𝖢𝗈𝗇𝖼𝗅𝗎𝗂𝖽𝖺 › 𝖿𝖺𝗇𝗍𝖺𝗌𝗂𝖺
❝É 1967 e Félix está farto de ser aquele garoto religioso que todos se aproveitam. Cansado de um Deus fingindo ouvidos surdos, ele decide tomar suas próprias decisões:
Quão ruim poderia ser se ele se vol...
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OS LEE partiram para a cabana que dividiriam com o resto da família no dia seguinte. Félix saiu algumas horas depois de acordar, mas resolveram esperar um pouco, deixá-lo descansar em sua própria casa, em seu quarto, onde o mais novo menos queria estar. Ele podia sentir o desconforto — o de sempre — saindo lentamente de seu corpo, deixando um leve vazio em seu peito que, aos poucos, e sem perceber, foi aumentando.
Estar sozinho, em silêncio e encolhido na cama de seu quarto o fez lembrar o quanto sentia falta de Hyunjin e o quanto às vezes odiava que ele fosse o Diabo. Tê-lo longe era uma tortura lenta, e ele preferia passar por qualquer outra que lhe trouxesse dor física do que passar por aquela que só fazia seu coração doer e não parar de pensar por um segundo.
Ficou muito claro que ele não havia descansado nem um pouco naquela noite, porque todo o seu corpo doía e porque não conseguia dormir sem falar primeiro com Hyunjin. Além de seus hematomas e olheiras perceptíveis sob os olhos, estava carregando um tremendo mau humor que mal o deixava respirar.
Ele estava dependente? Não queria admitir isso, mas, no fundo, sabia que esta era a verdade.
Sua família, que nunca o viu assim, tão mal-humorado, rude, resolveu ignorá-lo, e tratá-lo como sempre antes de entrar no veículo. Minah e Seungsu conversavam nos bancos da frente, Jiyeon escrevia em seu diário e Félix olhava pela janela no banco de trás, perdido em pensamentos.
— Vai ser uma viagem adorável, não é?
— Sim, querida. — Seungsu respondeu a sua esposa, suspirando enquanto observava seu filho pelo espelho retrovisor. — Félix? — tentou ser cauteloso. — Tudo em ordem?
O adolescente encontrou seu olhar frio com o do estranho pelo espelho retrovisor, deixando claro que não queria conversar. Se não parecesse tão adorável, seria assustador.
Jiyeon assobiou ao perceber que não receberiam uma resposta.
— Está de mau humor? — ela brincou alegremente, ainda escrevendo em seu caderno.
Félix olhou para o lado de fora do veículo.
— Sim, acontece com pessoas que caem de escadas e se machucam. — respondeu em tom sarcástico.
Sua irmã mais velha deu de ombros.
— Todo mundo sabe no que está se metendo, certo?
E Félix não entendia nada do que estava acontecendo: talvez sentisse muito a falta de Hyunjin, talvez precisasse de sua presença, ou talvez desejasse sua própria extinção.