16|Cheshire cat... não, pera.

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Melissa.

- Quer parar com isso, por favor? – Harry pediu, sem tirar os olhos da estrada.

- Isso o quê? – perguntei, distraída.

- Você está praticamente pulando no banco.

- Desculpe.

- Não fique tão nervosa, não é como se eu estivesse te levando para um lugar horrível tipo… o Triângulo das Bermudas. Ou para uma prova final de matemática.

- Nem minha prova final de matemática não me deixou tão nervosa. – eu disse. Me arrependi, achando que poderia deixa-lo irritado, mas ele apenas riu.

- Eu achei que a Lou estava exagerando quando disse que você tinha um talento natural para o drama.

- Minha tia disse isso?

- Disse. E a sua mãe também. E o Tom também. E eu concordo com todos eles.

- Engraçadinho. – eu disse, embora não tivesse me ofendido nem nada. Eu realmente sou muito dramática, meu pai sempre dizia que iria me colocar num curso de teatro porque tanto talento para drama não deveria ser desperdiçado. – Eu estou com medo da sua família não gostar de mim, simples.

- É claro que eles vão gostar de você. - Para começar, quem começou com essa história de virmos para Holmes Chapel foi a minha mãe. Faz uns dois meses que ela tem insistido sem parar “Quando você vai trazer a sua namorada para que eu possa conhecê-la?” – Ele disse, no que eu julguei uma péssima imitação da mãe. – Estava ficando meio irritante, para falar a verdade. Mas o que eu quero dizer, é que se ela achasse que você não é uma boa pessoa, não estaríamos a caminho da minha casa agora.

Isso me acalmou um pouco. Mas eu ainda estava um pouco preocupada com a possibilidade de ela não gostar de mim, achar que eu não servia para o filho dela, sei lá. Mães são estranhas, às vezes elas mudam de ideia tão rápido que você não tem tempo de “processar” a informação.

Harry pareceu perceber que eu ainda não estava tão calma assim, e então ele ficava puxando assuntos idiotas para me manter ocupada. Conversamos sobre a situação política do país, a crise do petróleo e até o mistério do porquê não existe pudim de vodka (eu comecei falando sobre pudim de pinga, mas Harry não sabia o que era pinga, então mudei para vodka).

- Mas não existe comida azul.

- É claro que existe!

- Eu quis dizer comida naturalmente azul. – ele argumentou.

- E as blueberries são o que?

- São roxas.

- Então é melhor te levarmos ao médico, você está com sérios problemas de visão.

- Por quê estamos falando sobre isso?

- Porque eu estou frustrada com o preconceito contra a comida azul. – eu disse. Talvez (muito) influenciada por meus livros, eu tinha pego uma mania de colocar corantes alimentícios azuis em todas as coisas que eu cozinhava, e sempre que eu estava comendo as pessoas me olhavam com cara de “Qual é o seu problema?”.

- Você está lendo Percy Jackson demais.

Eu estava pensando em uma resposta sarcástica boa, quando me dei conta de que eu nunca chegara a contar para Harry de quê livro, exatamente, eu tinha tirado a ideia da comida azul. Então, como ele sabia?

- Harry…?

- Talvez eu tenha lido alguns trechos do livro. – ele confessou, encolhendo os ombros.

One More Day (H.S)Where stories live. Discover now