Capítulo dezessete - Rebeldia

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Hikari bocejou, no mínimo, umas quinze vezes, durante o curto trajeto entre a base e o colégio. Para ela, toda aquela situação era tanto entediante quanto ridícula: a barreira que separa os dois mundos estava prestes a se abrir por completo; e ela, ao invés de estar lutando junto aos demais para conter os ataques youkais, estava indo para a escola. Pior do que isso era o fato de ter que ser diariamente escoltada por algum Guardião. Neste dia, a situação era ainda mais vergonhosa por conta da Guardiã que lhe servia como guarda-costas: a mais jovem dentre elas – Live Kamadeva. Era, no mínimo, humilhante ser "protegida" por uma menina de doze anos.

Para a aquariana, a situação não era menos pior: afinal, ela tinha mais o que fazer para ter que bancar a "babá". Odiava aquilo!

Finalmente, chegou o momento das duas se separarem. Hikari entrou no colégio, enquanto Live dava meia-volta para iniciar sua ronda.

A indiana vinha andando pela rua, até que ouviu gritos vindos de um beco. Gritos pedindo por socorro, acompanhados por risadas. Live correu até o local e se deparou com um grupo de adolescentes, que tinham por volta de quinze ou dezesseis anos. Humilhavam um menino mais novo, que não devia ter mais do que catorze anos.

– Hunf, bando de covardes. Odeio gente covarde!

Sem pensar duas vezes, ela adentrou ao beco, ordenando:

– Soltem o garoto, seus babacas! Por que não procuram alguém do tamanho de vocês?

Os adolescentes, cinco exatamente, pararam o que faziam e olharam para a menina que os ameaçava. A reação deles foi automática: caíram na gargalhada.

– Do que estão rindo? – Ela indagou, revoltada.

– Que garotinha engraçada. – Disse um deles, rindo.

Com isso, a fúria de Live pareceu triplicar.

– Garotinha? Quem você pensa que está chamando de garotinha? Vocês é que não passam de uns moleques que acham que podem humilhar os outros só porque são mais fortes.

Eles pararam de rir.

– Ela chamou a gente de moleques! – Comentou um deles, irritado.

– Vamos dar uma lição nela. – Disse outro.

Os cinco começaram a caminhar em direção a Live. Ela, sem medir as consequências de seus atos, simplesmente fechou os olhos, começando a manifestar sua energia. Os garotos pararam, assustados, ao ver que uma espécie de aura violeta surgiu ao redor do corpo dela; em seguida, o símbolo do signo de Aquário brilhou em sua testa e, de suas mãos, surgiu uma corrente de vento, envolta num brilho violeta. Vento esse que se espalhou pelo beco, assustando ainda mais os garotos que, com isso, saíram correndo, desesperados.

– Covardes. – Ela murmurou, enquanto seu corpo voltava ao normal – Nossa, ainda me sinto um pouco cansada quando faço isso, acho que ainda não aprendi a dominar direito a minha energia. – Olhou para o garoto que, num canto do beco, fitava-a com os olhos arregalados – Ei, garotinho, você está bem?

Ignorando o fato de estar sendo chamado de "garotinho" por uma menina que aparentava ser mais nova que ele, o estudante apenas balançou a cabeça, num movimento de afirmação. Assim, Live deu meia volta, começando a caminhar em direção à saída do beco.

O adolescente ainda piscou, atônito, até que, restabelecendo-se do susto, correu até alcançar Live.

– Ei, espera!

Ela o olhou, com o canto dos olhos.

– Que foi?

– Você é uma bruxa? – Indagou, com os olhos arregalados de surpresa.

GuardiansWhere stories live. Discover now