39|"I open at the close"

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Melissa.

Ajeitei a saia novamente, como se ela pudesse ter amassado ou subido desde a última vez que eu a tinha ajeitado. O que tinha sido há 20 segundos atrás.

- Essa roupa está boa? Não estou muito arrumada? Essas meias fazem minhas coxas parecerem linguiças amarradas?

Duda revirou os olhos.

- Sim, não, e não. Agora para de enrolar e entra no carro.

Olhei feio para ela, mas fiz o que havia dito.

Duda deu a partida no carro, e eu tentei ignorar o fato de que ela não dirigia muito bem. Mas carona é carona, e não se recusa uma quando você ainda não é autorizada legalmente a dirigir.

Respirei fundo. O dia que parecia tão distante havia chegado.

- Nosso primeiro dia na faculdade. - anunciei.

As palavras de repente adquiriram um peso que não tinham antes.

- Vai dar tudo certo. - assegurou Duda.

Assenti em resposta.

Em parte, eu não queria dizer mais nada. Mas também me surpreendi com o quanto Duda amadureceu nas últimas semanas.

Chegava a ser estranho. Bastou um emprego de verão e a confirmação da universidade para que ela acabasse se tornando talvez até mais responsável do que eu, que por acaso estava praticamente roendo as unhas de ansiedade.

O telefone de Duda apitou.

- Pode ver quem é, fazendo o favor? - ela pediu, os olhos fixos nas ruas.

- Claro. - falei, pegando o celular no painel do carro. - É a Julia. Mais fotos dela na praia fazendo "joinha" para a câmera.

Julia estava na Austrália há quase um mês. Mantínhamos contato por mensagens de texto, Skype e coisas do tipo, praticamente todos os dias, e sinceramente, a única vez em que eu a vi tão feliz foi no dia em que ela contou que ela o Louis haviam começado a namorar.

Falando nele... É mais do que óbvio: logo após a festa de despedida dela, os dois haviam reatado o namoro. De um jeito bem louco, com ele a tirando da própria festa e a "devolvendo" apenas no dia seguinte, quando ela apareceu na porta do próprio apartamento com olheiras de quem havia ficado a noite toda acordada e um sorriso bobo no rosto.

O que havia acontecido de verdade, parecia ser segredo de estado, já que ambos se recusavam a contar.

- Melhor do que as selfies que ela fez questão de mandar com os caras que ela conheceu na praia. Eles eram muito gostosos... ops, saudáveis.

Comecei a rir.

Responsável ou não, Duda ainda tinha um estoque de cantadas de pedreiro muito vasto e usava-o sempre que possível.

- Ei...! - ela protestou, fingindo estar ofendida. - O importante é ter saúde, oras.

O GPS apitou. Aparentemente, faltavam apenas dez minutos para chegarmos ao campus.

Se eu estava preparada? De jeito algum. Eu e Duda iríamos para a mesma faculdade, porém em cursos muito diferentes. Ela cursaria Inglês, para que pudesse ser professora. Eu cursaria algo que era equivalente ao curso de "Relações Internacionais/Exteriores" no Brasil.

Todo o processo de inscrição, entrevistas, para enfim chegarmos à admissão era completamente exaustivo.Diferentemente do Brasil, não existem vestibulares na Inglaterra. A admissão na faculdade dependia de uma série de fatores, como suas notas no ensino médio, seu desempenho na entrevista, se você tinha uma carta de recomendação, etc, etc.

One More Day (H.S)Where stories live. Discover now