Cap 22 - Sobrevivente

156 9 1
                                    

Vou nem falar nada, estou me coçando para chegar na parte da primeira vez que os pombinhos ficam.

Acho a relação deles super saudável, queria uma igual? Claro que não.

Kaylee Roy

Pela primeira vez eu não gostei do facto de até a namoradinha dele ter saído. Ela geralmente acalma ele, se ela não estiver discutindo também é claro. Ele se senta na cadeira e eu sento a frente dele.

O que estamos fazendo? Parece apenas que estamos brincando de ser adultos. Quem é que estou tentando enganar? Nem ele e nem eu temos mais certeza de tudo o que fazemos.

A vida é uma mentira, as respostas não vêm conforme você cresce. Mais perguntas vêm, mas a gente cala a boca e coloca no Google ou finge que sabemos quem somos e seguimos o fluxo de gente. Alguém aqui nesse mundo realmente sabe tudo o que deve fazer? Todos queremos um propósito, ser grandes e bons em alguma coisa. Desde pequena eu queria que o lugar dele fosse o meu, eu achei que essa poderia ser a minha cena se eu fosse boa o bastante.

Mas eu só me tornei boa o bastante em matar, eu aprendi direito tudo que o meu pai me ensinou. Antes dele ser dramaticamente preso. Graças a máfia traidora dos Ferreira.

— O que queria falar comigo? — arrumo coragem para perguntar porque até ele mesmo parece estar pensando em cada palavra.

— O que você fez foi errado. — ele diz.

Sei exatamente do que ele está falando, dos caras de ontem.

— Eu sei, eu perdi o controle, você disse que eu perderia, eu deveria ter ouvido, eu... — ele me interrompe.

— Mas eu entendo você. — eu fico surpresa com o que ele diz — Você passou por coisas horríveis lá e talvez você visse que de alguma forma eles estavam associados a tudo isso, você respondeu ao trauma a que eles submeteram você.

Trauma. Eu detesto essa palavra. Eles acham que ela explica alguma coisa quanto ao que se passa dentro de nós quando algo mexe com a gente de um jeito que dói.

— Eu me perdi no meu caminho, eu perdi a consideração com a vida humana, eu não sei mas o que eu estou fazendo, Aspen. — eu digo.

— Eu queria agradecer a você, maninha. — ele diz.

— Pelo quê? — eu pergunto, a confusão preambulando em min.

— Obrigado por sobreviver, obrigado por sobreviver ao RJ, a escola, ao Ryan, a tortura, ao seu orgulho, obrigado para estar viva e voltar para mim toda vez. — ele diz.

— Eu fiz o que qualquer irmã faria. — eu digo.

— Nem todas. — ele diz.

— O que aconteceu quando você foi me ajudar na escola? — eu pergunto — Porque você não entrou logo.

— Você estava lá dentro, em algum lugar, eu não sabia quantos eram ou como você estava, eu não queria colocá-la em risco e eu soube tarde que ele já tinha pegado você. — ele diz — Eu me odeio por não ter chegado antes, por não ter invadido aquilo com o nosso pessoal armado até os dentes e tirado você a força fosse como fosse.

— Você nunca chegaria a tempo, nem mesmo uma hora antes seria cedo o bastante. — eu digo — E está tudo bem.

— Como pode dizer isso? Ele torturou você.

— Isso só me motivou a querer matá-lo mais. — eu digo — Isso só fez ele ver que eu sou mais forte do que ele pensa.

Ele suspira e olha para o lado. Eu não gostei disso.

Bad boys - AlvorecerWhere stories live. Discover now