capítulo vinte

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PETE

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PETE



Não está certo. Não está funcionando. Tudo bagunçado. Cada novo design, cada nova ideia, cada novo ponto de tecido que não é bom o suficiente me leva cada vez mais à frustração. Alargo as lapelas e coloco um botão extra e trago a cintura e solto a cintura, alongo a frente, depois a parte de trás, mas não está funcionando, não está funcionando, não está funcionando.

O que estou perdendo?

Dou um pulo quando o líquido quente atinge minha camisa e rapidamente coloco a caneca sobre a mesa para limpar a sujeira da minha pele. Está pegajosa e, quando olho para baixo, vejo manchas de sujeira decorando a frente da minha camisa. Será que tenho outra aqui? Achei que tinha. Vasculho o tecido em minha estação de trabalho, construída em torno de minha máquina de costura, esticada na cadeira no canto.

Um grunhido sobe em meu peito porque está claro que a borda do meu veludo vermelho está amassada sob a perna da cadeira. Não consigo cuidar de nada. Assim que terminar de arrumar essa roupa, posso tirar um momento para fazer uma lista. Montar o ateliê de uma forma mais ágil. Talvez prateleiras na parede mais distante e prateleiras para meus rolos de algodão, um banco grande e agradável no centro do cômodo em vez do banco comprido encostado na parede, algumas gavetas para meus botões, agulhas e alfinetes, e uma parede inteira de fios.

Isso tornará tudo muito mais simplificado. Só preciso terminar esse traje e depois terei tempo para me organizar.

— Você sempre diz isso.

Eu pulo com a voz e giro para encontrar Arm sentado perto de uma das grandes janelas. — Quando você chegou aqui?

— A que horas?

— Hora? — Meu cérebro quase entra em curto-circuito tentando acompanhar a conversa. — Eu não sabia que você estava aqui.

— Imaginei, depois que você pulou no ar. Eu lhe ofereceria minha camisa, mas... — Ele acena com a mão sobre seu corpo nu. — Provavelmente sou a pessoa errada para isso.

— Por que eu quero sua camisa?

Ele ri. — Porque sou irresistível. Todo mundo quer algo de mim.

Eu bato um ritmo na minha bancada, tentando descobrir para onde diabos foi aquela seda preta. Talvez eu esteja complicando tudo isso. Tentando ser diferente. Mas esse era o objetivo de evitar os remédios, certo? Eles não apenas me fizeram sentir uma merda, mas também bloquearam totalmente minha criatividade. Meu trabalho era mais consistente, mas caramba, as coisas que eu produzia eram chatas pra caramba, e eu não conseguia superar isso. Não consegui romper aquela parede criativa onde tudo era seco e quebradiço, estéril como o deserto.

Minha criatividade está livre agora, mas não consigo definir as ideias. Elas são um furacão de vibrações rápidas.

Sentimentos. Uma visão geral do que eu quero e que não consigo parar por tempo suficiente para ver. Eu sei que está lá. Da mesma forma que sei que tudo é incompleto e que o resultado não chega nem perto do refinamento do produto real.

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