19|Detalhes.

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Melissa.

- …E então você pega esse resultado e o usa para calcular o calor latente e a potência dessa fonte de calor.Alguma pergunta? 

Sim. Para quê, exatamente eu vou usar isso na minha vida? Tive vontade de perguntar ao professor de física, mas me contive. 

Um coro baixo de “não” ecoou pela sala, mas na verdade pelo menos metade dos alunos não entendeu nada do que ele falou.

O professor sorriu, satisfeito. A ignorância é uma bênção, como diria minha mãe.

- Ótimo. Então eu quero um trabalho de no mínimo dez páginas sobre isso para a semana que vem. - ele disse, e múrmurios de frustração tomaram conta do ambiente. - Parem de reclamar ou o trabalho será de vinte páginas. 

As reclamações cessaram.

O sinal tocou, nos liberando enfim para o almoço. Duda estava ao meu lado reclamando de fome e de dor nos pés, como sempre. Sim, ela ainda insiste em usar aquele sapato de salto que quase acaba com os pés dela todo dia. É a Duda, afinal. Eu já desisti de entender as manias dela há muito tempo. Alec também estava com a gente, apenas prestando atenção no que falávamos. Ele é quase sempre assim, apenas quando a Duda não está com a gente que ele fala bastante. Acho que ela assusta ele um pouco, não tenho certeza. 

Pegamos nossos lanches e fomos procurar uma mesa. No caminho, passamos pela Julia e a nova amiga dela, Marie. Ela mal olhou para nós. 

- Você sabe que ela não vai admitir que também está errada, certo? - perguntou Duda, se sentando numa mesa vazia, e sentei-me de frente para ela com Alec ao meu lado.

- Sei. - eu disse. - Mas todas as vezes que brigamos, se dependesse dela a amizade teria acabado. Dessa vez, eu não vou fazer nada.

Duda revirou os olhos. 

- Eu não vou me meter. Decidam-se vocês duas.

E começou a comer, enquanto mexia no celular.

- Hey! - exclamou Katie, se sentando ao lado da Duda.

Bem, deixe-me explicar. Katie era a prima da Duda que veio de alguma cidadezinha do interior cujo nome eu mal sei pronunciar. A mãe dela achou que já estava na hora de ela correr atrás dos sonhos dela e de uma vida melhor e bla bla bla, e como solução para isso, mandou a filha vir morar com a prima da mesma idade, que vive em Londres e estuda num colégio ótimo que prepara a pessoa para a faculdade. E assim, Katie meio que se tornou nosso bichinho de estimação. No bom sentido, é claro. Ela nos seguia em todos os lugares, menos nas aulas, já que ela é um ano mais nova. 

- Olá. - cumprimentei.

- Oi. - Alec murmurou. Katie pareceu ofendida, já que ele mal desviou o olhar da própria comida.

Katie começou a tagarelar enquanto Duda parecia se controlar para não matá-la. Talvez eu tenha esquecido de mencionar isso, mas a Duda não tem a mínima paciência com crianças, mesmo se for a prima apenas um ano mais nova do que ela. Não posso culpá-la. Com exceção da Lux, todos os meus primos são irritantes.

O horário do almoço terminou, e tivemos que voltar para a classe. Seria animador, já que Duda e Katie estavam começando uma discussão quando o sinal tocou, se nesse período não fossemos ter prova de história.

Ok, história é uma das minhas melhores matérias, mas eu odeio fazer prova. O professor esperou que todos sentassem, entregou as provas a todos, desejou um “boa sorte” falso e começou a andar entre as fileiras, de olho nos alunos que sequer pensassem em colar.

One More Day (H.S)Where stories live. Discover now