Capítulo vinte - Sequestro

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– Entendeu?

Anne moveu a cabeça, respondendo com uma afirmação à pergunta de Micaela.

Sentadas numa grande rocha, ao lado das duas, Maire e Hikari se entreolharam. Perguntavam-se se Anne haveria, de fato, compreendido as explicações de como usar o mais novo artefato tecnológico aperfeiçoado pela italiana, já que elas duas não haviam entendido absolutamente nada.

– Mesmo? – Indagou Micaela, também em dúvida. – Nós não teremos outra chance de fazer esse teste. Nosso tempo está escasso.

Anne confirmou novamente e, para mostrar que havia entendido, repetiu as explicações.

Encontravam-se todos reunidos na praia onde se localizava a barreira que separava os dois mundos. Como Hikari estava demorando a manifestar sua energia e, ao que tudo indicava, Anne fatalmente não viria a despertar a sua, não podiam perder mais tempo: precisavam realizar um teste para medir se o nível de energia que os dez possuíam juntos seria o suficiente para lacrar a barreira, bem como analisar a sincronia de seus poderes. O aparelho para o teste fora criado por Gabrielle Angeli e, como de costume, aperfeiçoado por sua filha Micaela.

Com dois dispositivos distintos, o aparelho era aparentemente simples. A haste captadora consistia em um tubo fino de prata, com cerca de um metro e meio de comprimento, revestido de malha de fibra de vidro e – externamente – por uma robusta camada de cerâmica refratária. Tal material destinava-se a proteger os pequenos microdispositivos eletrônicos instalados no interior do tubo. Tal haste, como um pequeno poste, fixava-se acoplada a um tripé posicionado sobre a areia. A energia dos Guardiões, após captada por essa espécie de antena, seria então transmitida de forma individualizada para o pequeno computador que se encontrava nas mãos de Anne.

Nesse dia, a temperatura estava um tanto anormal. Fazia bastante frio, algo incomum para um mês de primavera em Tóquio.

– Então... – Disse Sofie, aproximando-se delas, com os braços cruzados. – Podem começar.

Maire e Mic se levantaram e uniram-se aos demais. Os dez Guardiões se posicionaram ao redor da haste de ferro e, num movimento sincronizado, fecharam seus olhos. De pronto, seus corpos começaram a brilhar, emitindo uma forte luz nas cores de suas respectivas energias.

Admirada com aquilo, Hikari se levantou e começou a repetir os mesmos movimentos que os Guardiões faziam com suas mãos, como se também estivesse fazendo parte daquilo. Primeiro, os punhos fechados pareciam concentrar toda a energia de seus corpos. Os braços foram esticados em direção à haste captadora e os olhos se abriram, juntamente com as mãos, que dispararam, também de forma sincronizada, uma grande rajada de energia que de pronto foi absorvida pelo artefato.

Anne acionou o aparelho em suas mãos e começou a efetuar a medição. O teste durou pouco mais de dez minutos e, ao final, os dez Guardiões se deixaram cair, visivelmente exaustos, na areia.

Preocupada, Hikari correu até eles.

– Vocês estão bem? – Ela indagou.

– Caraaaa... – Disse Eric, respirando pesadamente. – Isso cansa!

– "Só"! – Respondeu Sniper, plagiando o vocabulário do americano.

Maire pensou em concordar com eles, mas viu que parecia haver algo errado com Micaela, que estava com a cabeça baixa e mostrava dificuldade para respirar. Ignorando o próprio cansaço físico, levantou-se e foi até ela. Os demais a seguiram com os olhos, preocupados. Maurício parecia mais preocupado que os demais.

– Mic! Tudo bem? – Ela levou uma das mãos à testa de Micaela, enquanto, com a outra, tentava sentir sua pulsação. – Por Deus! Está gelada. Sua pressão parece estar baixa.

GuardiansWhere stories live. Discover now