Benjamin's POV

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Com quinze anos, meu pai me fez dois pedidos. O primeiro foi que eu me tornasse um homem honrável. O segundo que eu lutasse por minhas batalhas. 

Eu estava com quinze anos e começando a modelar, quando ele faleceu. Com dezesseis, participei do desfile da Colcci. Com dezessete passei cinco meses fora do Brasil. Modelei na Itália, New York Fashion Week, Milão. Com dezoito fiz meu último desfile em São Paulo. Conheci Fábio lá. Ele me apresentou ao teatro. Quis ser ator. Entrei na faculdade. Com vinte estava cansado de ir a inúmeros testes. Eu não passava em nenhum. Com vinte e um quis desistir. Meu pai não deixou. Com vinte e dois me formei em artes cênicas. Fiz meu primeiro comercial. Com vinte e quatro, pensei no que meu pai disse "Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida.". Com vinte e sete sinto orgulho de mim. E meu pai também.

"Brindaremos a Benjamin... Que conseguiu a vaga no curso em Nova York."

Todos queriam uma vaga e descobrir que eu consegui, me fez sentir o Tony Stark. O dono dessa porra toda. Eu quis gritar, correr, mas a única reação que tive foi não me mover, e esperar qualquer outro tipo de reação na sala. A primeira a se mover foi minha menina, ela me olhou e pulou em meu colo. 

Ela também está orgulhosa de mim.

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— Incrível. — eu respondo ainda ofegante.

Eu dou um beijo em seu pescoço e saio de dentro dela. Visto minha calça e Victoria arruma seu vestido. Ela vira pra mim com um sorriso sonolento e me abraça.

Eu não posso passar os próximos quatro anos longe de você.

Como faremos? Eu estou tão animado com os próximos anos, mas em pensar que Victoria não estará comigo me deixa na beira de um precipício. Tudo que eu sonhei está lá embaixo, esperando eu saltar, mas se eu saltar, o que acontece com nós?

— Ei. — eu a ouço chamar. —Tudo bem?

— Sim amor, eu estava distraído. Vamos descer?

Ela faz que sim com a cabeça e seguro sua mão descendo em direção à festa.

Por enquanto vou manter esse pensamento de lado. Hoje foi nossa estreia, e eu não vou estragar nossa noite pensando nisso. Hoje é dia de comemorar. O teatro estava lotado, tinham críticos importantes nos assistindo, e eu tenho certeza que alguém sairá daqui com um contrato assinado.

Chegamos à sala e Victoria avisa que vai buscar uma bebida. Eu concordo com a cabeça, e vou para onde os meninos estão. Todos estão empolgados, comentando sobre suas cenas e a viajem da semana que vem. Teremos apenas uma semana de descanso para voltar com tudo no teatro em São Paulo. Depois de ficarmos três meses em cartaz, eu terei apenas um mês para me preparar e ir pra Nova York. Parte de mim está extasiado, mas a outra parte... A parte maior que pertence a Victoria está entrando em colapso a cada minuto que se passa.

Pensando em Victoria, eu a procuro no meio dessa multidão de pessoas e a encontro na cozinha. Linda. Ela está conversando com uma das meninas, quando um homem chega ao seu lado e a segura pela cintura.

Mas que porra?

Eu saio disparado igual um foguete em direção aos dois. Minha visão chega a ficar turva por conta da raiva que eu sinto. 

Quem esse merdinha pensa que é pra segurar minha garota desse jeito? 

No momento em que me aproximo, eu o reconheço. Ele ainda está com a mão na cintura de Victoria, quando paro bem atrás dele.

— Seu merdinha. — eu o empurro e ele cambaleia pra frente, mas se vira rapidamente. — Não te ensinaram a não tocar no que não é seu?

— Ei, calma Beni. — ele levanta as mãos rindo. — Eu só estava aqui me apresentando pra sua garota. Linda ela, né?

— Você precisa se apresentar segurando a cintura dela, Matheus? — ele cai na gargalhada.

Eu por acaso contei alguma piada?

— Eu estou chocado. Nunca achei que fosse ver meu melhor amigo assim. Victoria, meu amor, você é a única garota que eu tenho certeza que Benjamin não deixará eu...

— Termina essa frase e Julia ficara viúva antes mesmo de pensar em se casar com você, seu merda.

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— Benjamin, pelo amor de Deus, levanta.

— Só mais cinco minutos. — eu resmungo voltando a pegar o cobertor que Victoria acabou de puxar.

— Essa de "só mais cinco minutos" não vai funcionar hoje. Levanta, ou terei o prazer de ligar para o Matheus e pedir pra ele vir te acordar.

Eu pulo da cama desesperado.

O Matheus não! 

Da última vez que ele me acordou eu achei que estava tendo um infarto. Aquele filho da puta – com todo o respeito à tia Sofia – jogou uma bombinha dentro do meu quarto. Eu estava tendo um sono tranquilo, sonhando que estava andando em uma girafa, e de repente me senti em Tropa de Elite no meio do tiroteio. Eu acordei com tanto medo que quase mijei nas calças. Depois de alguns dias eu fiz o mesmo com o ele, e a reação foi a mesma, exceto que ele mijou mesmo nas calças. Eu filmei, claro.

— Ok. Ok. Já acordei. — eu vou cambaleando para o banheiro, mas algo me prende a atenção. — Meu Deus, bom dia pra você também, amor.

Victoria está de calcinha e sem sutiã na minha frente procurando provavelmente uma roupa para viajarmos. Ela não reparou que eu ainda não entrei no banheiro e estou a admirando.

Você é um filho da puta sortudo, Benjamin. 

Eu a agarro pela cintura e a jogo na cama em um movimento nada delicado. Ela grita assustada e tenta me empurrar, mas é em vão seu movimento. Eu não dou tempo dela falar qualquer coisa, e tampo sua boca com um beijo feroz. 

Como eu amo esses lábios. 

Eu não ligo se estamos fodidamente atrasados, ou se o Fábio irá cortar minhas bolas, eu não ligo mesmo.

Eu sugo sua língua, e ela aos poucos vai se entregando. Quando eu mordo seu lábio interior, ela se rende por total e me puxa cada vez mais querendo grudar nossos corpos. Eu arrasto minha mão por seu corpo, tocando cada parte dele. Ela geme quando uma mão minha atinge seu mamilo duro de excitação. Ela se afasta pra recuperar o fôlego e eu levo meus lábios até seu pescoço.

Seu cheiro é tão magnífico, Victoria.

— Amor, nós... vamos... n... os... atrasar. — ela fala entre os gemidos. 

Eu volto com minha boca para a sua, mas o som do meu celular tocando frequentemente me distrai e Victoria aproveita pra me empurrar. Eu rolo para o outro lado da cama e ela levanta correndo procurando pelo som, é até engraçado vê o quanto ela está preocupada com isso tudo.

Desde semana passada Victoria está uma pilha. Nós ficamos uma semana preparando tudo da nossa viajem para São Paulo. Eu entendo por ela estar tão nervosa, eu também estou, mas tento não demonstrar.

Depois desses três meses em cartaz, eu só terei mais algum tempo até ir de vez para Nova York. Nós ainda não conversamos sobre como será nosso relacionamento, acredito que estamos tentando viver o momento agora e quando tivermos que tomar uma decisão, será em cima do laço. 

Eu penso todos os dias em convidá-la para ir comigo, mesmo sabendo que será difícil ela conseguir algum trabalho por lá. Os cursos não terão mais vagas, então, será que ela aceitaria ir comigo e tentar a vida lá fora? Deixar sua família aqui? O pior é que não há garantia que eu volte depois do fim do curso.

— É o Fábio. — Victoria grita, imediatamente, saio dos meus pensamentos. — Banho. Agora. Benjamin.

Eu bufo, levanto minhas mãos em rendição e vou caminhando para o banheiro.


Entregando-MeWhere stories live. Discover now