07|Cadeados

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Melissa.

-… E é assim que se chama um táxi em francês. – disse Julia.

- Como pode ter tanta certeza?

- Conseguimos um táxi, não conseguimos? – ela se gabou, enquanto entrávamos no táxi que segundo ela, só estava aqui por conta de sua brilhante ideia e de sua extrema inteligência. Traduzindo: ela tem o aplicativo do Google Tradutor no celular.

- Ok, Senhora Espertinha. Agora diz para o taxista para onde vamos.

- Senhora Tomlinson Espertinha, obrigada. – ela corrigiu. - E eu até diria, se eu soubesse para onde vamos.

- Vamos para… Torre Eiffel! – pediu Duda.

- Que clichê, tão… Tumblr. – reclamou Isa. – Sou mais a favor de irmos à Champs Elysees.

As meninas concordaram.

- E eu a favor de irmos no museu do Louvre. E não olhem para mim com essas caras, eu sempre quis ver a parte de esculturas gregas e romanas, e a parte de arte egípcia.

- Nerd. – elas disseram, em uníssono. Desde quando gostar de história é ser nerd?

- Tudo bem. Vamos até a Champ Elysees. – eu digo, contrariada.

Julia digitou alguma coisa no celular e depois disse algo para o taxista em um francês péssimo. Nós aprendemos francês no colégio, e Julia até consegue falar algumas coisas com uma pronúncia meio zoada, eu nunca fui uma aluna muito atenta e a única coisa que Duda sabe falar é “Bonjour”, e Isa nunca fez aula de francês, então…e para ajudar, aqui em Paris é quase impossível se conseguir um taxi.

Imagine quatro retardadas sozinhas no meio de Paris, sem saber falar quase nada de francês. Já dá para imaginar que o “sejam discretas” foi para o espaço e não pretende voltar tão cedo.

- Onde fica a Sephora? – perguntou Isa.

- Eu quero ir na Disney Store!

- Mas tem Disney Store em Londres, Duda.

- Continua sendo Disney Store! E eu estou com fome, vocês não me deixaram tomar café da manhã.

Elas começaram a discutir sobre o lugar que iríamos primeiro. A discussão estava entre Starbucks, Disney Store, Sephora, cinema e algum outro lugar que eu não prestei atenção no nome. Depois de alguns dez minutos, quando os argumentos já estavam baseados em ameaças de postar tal segredo na internet, eu interrompi.

- Chega! – eu praticamente gritei, fazendo umas dez pessoas que passavam olharem para nós. - Quer saber? Vamos numa livraria.

- O quê?! – elas me olharam chocadas.

Revirei os olhos. Por que sempre eu que tenho que colocar ordem no jardim de infância?

- Primeiro, comprar um dicionário de francês/inglês. Depois iremos comer e ir nas lojas que vocês quiserem. Vamos.

A ideia teria sido muito boa e ser a responsável da vez até poderia fazer bem para o ego, se eu soubesse para onde ir. A Champ Elysees é enorme, eu não fazia a mínima ideia de como acharia uma livraria por aqui.

Fiz a primeira coisa aparentemente lógica que eu pude pensar: fui pedir informação para alguém. Achei uma menina que parecia ter a nossa idade, e não tinha cara de metida como algumas outras meninas que eu vi passando por aqui.

Eu e as meninas começamos a fazer umas mímicas misturadas com palavras em francês, já que a maioria dos franceses odiava quando falavam em inglês com eles. Eu desconfiava que nós estivéssemos parecendo uma mistura de orangotangos com pessoas gagas, mas infelizmente era necessário.

One More Day (H.S)Where stories live. Discover now