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Julia

Chegamos em casa e a Leticia já estava deitada na cama dela, eu preciso ir trabalhar mas não quero deixar ela aqui sozinha.

— Relaxa Ju, eu fico suave aqui.

— Não, eu não vou deixar você só —Fiquei olhando pra ela quando me lembrei dele, Rodrigues— Já sei quem vou chamar.

— Pelo amor de Deus, quem? —Sai do quarto dela e liguei pro Rodrigues.

Chamada On

Eu: Oi Rodrigues.

Rodrigues: Oi Julia, tudo bem?

Eu: Olha, mais ou menos, e você?

Rodrigues: Tô suave, mas o que rola?

Eu: Você tá trabalhando?

Rodrigues: Hoje não, porque?

Eu: Olha, a Lê não tá muito bem desde ontem, não foi trabalhar hoje, passou mal, levei ela no médico e preciso trabalhar mas não quero deixar ela sozinha, tenho medo dela ter alguma crise e sair quebrando tudo ou se machucando.

Rodrigues: Caralho, por isso ela não me respondeu ontem, eu fico com ela, já chego aí.

Eu: Obrigada.

Chamada Off

Voltei pro quarto dela, Lê tava deitada vendo filme na tv.

— Quem você chamou?

— Rodrigues —Ela deu um sorrisinho mas ele se desfez— O que foi?

— Não quero que ele veja essa versão minha.

— Ué, você não disse que não ia acontecer nada?

— Mas né Julia, não queria que ele visse.

— Lê vocês viviam juntos, ele ama você e você ama ele, ver essa versão sua não vai mudar nada, e se mudar, é porque ele não é seu amigo de verdade —Ela só me olhou e voltou a assistir, não demorou muito e escutei me gritarem.

Desci as escadas e abri a porta, minha salvação tinha chegado.

— Oi Rodrigues.

— Oi Ju —Dei espaço e ele entrou.

— Ela tá lá em cima, não fica pressionando ela a falar alguma coisa, deixa ela no tempo dela tá?

— Relaxa, pode ficar suave.

— Se precisar, tem dramin e calmante em cima da geladeira, se for dar o calmante não fala pra ela, se não ela vai recusar a tomar e vai ser um caos.

— Beleza, mas o que ela tem?

— Esse negócio que ela tem de guardar tudo pra ela e no final explodir, e dessa vez ela tá passando mal mesmo.

— Ah tô ligado, mas pode ficar suave que eu tranquilizo a fera, qualquer bagulho eu te ligo.

— Obrigada mesmo Rodrigues.

— Imagina —Subi pro quarto dela correndo e ele veio atrás na calma, dei um beijo nela e saí de casa.

Leticia

A Ju saiu do meu quarto e ele entrou me olhando, fechou a porta e se aproximou de mim na calma, parecia que eu era um bicho e ele com medo de chegar perto e ser atacado.

— Eu não vou te atacar Pedro.

— Eu sei Leticia —Ele deitou do meu lado e ficou me olhando.

— O que foi?

— Você tá tão abatida vida —Não respondi, mas ele me puxou pra um abraço, eu abracei de volta e desabei.

Eu estava chorando de soluçar, ele estava quieto, só me abraçando, passando a mão nos meus cabelos.

Eu chorando o que estava guardado a muito tempo, a roupa dele já estava molhada com minhas lágrimas mas ele não pareceu se importar, do jeito que ele estava ele ficou.

Ele beijou minha cabeça quando eu já estava me acalmando no seu abraço e apertei ele. Eu respirava fundo na tentativa de me recuperar depois de tanto choro.

— Se você não quiser falar o que tá acontecendo ou o que você tá sentindo, não precisa tá? Mesmo eu querendo saber pra tentar te ajudar de alguma forma —Olhei pra ele— Eu só quero você bem Lê —Ele passou a mão no meu rosto.

— Eu não queria que você me visse assim —Olhei pra baixo e ele continuou com a mão no meu rosto.

— Olha pra mim —Ele levantou meu rosto em direção a ele— Não tem essa de te ver assim, essa é você, é uma parte sua, todos nós temos alguma parte que não queremos mostrar, mas as vezes é necessário.

— É diferente.

— Pode até ser diferente, mas eu tô aqui com você, não tô? —Concordei com a cabeça— A Ju me falou por cima o que tava acontecendo e mesmo assim eu vim pra cuidar de você, pra ser seu apoio.

Meus olhos se encheram de lágrimas de novo, ele me olhava com tanto cuidado, meio que com dó e preocupação, ele não tirou os olhos dos meus e me fazia um carinho ao mesmo tempo.

— Eu tô com você sempre que precisar doida —Ele beijou minha testa.

Não falamos mais nada, ficamos assistindo o filme que passava na tv, abraçados.

Senti meus olhos pesarem, eu ia dormir, eu me aconcheguei nele, estávamos deitado de lado, fiquei com a cabeça no pescoço dele, ele apoiou o queixo na minha cabeça e me abraçou.

— Te amo Pedro —Falei com os olhos fechados já sentindo o sono bater.

— Eu te amo Lê.


Em Paraisópolis {Em Andamento}Onde histórias criam vida. Descubra agora