01|Aeroportos, camisolas de renda e facas.

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~ 1 semana depois ~

Melissa.

- Desculpe senhorita, mas houveram algumas fortes tempestades no Brasil, e a maioria dos voôs atrasou. - disse uma das atendentes do aeroporto.

- Ah, obrigada. - sorri forçadamente para a atendente e me virei, andando em direção as cadeiras desconfortáveis e duras do aeroporto.

Custava muito eles fazerem umas cadeiras melhores para as pessoas sentarem?

- E aí? - perguntou Harry, com um pouco de expectativa.

- O voô atrasou. - respondi.

- Uma pena. - disse ele.

- Você está sendo sarcástico?

- Não. - ele disse, tentando se fazer de inocente.

- Harry...

Olhei para o lado de fora do aeroporto, cuja parede era feita toda de vidro, dando vista para uma das pistas onde um avião estava se preparando para decolar. O tempo estava ótimo hoje, sem uma única nuvem no céu, e apesar do sol, não estava calor. Era que uma amiga minha costumava chamar de "clima perfeito" no Brasil. Era estranho que o dia estivesse tão bonito hoje, considerando que havia chovido a semana toda, mesmo estando no verão.

Na verdade, isso era uma das coisas que eu mais sentia falta do Brasil. Aqui, até março, mais ou menos, a temperatura média é 10°C. Eu não sei se já comentei isso, mas eu tinha que ir pra escola com quase o meu peso em casacos, o que não era muito legal. A maioria das pessoas no colégio não entendiam o por quê de eu reclamar tanto do frio, mas para alguém que estava acostumada com no máximo 18ºC no inverno, é bem frio. Quando o clima começou a esquentar, há algumas semanas atrás, eu quase saí por aí pulando de alegria. Tudo bem que até agora as temperaturas, mesmo no verão, não tenham passado de 21°C, mas...

- Mel? Mel! - percebi que ele estava me chamando, agitando as mãos na minha frente.

- O quê? - perguntei, ainda distraída.

- Você se perde nos próprios pensamentos tão rápido, eu queria saber o que você pensa, às vezes.

- Não, não queria. - eu disse. A ideia dele sabendo as coisas que eu penso me faz corar. Se Harry pudesse ler meus pensamentos, eu estaria mais do que perdida.

- O que você pensa, que eu não posso saber? - ele fez questão de sussurrar no meu ouvido, enquanto afastava meu cabelo que estava caindo no rosto. Tentei disfarçar o arrepio que a proximidade de seus lábios com meu pescoço causou, mas pelo sorriso travesso no rosto dele, era mais do que óbvio que eu havia falhado miseravelmente. Às vezes eu acho que ele faz isso de propósito.

Eu já devia estar acostumada, eu sei, mas a verdade é que eu acho que nunca me acostumaria com isso. Quer dizer, ter um namorado já era um tanto estranho (nunca fui do tipo que namora), e ter Harry como namorado era mais estranho ainda. Eu o amava, e muito, mas era bizarro, pois há poucos meses atrás não conseguíamos nem terminar uma conversa sem uma discussão ou tentativa de homicídio. Tudo bem, ainda temos uns momentos em que um só falta matar o outro, mas confesso, eu gosto disso. É como ter um melhor amigo e um namorado ao mesmo tempo (sem as partes esquisitas como friendzone e tal). E também, todos parecem bem felizes que finalmente passamos da fase do estrangulamento mútuo.

- Ei, casalzinho lindo, podem parar com a melação? Eu ainda estou aqui. - reclamou Zayn. - Aliás, por que mesmo que eu estou aqui?

- Porque você é um bom amigo e veio conosco esperar a minha amiga chegar. - eu disse. - E não sei por que você está reclamando, sendo que quem insistiu para vir junto foi você.

One More Day (H.S)Where stories live. Discover now