Cap 29 - Nova vida

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Kaylee Roy

Eu ando pela rua escura, surpreendentemente o meu carro ainda anda sequer. Aperto no botão e os portões da minha casa se abrem. Eu venci, mas de verdade, além dos cem mil nenhum prémio altera o vazio que eu sinto por nunca mais poder fazer aquilo.

Entro no quintal, ando um pouco, árvores rodeando o caminho quando vou na direção da garagem, aperto outro botão e ela rola para cima dando entrada para mim.

Estaciono o carro junto de vários outros. Ando até a dispensa que fica na garagem. Abro algumas caixas até encontrar um lona cinza. Respiro fundo arrastando do ela e fazendo algo que nunca pensei em fazer. Isso dói. Nenhum pedaço da minha alma parece ser capaz de voltar a se ligar depois disso, isso não tem concerto, vou estar vazia e quebrada para sempre.

Abro a porta do carro e tiro de lá todo o meu dinheiro colocando em uma mochila.

Foda-se essa porra. Grana não está preenchendo o meu coração agora.

Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.
Porra.

Que colocassem fogo ao mundo antes de me roubar tudo. Que queimassem essa Terra imunda antes de me tirarem o que me faz viver.

Cubro o carro com a lona. Vou na direção do lance de escadas e empurro a porta indo para dentro casa, atravesso o corredor indo na direção da cozinha ouvindo o som de risos vindo de lá. Quando chego vejo a Raven, a Lise, o Noah, o Sebastian, o Aspen e a Melissa.

— Olha aí a campeã do dia. — a Lise diz.

Sorrio sentando numa das cadeiras altas da ilha da cozinha, sorrio apesar de toda a tristeza. — Você e o Noah também venceram nas corridas.

— Hoje foi um dia de glória. — diz o Aspen.

Dia de glória? Olha para mim e me diz se eu realmente venci alguma coisa? Corri para sobreviver porque a minha vida acabou no momento em que me ajoelhei para o Ryan por não aguentar mais, em cada uma das vezes a minha vida acabou.

— Eu só quero derreter na cama. — eu digo sentindo o mal humor me preencher.

Tenho fome, olho para as caixas de pizza no outro balcão. Me levanto e me arrasto até elas abro as três e escolho a de frango.

— Você parece prestes a derreter aqui. — diz o Noah.

— Eu não tenho tanta sorte. — eu digo mordendo.

Isso é bom... Preencher o buraco da dor com algo bom sabe muito bem. Muito melhor do que ser expulsa da sua gangue e casa. Mas não é o bastante.

Pego mais uma fatia sem terminar a que estou comendo e ando na direção da sala, me sento no sofá apoiando o com o cotovelo no braço do sofá. Encaro a televisão desligada divagando.

A sensação é estranha. Como se me tivessem tirado tudo e ao mesmo tempo de me dado liberdade e paz, na minha vida nunca ouve outro caminho e eu vejo poucos outros agora, mas a cada minuto algo novo parece surgir.

Sinto o sofá afundar do outro lado.

— Você está diferente. — reconheço a voz do Bash antes mesmo de olhar para ele.

— Passei por coisas demais para não estar. — respondo e viro a cabeça na direção dele — Ainda não perguntou.

— O quê?

— Como eu estou, ou mesmo se estou bem. — eu digo — Sebastian que raios está ocupando tanto a sua cabeça que nem consegue falar comigo?

Eles tornaram fácil esquecer que eu tenho um namorado naquela casa e ao que parece depois de hoje, fora dela também.

Bad boys - AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora