Em Paraisópolis {Em Andamento}

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Leticia

Já faz 3 dias desde que voltamos pra favela, estou saindo do meu serviço agora e indo pra casa, finalmente começarei a faculdade, mas é no horário noturno, então depois que eu sair do serviço, vou pra casa me trocar, ir pra academia, voltar pra casa, tomar um banho, jantar e ir pra faculdade.

É meio longe daqui, mas com foco, força, fé e coragem eu vou acostumando com isso, eu estava subindo a rua da casa da Ju e levei um susto quando me puxam para um beco que tinha ali.

Era o Gabriel.

— O que você quer? Me solta!

— Você é tão linda. —Ele disse com a voz mole.

— Você tá é drogado, me solta. —Empurrei ele, fazendo me soltar.

— Fica comigo gata.

— Vai tomar um banho vai filho, que vergonha. —Quando eu ia sair dali ele me puxou novamente me segurando forte, me prendendo na parede.

—Gabriel você tá me machucando.

Ele não deu ouvidos, começou a me agarrar, a passar a mão pelo meu corpo e minhas tentativas falhas de me soltar dele só fazia ele me segurar mais forte perto dele.

Eu estava ali, presa, já tinha aceitado que ele me faria de boneca no meio de um beco, perto de casa. Ouvi um barulho e me virei pra ver o que era, uma menina, só olhou a situação meio desconfortável e saiu, ela nem tentou me ajudar, mas é claro o motivo, ele é dono daqui.

Ele veio pra me beijar e consegui desviar o rosto, ele segurou meu rosto me fazendo olhar pra ele.

— Você é minha! Não pense que desviando vai me fazer parar.

Não era nem quatro horas da tarde e eu passando por essa situação, não estava escuro, qualquer pessoa que passasse ali iria ver. Que vergonha.

Ele não vai sair sendo falado pela favela, eu vou, como puta, que estava se oferecendo, que minha roupa foi o motivo. E eu estava de calça jeans e camiseta, sem nenhum tipo de decote.

Saí dos meus pensamentos quando ele colocou a mão dentro da minha calça, em uma tentativa de me masturbar como se eu quisesse aquilo.

— Que porra é essa? —Graças a Deus.

— Qual foi caralho? —Ele olhou pro Icaro.

— Solta ela Mp.

— Se não o que ehn moleque? —Ele me soltou e Icaro se aproximou, empurrando ele.

— Você tá bem? —Icaro me perguntou enquanto eu me arrumava.

— Tô.

— Vai pra casa. — Concordei com a cabeça e saí rápido.

No que eu estava pensando quando me envolvi?

Icaro

— Você tá chapado caralho? Que porra você pensa que tava fazendo?

— Não fode Icaro, você é um cuzão, foi pra praia com ela e o ramelão do Rodrigues, ainda protegeu ele lá na casa dela, puta amigo.

— Ela é solteira, faz o que bem entender da vida dela, se era o Rodrigues que tava naquela praia em vez de você, o culpado é você memo filhão.

— Ela é minha!

— Sua o cacete, acorda filha da puta, fazendo merda com a mina em plena três da tarde, com o perigo de geral ver, sabe muito bem que quem ia sair falada era ela.

— Fodase, ela é uma vagabunda mesmo.

Ele saiu andando me deixando lá sozinho, ele não estava bêbado, muito menos drogado, ele sabia exatamente o que fazia.

Subi a rua indo em direção da casa da Ju, chegando lá eu bati na porta, Julia me atendeu, me dando um selinho.

— O que tá fazendo aqui amor?

— Vim ver a Leticia. —Disse entrando na casa e ela fechando a porta.

— Ué, mas porque? —Olhei pra ela sem entender.

— Ela não te contou?

— Me contou o que? Ela entrou em casa e já foi tomar banho.

— Eu tava andando pelos beco e vi o Mp agarrando ela mano.

— Como assim agarrando ela? Ele tava abusando dela?

— Se eu não tivesse aparecido, não ia ser a mão dele dentro da calça dela.

— Aquele filho da puta. —Ela levantou indo em direção a porta e segurei ela.

— Você é maluca? Você não vai atrás dele.

Ela me olhou sem paciência, soltou minha mão do seu braço e sentou no sofá, balançando a perna impaciente.

Depois de longos minutos a Lê desceu a escada, ela parecia estar envergonhada, nem olhava pra mim.

— Amiga você tá bem? —Julia foi em direção dela.

— Tô amiga.

— Eu sinto muito, se eu pudesse eu ia lá matar ele. —Lê deu um sorrisinho de leve.

— Eu vou falar com ele Lê, ele surtou por que te viu com o Rodrigues.

— Não precisa, não quero que você se foda por minha causa, e me desculpa se já aconteceu isso enquanto você ficou lá. Eu tô me sentindo muito envergonhada por você ter me visto naquela situação.

— Relaxa, não vai rolar nada comigo, e não precisa se sentir envergonhada, ele que tinha que se sentir um merda.

— Mas não é bem assim que as coisas funcionam. —Ela olhou pro chão quando terminou a frase.

Sei que nisso ela não está errada, o Mp não vai mudar a mente dele, não suportou ser trocado quando estava com aquela mina, agora mete o loko quando vê as mina com outro, mesmo ele que tenha vacilado com elas.

Fiquei ali com elas por um tempo e fui caçar meu rumo, pelo que eu ouvi das duas, elas iam pra academia mas Leticia perdeu o clima depois do acontecido.