Epílogo

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Epílogo

Um ano e sete meses depois...

Assim, eles pareciam pequenos anjos. Tão diferentes de quando es­tavam acordados e enlouqueciam a família, correndo pela casa e escalando os móveis.

Em silêncio, Sofie os observava, de pé ao lado do berço onde os dois dormiam profundamente. Seria capaz de passar horas assim, admirando os rostos do casal de bebês de pouco mais de um ano de idade. Apenas desviou-se momentaneamente de seu foco quando Marco entrou no quar­to onde ela estava. Olhando-o, ela pediu que o marido fizesse silêncio e sorriu, quando ele se aproximou e a beijou brevemente, também se pondo a observar as crianças.

– Chegou cedo hoje. – A francesa comentou, com a voz baixa.

– A última aula foi desmarcada. – Respondeu ele, sem tirar os olhos dos bebês. – Isso não te traz boas lembranças?

– E como! – Ela respondeu, saudosa. – Pena que é uma fase que passa tão rápido...

– Vamos poder aproveitá-la plenamente desta vez.

A francesa concordou, sentindo um forte aperto no peito, ao pensar que não teve a oportunidade de ver Anne crescer. Mesmo com Hikari, não aproveitara como deveria os primeiros anos de sua infância, já que preci­sava trabalhar e estudar, obrigando-se a deixá-la com uma babá. Agora, estava disposta a aproveitar ao máximo a infância daqueles bebês. Por isso, reduzira consideravelmente seu volume de trabalho e passava a maior parte do tempo em casa. Claro, também não se descuidava de Hikari, sempre a acompanhando nas sessões de fisioterapia. Sem contar que se via mais próxima de Anne, apesar de serem mais como amigas do que como mãe e filha. Afinal, aos vinte e três anos, a loira já era uma adulta. E andava se saindo bem na conquista de sua tão adiada liberdade.

A campainha tocou e Marco deixou a esposa com os bebês, indo atender a porta. Logo que a abriu foi surpreendido por uma mulher loira, de cabelos cacheados e olhos verdes, que de imediato o abraçou fortemen­te, enquanto chorava.

– Meu irmão! Meu irmão! – Ela repetia entre soluços, abraçando-o.

Sorrindo emocionado, Marco retribuiu o abraço.

– Senti sua falta, Gabi.

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– Senhora Anderson, seu táxi está aguardando.

Após o anúncio, Anne gentilmente empurrou a cadeira de rodas da mulher até o veículo parado diante da calçada, e a auxiliou no embarque.

– Obrigada por escolher a nossa Companhia. Faça uma boa via­gem.

Apesar de padrão, Anne não se cansava de repetir aquela frase, em quantos idiomas fossem necessários. Demorara muito para conseguir um emprego e, agora que o tinha, sentia-se inspirada a dar o seu melhor no desempenho da função para a qual foi designada.

E o trabalho não poderia combinar mais com ela: por mais cor­rido e cansativo que fosse, adorava trabalhar num aeroporto, auxiliando as pessoas que chegavam, dando informações e ajudando a solucionar os mais variados problemas que surgiam. E como a companhia realizava voos internacionais para a Europa e Estados Unidos, sua fluência em inglês, francês e italiano lhe rendeu a vaga. Não tinha um grande salário, mas era o bastante para pagar a faculdade de Letras que começara a cursar, havia dois meses, e ainda sobrava para seus gastos pessoais – bem mais reduzidos do que já foram – e para uma pequena ajuda no orçamento doméstico. Sofie e Marco, de início, não queriam que ela gastasse parte de seu dinheiro com contas, afinal, a soma do que ganhavam dava para manter a casa. Contudo, a loira fazia questão de colaborar. Já que eram uma família, deveriam se ajudar. E Anne simplesmente adorava isso: o fato de ter uma família.

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