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Leticia

— Que foi que ta com essa cara? —Eu tinha acabado de entrar no quarto dele.

— Não é nada, já ta tarde, eu vou pra casa.

— Qual foi Leticia?

— Nada, só estou cansada, você vai me levar? —Ele concordou com a cabeça.

Sai do quarto dele e ele estava vindo atrás, desci as escadas indo em direção a Carol.

— Vou embora amiga, to cansadona.

— Ta bom, até qualquer dia —Nos beijamos na bochecha, peguei minhaa coisas e sai da casa.

Mp subiu na moto dele e eu subi em seguida, sem capacete mesmo, ele acelerou até minha casa, ele foi rápido pra lá.

Quando chegamos na porta, desci da moto procurando a chave dentro da bolsa.

— Tem certeza que você ta suave?

— Tenho sim —Tirei a chave da bolsa— Boa noite Mp —Dei um selinho nele.

— Boa noite Leticia —Me virei de costas pra ele e abri a porta, ele acelerou a moto e entrei.

— Onde a senhora estava?

— Na casa do Mp.

— Aiai viu —Dei um beijo na testa dela.

— Vou ir tomar banho tia.

— Vai lá querida —Subi as escadas.

Entrando no meu quarto, eu joguei a bolsa na cama e entrei no banheiro tirando minha roupa.

Tomei um banho demorado, confesso que a coisa do Mp matar alguém tá meio que me perturbando, e nada melhor que a Ju para conversar disso comigo.

Sai do banheiro com a toalha enrolada no corpo, a Ju tava deitada na minha cama.

— Oxi assombração!

— Oi pra você também, como você ta? —Ela me perguntou.

— Bem e você?

— Bem —Peguei um pijama no guarda roupa e vesti.

— Tenho que te contar uma coisa, duas na verdade —Deitei do lado dela.

— O que foi?

— O Mp me levou e me buscou no trabalho, eu não tava entendendo o porque, mas na volta, ele falou que queria conversar comigo e fomos pra casa dele.

— Você deu pra ele?

— Ai menina, não, ele falou que queria ter um bagulho sério comigo, no caso, ficante fixo.

— Mas como que vai ser isso? Vão pegar outras pessoas e estão sempre ali quando um quiser ou só vai ser vocês dois na parada?

— Creio que só nós dois né.

— Vê direito, vai que você ta achando que é só vocês e depois descobre que não é.

— Outra coisa, sei que ele é dono daqui, mexe com coisa errada e tudo, mas eu nunca parei pra pensar que ele matava pessoas —A Ju me olhou.

— Nunca passou isso pela sua cabeça Lê?

— Ele fazer o serviço mesmo não, achei que sei lá, ele mandava alguém ir, não sai isso da minha cabeça, e se eu fizer algo, ele não gostar e eu ser a próxima vitima? Como que você lida com isso?

— Eu não lido Lê, sempre soube das coisas que eles fazem, o Icaro comigo é uma pessoa totalmente diferente de como ele é com o trabalho que ele tem que fazer aqui na comunidade —Fiquei quieta escutando ela— Você já ficou bastante tempo com o Mp, deve saber do jeito que ele age com você e quando não ta com você.

— Eu nunca vi ele mexendo com as coisas dele, comigo ele é quieto, não fala muito mas é suave.

— Se você for mesmo querer namorar com ele futuramente, você vai ter que estar preparada e tranquila com a vida que ele leva.

— Eu sei, mas eu tinha a vida diferente da sua, você sempre soube como são as coisas aqui, você já viu como é uma invasão, vi uma aquele dia mas foi rápido, e foi longe daqui, não escutei quase nada, mas né.

— Mas qualquer dia pode ser aqui perto, você nunca vai se acostumar, só vai estar mais preparada quando essas coisas acontecerem.

Nós ficamos conversando por um tempão, ela me tranquilizou um pouco, eu to com a ideia de pedir pro Mp me mostrar as coisas se a gente for ter um bagulho sério mesmo, pra ver se vou conseguir lidar com isso.

Só não sei se caso isso aconteça e eu quiser sair fora, ele vai me entender ou vai ficar com raiva de mim e me ameaçar igual fez quando a menina traiu ele?

A tia passou aqui no quarto, deu boa noite para nós, eu e a Ju ficamos conversando sobre várias coisas e acabamos dormindo no meio do papo.

Minha sorte foi ter colocado o celular pra carregar antes de dormir, se não, eu nem iria ter acordado hoje.

Eu já estava na empresa, como sempre, agendei reuniões, deixei as mais importantes como prioridade nas datas.

O dono iria fazer uma viagem semana que vem, então essa semana seria bem corrida, reuniões o dia inteiro, todos os dias, eu não sei se aguentaria ouvir tantas pessoas por tanto tempo em só um dia.

Aquele rapaz que me ofereceu carona ontem, me olhava toda vez que me via, dando um sorriso simpático

Eu não sei, mas ele parece ser parente do dono, ou só tem amizade mesmo, não sei.

A Aline, a moça de 25, chegou atrasada hoje, o filho mais velho dela ficou doente e ela teve que levar no médico .

Quando ela e a Isabelle, a de 22, estavam tranquilas no setor delas, elas vinham pra cá ficar conversando comigo.

— Ai sei lá, elas são estranhas —Aline disse. Estávamos falando das outras mulheres que trabalham aqui.

— É que elas se acham superiores né, por serem engenheiras —Respondeu Isabelle.

— Acho isso muito chato —Ri fraco— Eu nunca reparei se elas me olham assim igual olham pra vocês.

— É que você tá bem corrida nas suas coisas, toda hora marcando reunião —Nós rimos da Aline— Mas uma hora você repara.

— Agora principalmente, quando falam as coisas você começa a perceber, a Marta é a pior daqui.

— Marta? —Perguntei pra Isabelle.

— É, aquela que tem a cara feiosa mas só anda de nariz empinado como se fosse dona daqui —Aline me respondeu.

— E o pior, ela entrou aqui como nós três, ela conseguiu faculdade de engenharia por que deu pro pai do dono —Arregalei os olhos surpresa— Agora tá assim, como se fosse dondoca e não tivesse trabalhado na mesma área que nós.

Em Paraisópolis {Em Andamento}Onde histórias criam vida. Descubra agora