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Acordar ao lado de Benjamin era um problema, e dos grandes. A cada dia que passava, ele vinha se mostrando carinhoso e surpreendente. Todos os sinais apontavam que eu estava apaixonada, e isso me assustava, porque eu sabia que não tinha mais volta. 

Eu queria muito que Benjamin fosse o tipo de homem babaca, eu juro que ficaria feliz por isso, mas não... Ele é doce, carinhoso e além de tudo, lindo. E olha que eu não estou falando de sua beleza exterior.

Depois de domingo, a gente vivia mais grudados que eu e Mia. Íamos para o ensaio juntos, almoçávamos e voltávamos pra casa. Nós estávamos nos entendendo e não tínhamos rotulado nossa relação, eu acho melhor assim. Eu fiquei sozinha no apartamento por uns alguns dias, porque Mia passava todas as noites com Nero, eu só a via nos ensaios. Eles finalmente tinham oficializado o namoro. Benjamin aproveitou essa oportunidade para dormir comigo todas as noites. Eu o expulsava algumas vezes, mas ele acabava voltando de madrugada.

Fábio na segunda-feira, contou que seu avô tinha sofrido uma parada cardíaca, mas que estava estável. Os ensaios finalmente estavam se acertando, e tudo estava ficando incrível. Faltava um mês para nossa estreia, e o nervosismo se aproximava cada dia mais. 

Todos esses dias, eu me senti observada, mas não era a única com essa sensação. Mia também se sentia assim, e toda vez que estávamos sozinhas, parecia que o nosso observador – se é que tinha algum – estava a centímetros de distância.

Hoje, quinta-feira, exatamente às 20h03, eu estou oficialmente, morta. Fabio está pegando pesado com a gente hoje, estamos ensaiando no total de 12 horas agora e meus pés estão no automático. Eu estou deitada na coxia enquanto Fábio grita desesperadamente com alguns atores que estão no palco. 

Sinto um sopro no meu pescoço eu abro os olhos e vejo Benjamin em cima de mim.  Ele sorri e esse simples sorriso aquece meu coração.

— Oi. — ele se aproxima e da um selinho em meus lábios.

— Oi. — eu sorrio, e ele deita do meu lado colocando um de seus braços embaixo da minha cabeça. — Faltam quantas cenas?

— Essa é a última, mas ele quer conversar antes de liberar geral.

— Ah, como são lindo os pombinhos. — Mia fala entrando na coxia. 

Eu mostro meu dedo do meio pra ela e Benjamin ri em meu pescoço.

— Vicki, eu vou dormir no Nero hoje de novo.

Benjamin levanta sua cabeça rapidamente, enquanto Mia senta ao meu lado.

— Vai mesmo? — ele pergunta esperançoso.

Silêncio na coxia. — alguém grita lá de fora.

— Vou mesmo. — Mia responde e eu reviro os olhos.

Todos, por favor, venham ao palco.

Eu estou tão moída que dormiria aqui mesmo. Benjamin levanta, e me ajuda a levantar. Eu pego nossas bolsas e saímos da coxia. Fábio está no meio do palco com um sorriso de orelha a orelha.

— Hoje de manhã, eu recebi uma ligação muito importante do Teatro SAAP de São Paulo. Esse teatro é um dos mais famosos em São Paulo, e a estimava do público normalmente é de 500 pessoas. O Rodrigo, que é o dono do teatro, é meu amigo há anos e descobriu que eu estava dirigindo esta peça, e me fez uma proposta irrecusável. Ele conhece o meu trabalho, e já atuou comigo em algumas peças na nossa adolescência. Preparados? — todo mundo balança a cabeça freneticamente. — Ele quer a nossa peça em cartaz por três meses em seu teatro.

Segundos depois de Fábio dar a notícia, eu só ouvia: "O que?" "Ai meu Deus." "Caralho!"

— E quando nós vamos? — Diego grita.

Entregando-MeWhere stories live. Discover now