansiosa, meu pai volta hoje pra casa.

— Seu pai tava onde?

— Ah, ele trabalha fora as vezes, aí fica um tempo por lá e depois volta.

— Entendi, ele já tava fora muito tempo?

— Três meses.

— Caramba —Falei surpresa.

— Pois é, mas fico mais ansiosa ainda pelas coisas que ele trás pra mim —Eu ri.

— Interesseira.

— Claro que não, as coisas lá são mais baratas.

— Olha só, minhas filhas juntas —Disse a Aline.

— Oi mãe —Respondi.

— Não sei por que isso, ela é três anos mais velha que eu, e se acha a idosa —Isabelle revirou os olhos.

— Mas eu já sou mãe mesmo, o aniversário dele daqui uns dias, vocês estão convidadas.

— Ufa, amo as festas de vocês.

— Eu adoro festa de criança, sempre salgadinhos e doces —Falei já imaginando o que eu iria comer.

— Agora vem aqui Leticia, o que você tem?

— Eu? Nada ué.

— Tem sim, você tá estranha hoje —Isabelle concordou com a Aline.

— Nada demais gente, já já passa, fiquem tranquilas.

— Qualquer coisa a gente tá aqui viu —Disse a Aline— Nos conhecemos a pouco tempo mas gosto bastante de você.

— Concordo totalmente com a mãe —Isa falou e rimos.

Depois de um tempo deu minha hora de ir embora, não estava muito movimentado hoje, patrão viajando então é mais suave.

Eu bem cansada de pegar ônibus chamei um uber, mais rápido pra chegar lá. Uber chegou e entrei no carro, tava tocando umas músicas nem vibe praia assim, e eu encostada no banco olhando pra janela, comecei a ficar enjoada, com dor de cabeça, minha sorte foi que cheguei bem rápido lá na favela, único triste é que o rapaz não subiu, me deixou na porta.

— Oi Gv.

— Qual foi Leticia? Ta brancona mano —Ele chegou perto de mim.

— Me leva pra casa, por favor.

Ele nem me respondeu, só subiu na moto e subi atrás, ele puxou minha mão pra segurar nele, o caminho todo ele ficava me olhando pelo retrovisor.

— Valeu Gv —Desci da moto, eu tava mole, sem força nenhuma.

— Entra aí cara, você não tá bem —Ele desceu da moto e foi me guiando pra porta de casa, destranquei e vi a Ju sentada no sofá.

— O que aconteceu? —Ela levantou num pulo e ficou do nosso lado.

— Sei não mano, ela tava lá na entrada, me pediu pra trazer ela, vi que ela não tava bem e trouxe.

— Obrigada Gv —A Ju falou e ele me soltou.

— Qualquer fita aciona nóis —Ele saiu e a Ju me levou pro sofá.

— O que você tem?

— Tô enjoada, dor de cabeça, me sentindo mole.

— Desde que hora?

— Quando eu saí do serviço. Mas hoje cedo eu já tava meio estranha, agoniada sei lá.

Ela saiu da sala e foi pra cozinha, eu não sei quanto tempo ela demorou lá, pra mim foi uma eternidade, parecia que o tempo tinha parado.

Em Paraisópolis {Em Andamento}Where stories live. Discover now