18|Dudacentrismo: ...

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Melissa.

Demorou alguns segundos - que me pareceram horas - para que Gemma se tocasse que eu estava falando sério. 

- Tudo bem. Mas não acho que há alguma coisa a ser esclarecida. - ela disse, me dando passagem para entrar no quarto dela, embora estivesse meio relutante. 

- Ah, tem sim. Primeiramente, eu não sei o que eu te fiz para você agir dessa maneira comigo. E não negue, eu sei que você não gosta de mim. - eu disse, ao ver que ela pretendia me interromper.

- Bem, - ela se sentou na cama dela. - “Não gostar” é uma expressão muito forte. Eu não desgosto de você, apenas… - ela agitou as mãos, tentando encontrar as palavras certas.

- Acha que não sou boa o suficiente para o seu irmão? - sugeri.

- Mais ou menos isso. - ela admitiu, e para minha surpresa, ela parecia um pouco envergonhada, como se não gostasse de ter essa opinião.

Já era ruim o suficiente saber que a sua cunhada acha que você não serve pro irmão dela. Mas ouvir isso da própria? Nada agradável. Fiquei alguns minutos tentando pensar em algo para dizer.

- Sabe, eu até entendo o que você quer dizer.

Ela olhou para mim, desconfiada.

- Entende?

- Pior que entendo. Acho que se estivesse na mesma situação que você, eu também ia ficar preocupada se a namorada do meu irmão pudesse ser uma babaca interesseira que só vai fazer mal para ele. Mas eu no seu lugar - e não estou dizendo que é isso que você deveria fazer - tentaria dar uma chance. Aos dois. A ele, para provar que é capaz de perceber quando alguém é confiável ou não, e a ela, de provar que não é isso que eu estava pensando. 

Assim que terminei de dizer tudo isso, eu me surpreendi comigo mesma, e também fiquei com um pouco de medo. Quer dizer, quando eu estou elaborando pensamentos tão profundos e filosóficos assim, não é um bom sinal. Talvez eu esteja conversando muito com o Zayn, ou a Duda.

E também percebi que isso tudo soou como um sermão extremamente brega, e que eu não sei ser persuasiva.

- Certo, desculpe. Isso foi absurdamente brega. 

Gemma riu.

- Não, não foi. Até que faz sentido.

- Sério? Eu só achei que pudéssemos tentar nos entender, sabe, pelo Harry. Eu não gostei de saber que vocês dois brigaram.

- Irmãos brigam o tempo todo. - ela retrucou.

- Eu sei. Mas isso faz com que eu me sinta menos culpada. Er, eu só queria que você soubesse que eu amo seu irmão, mas como pessoa. Não como um cantor famoso.

Silêncio. Longos minutos se passaram até que ela finalmente se pronunciasse. E eu fiquei feliz que ela não tenha demorado mais para fazer isso, ou eu surtaria.

- Sabe, talvez eu tenha me enganado. Talvez você não seja uma babaca interesseira. 

- Mesmo eu fazendo um discurso super brega e idiota que não faz sentido?

Ela riu, o que foi bom. Me fez acreditar que ela realmente tentaria não me odiar, ou coisa do tipo. 

- É, mesmo assim.

.

.

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- Filho, você tem mesmo que ir embora hoje? - Anne perguntou, talvez pela décima vez nos últimos vinte minutos, enquanto todos estávamos tomando café da manhã. Eu e Harry iríamos embora dali a algumas horas, já que logo amanhã cedo ele teria gravação e entrevista.

One More Day (H.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora