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7 dias sem Benjamin.

"Mua? Sofrer por causa de homem? Você está louca, Mia.". Hoje eu pensando nessa frase, tenho certeza que o destino brincou comigo. Eu não procurava pelos garotos na minha adolescência, quando ficava com algum, era legal, de boa, mas nada que fizesse meu estomago se retorcer. Minha irmã falava que por eu não ter tido nenhum namoradinho, eu me tornaria uma velha solitária com seus 40 gatos pra cuidar. Enquanto minhas amigas – as poucas que tinha – sofriam por causa dos namorados, eu mantinha o foco em outras prioridades. 

Até pouco tempo, minha irmã enchia o saco falando "Victoria, você deve encontrar a metade da sua laranja. Você ta ficando velha". É claro, que com minha devoção secreta por livros, eu tive que responder que "Calma lá, amiga. Eu nem gosto de laranja.". Santa Isabela Freitas.

Alguns meses atrás eu mantinha esse pensamento firme, até conhecer... Ele. Benjamin Dantas, Beni, Sr. Molhador de calcinhas, chamem do que quiser, mas antes dele aparecer repentinamente em minha vida – em um Impala 1967, e não no cavalo branco –, eu era feliz, e não sabia. 

A maioria das pessoas fala que dois minutos não significam nada quando se está atrasado de manhã, mas bastaram malditos trinta segundos daquele olhar, pra descobrir que eu estava mais perdida que Sofia Alonzo no século 19. Vocês sabem o quanto eu lutei para me manter afastada, mas era praticamente impossível.

Agora, exatamente às 11h:46, 2 de Novembro de 2015, quinta-feira, eu estou aqui bebendo uma dose de uísque – ei, em algum lugar do mundo já são 22h00 – e fumando um cigarro, tentando afogar as magoas de ter um coração partido. Um coração partido que de inicio, eu nem queria ter. Irônico, né?

— Achei você. — alguém fala interrompendo meu momento "eu não ligo pra nada.".

— Infelizmente. — eu resmungo.

— Irmã, eu sei ainda é cedo e tudo mais. — ela se senta ao meu lado, e puxa o copo da minha mão. — E quando eu digo cedo, quero dizer cedo também pra beber, e fumar? Desde quando Victoria?

— Ai, sem gritaria, eu só tô fumando pra aliviar um pouco. — eu solto a fumaça, e deito no chão, olhando para o céu. Eu viro pra Mia e a vejo me encarando. — Primeira e última vez, mamãe.

— É bom mesmo. Olha — ela começa a mexer em meus cabelos. Eu amo quando faz isso. — Eu sei que a situação de vocês não é nada fácil, mas aguenta só mais uma semana, irmã. Vocês fazem a peça, e quando você menos esperar, ele viajará e juntas tentaremos seguir adiante.

Fecho os olhos e sinto o bolo arder em minha garganta. 

Eu não vou chorar de novo! 

Eu apago o cigarro no cinzeiro, e deito minha cabeça em seu colo.

— É tão complicado, mas a culpa é minha. Por que eu simplesmente não posso largar tudo e ir com Benjamin viver o nosso sonho americano? — eu agarro sua cintura, e começo a chorar.

— Vicki, você ta arrependida de ter dito não? Porque você ainda pode voltar atrás... — eu faço que não com a cabeça. — Não é como se ele estivesse indo embora amanhã, ele ainda tem quase um mês pra viajem.

— Infelizmente... ou felizmente, eu já nem sei mais. — eu levanto, e calço os chinelos. — Eu vou tomar um banho, nós temos ensaio daqui a pouco.

— Vicki. — eu me viro. — Se isso te faz sentir melhor, Benjamin também não ta feliz com a decisão de vocês.

Eu faço que sim com a cabeça, e vou andando em direção ao quarto.

Entregando-MeWhere stories live. Discover now