10|Matemática, ciúmes e cenouras.

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Melissa.

– …E é assim que se calcula função exponencial. - explica Julia, pela sétima vez hoje. Talvez oitava. Eu parei de contar depois que ela gritou comigo. - Entendeu?

– Ahm, mais ou menos. - eu digo.

Sempre odiei matemática, e nunca entendi por quê raios eu tenho que aprender a calcular a função de x.

Me diz, em quê eu vou usar isso na minha vida?!

– Ah, eu desisto. Pede para outra pessoa te explicar.

– Mas Ju, sua liamda, eu preciso entender isso!

– Então pede para outra pessoa te explicar. Pro professor, Peter, sei lá.

– Ju…

– Não. - ela diz, indicando que a conversa foi encerrada.

– Vadia, eu te odeio.

Ela sorri.

– Também te amo, viu?

Desisto de tentar persuadi-la, e tentei lembrar de alguma alma viva generosa o suficiente para me ensinar matemática, de preferência sem gritar comigo.

Bem, Duda com toda sua inteligência e esperteza provavelmente não saberia me explicar. Também era provável que se eu pedisse para o professor, ele me xingaria e me chamaria de preguiçosa, o que não era exatamente mentira.

Só me restam duas opções. Peter, e a menina nerd que senta na primeira carteira, que durante as primeiras semanas eu cogitei que ela fosse muda (É sério, eu só ouvi a voz dela uma ou duas vezes).

– Peter… - chamei.

– Sim? - ele se virou para mim, sorrindo.

– Me ensina matemática? - eu pedi, com a voz um tanto manhosa. - Por favor?

– Não.

– Sério?

– Não. - ele riu. Depois, arrastou sua carteira até que ficasse ao meu lado. - O que você quer que eu explique?

– Podemos começar da parte em que resolveram misturar os números com o alfabeto?

Ele ri novamente, pegando o caderno e o livro de matemática.

Pacientemente, ele me explica toda a matéria de matemática.

– Entendeu? - ele pergunta.

– Eu nunca pensei que fosse conseguir entender isso sem ouvir alguém gritando comigo! - eu disse, abraçando ele. - Obrigada!

Ele sorriu.

– Não há de quê.

Começo a fazer alguns dos exercícios do livro em silêncio. Agora que eu entendi, a matéria nem parece tão difícil assim.

Alguns minutos de silêncio depois, ouço a voz de Peter, que ainda está com a carteira praticamente colada na minha.

– Mel… você está mesmo namorando aquele cantor? - ele perguntou, assim, do nada.

Demoro alguns minutos para assimilar a pergunta.

– O Harry? Ah, não. Ele é só um amigo que eu conheci na cidade.

– Tem certeza? Vocês pareceram bem…próximos naquelas fotos.

– Você viu?

Ele assentiu.

– Ah, não se importe. Eu e ele somos só… amigos. - eu digo. - Nada mais.

Peter sorri para mim.

One More Day (H.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora