47

38 6 0
                                    

Rodrigues

Já se passou uma hora desde que eu falei com a Leticia, o Icaro tinha visto o Mp, falou com ele mas não conseguiu nada.

Ele estava na esperança de que ia conseguir arrancar algo do Mp na conversa, isso é tão coisa de otário, ele nunca vai falar. Então decidi agir sozinho.

— Eu vou seguir ele.

— Não faz isso, é perigoso. —Ela ficou com uma cara de preocupada.

— Olha Ju, não dá pra ficar aqui esperando o Icaro ficar conversando com o Mp, ele não vai falar nada. Ela é sua amiga, você acha mesmo que ele ia falar algo pro seu namorado? —Ela me olhou pensativa.

— Tá, você tem razão, mas toma cuidado, por favor.

— Eu vou trazer ela de volta.

Peguei minha moto e saí em direção a boca, eu não fiquei tão próximo pra não dar na cara, fiquei escondido atrás de uns carros esperando o filho da puta sair de lá.

Eu já estava quase mofando aqui esperando, já era 19hr da noite quando o Mp decidiu sair lá de dentro, esperei ele dar partida na moto dele e subi na minha, seguindo ele na cautela, pra não ter perigo dele perceber que está sendo seguido, principalmente por mim.

Depois de uns minutos seguindo ele, ele entrou em uma rua deserta, segui reto e entrei em outra rua, desci da moto bem rápido e entrei em um beco, dando pra rua que ele estava.

Não vi ele, só a moto dele estacionada, olhei pela rua pra me certificar de que não tinha ninguém ali e então segui na direção da casa. Eu andei por volta dela e as janelas estavam trancadas, foi complicado andar ali, o mato estava alto.

— Me solta, por favor. —Era a Leticia.

— Você ainda não percebeu que você não tem chance aqui? Você não tem que escolher e nem exigir algo vagabunda.

Eu paralisei, única coisa que eu ouvia era ele xingando ela e provavelmente batendo também, eu escutava uns barulhos e pareciam tapas. Comecei a andar por ali tentando achar algo que me ajudasse a entrar nessa casa.

Era pra eu estar no lugar dela, ele tinha me ameaçado e foi pegar a Leticia, provavelmente ele me mataria mas não me importaria, seria mais fácil, a Letícia vai ficar traumatizada, o abuso que ela está sofrendo vai marcar ela pro resto da vida.

Pela minha sorte, eu encontrei uma porta nos fundos da casa e ela estava aberta, eu não tinha nada pra me defender tirando um pedaço de uma madeira que eu tinha encontrado ali no chão.

Comecei a entrar, fazendo o máximo de silêncio que eu consegui, comecei a ouvir a voz dele mais alto, eu estava perto. Coloquei o rosto devagar me fazendo ter visão dos dois, infelizmente vi uma cena que eu não queria ter visto, ela com os olhos fechados e ele por cima dela.

Ele gemia como se fosse o melhor sexo da vida dele, pouco se fodia pelo o que ela estava passando ali na hora. Ela estava parada.

Eu estava esperando ele dar bobeira em algum momento mas eu não conseguia parar de pensar nela ali, então liguei o fodase e fui chegando perto.

— Filho da puta! —Bati com a madeira na cabeça dele, pra minha infelicidade ele virou o rosto pra mim.

— Acha que isso vai me fazer desmaiar? —Ele riu debochado e foi pra cima de mim.

Leticia

Os dois estavam dando socos um no outro, eu me vesti rapidamente e fui tentar ajudar o Pedro quando vi que o Mp tinha ficado por cima.

Cheguei perto deles e segurei no pescoço do Mp com as duas mãos, enforcando ele, que tentou se soltar, Pedro deu um soco na cara dele e pediu que eu me afastasse.

O Pedro ficou no controle da situação e fiquei procurando algo que pudesse machucar o Mp.

A arma. Fiquei rodeando a sala atrás da maldita arma.

— O que você pensa que tá fazendo? —Me virei, ficando de frente com o Mp e o Pedro deitado no chão com a boca sangrando.

— Me deixa sair.

— O que você tá segurando aí? —Ele tentou me puxar mas o Pedro foi mais rápido, dando um soco no Mp que caiu no chão.

Apontei a arma pro Gabriel, eu estava disposta a terminar com aquilo de uma vez. Ele me olhou assustado mas depois surgiu um sorriso no rosto dele.

— Atira! Eu duvido que você consiga me matar.

— Leticia.. —O Pedro tentou tirar da minha mão mas afastei dele.

— Você é fraca Leticia, não conseguiu fugir dessa casa quando fiquei fora e agora aponta uma arma pra mim? A MINHA arma. —Ele se levantou e dei um tiro na perna dele.

Ele gritou de dor, caindo no chão novamente, eu só via o sangue escorrer e ele me olhando furioso, antes que ele levantasse de novo eu atirei, dessa vez atingiu a barriga, que fez ele gritar novamente.

— VAGABUNDA! —Ele colocou a mão na esperança de estancar o sangue.

O Pedro estava em silêncio, não olhei pra ele, estava focada no que eu estava fazendo.

— Eu fui uma burra de ter aceitado me envolver com alguém igual você, podre. Um moleque que só está onde está por conta do pai, por "herança" se fosse você por conta própria não seria um nada.

— Você que é alguma coisa né.

— Quem tá com duas balas no corpo agora não sou eu, achou que faria da minha vida um inferno e ficaria livre?

— Mas que porra é essa? —Apontei na direção da pessoa, quando vi que era o Icaro eu voltei a arma na direção do Gabriel.

— Mata essa maluca Icaro, me tira daqui.

— Você é retardado caralho? O que você fez com a mina?

— Fiz o que ela merecia, uma surra bem dada por ter me deixado e me aproveitei do corpo dela, não quis me dar por bem, então fiz do meu jeito.

O Pedro pisou em cima da perna do Gabriel, bem em cima de onde eu tinha dado um tiro, o que resultou em gritos.

— Seu merda. — Ele pegou a arma da minha mão e encostou no pescoço do Mp, quando ele apertou o gatilho, o Gabriel começou a fazer uns barulhos estranhos e o sangue escorria, era muito sangue.

Eu comecei a chorar, não sei se era de desespero, alívio, eu não acredito que eu atirei em um traficante.

Em Paraisópolis {Em Andamento}Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon