Doze - Lembrança de um passado não muito distante

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Demorou um breve instante entre Melissa assimilar a perigosa e inesperada presença de Brian e corresponder o sorriso com o máximo de sinceridade que a situação lhe permitiria reunir. Seu coração disparou no peito e o motivo não era o reencontro com o ex-breve-namorado que, aparentemente, a odiava desde que havia sido trocado por um declarado psicopata. Suas mãos começaram a suar e ela perdeu a linha de pensamento enquanto ele caminhava hesitante em sua direção. Não fazia sentido ele estar ali, naquele momento, naquele dia, naquelas circunstâncias... O destino jogava contra ela e Corey, e tal constatação fez seu estômago afundar e certo enjoo embaçar sua visão.

Quando Brian finalmente parou à sua frente, o primeiro impacto foi de seu conhecido perfume. Então o verde brilhante de seus olhos que colocou tudo nos eixos novamente.

Ele não poderia ter visto Corey... Poderia?

-Olá. – Brian disse, o tom tão hesitante quanto seu caminhar.

Tinha as mãos escondidas nos bolsos da calça jeans e o peso do corpo balançava em seus pés. Ele sorriu, e quando o fez, Melissa tentou corresponder novamente.

-Olá. – foi a única palavra que conseguiu formar, então olhou para a porta de vidro de seu prédio, esperando pelo trágico momento em que Corey apareceria ali, Brian o veria, então tudo estaria perdido.

Sentiu vontade de chorar e então gritar de frustração, mas manteve seus nervos no lugar. Resolveria o problema como pudesse.

-Como está? – ele perguntou.

O sorriso hesitante não sumia de seus lábios. O de Melissa também não, porém àquela altura já havia ganhado a qualidade de sorriso nervoso.

-Estou levando... E você? – continuou, e mais uma vez deixou seus olhos discretamente vislumbrarem a porta do prédio.

-Estou bem também. – Brian respondeu, mas sua voz foi como um sussurro distante, porque naquele exato instante a porta do elevador abriu e Corey surgiu.

Sua primeira reação foi fazer uma careta, provavelmente se perguntando com quem Melissa estava conversando, mas durou um milésimo de segundo até a careta desaparecer e seus olhos arregalarem quando efetivamente reconheceu a pessoa com quem Melissa estava conversando. A boca dele também escancarou de incredulidade. E, numa atitude de admirável reflexo, rapidamente Corey caminhou o longo passo que o separava da parede que o esconderia da visão de Brian ao mesmo tempo em que Melissa, numa atitude precipitada e desesperada, o abraçou, virando seu corpo contra o edifício, contra a porta que revelaria Corey e colocaria tudo a perder.

Demorou um breve instante até que Brian se desse conta do abraço que estava recebendo, mas correspondeu o gesto de Melissa com um estranho entusiasmo. Ela se afastou, abrindo o sorriso mais sem graça e menos desesperado que conseguiu.

-Não esperava por isso. – ele coçou atrás da cabeça e o sorriso em seus lábios era tímido.

-Desculpe, eu... Acho que senti sua falta, afinal. – foi o que Melissa conseguiu dizer, dando de ombros. – Você... – ela pigarreou nervosa, incerta sobre o convite que faria a seguir. Quando viu os olhos de Corey discretamente espiando por trás da parede, soltou um suspiro e continuou: - Gostaria de tomar um café? Estava indo fazer isso agora mesmo...

Brian aumentou o sorriso e prontamente respondeu:

-Claro.

Melissa aquiesceu e indicou o caminho, olhando por cima do ombro para a porta do prédio. Brian já estava fora do campo de visão de Corey, que saiu de trás da parede. Melissa lançou-lhe um olhar de desculpas e correu dois passos para acompanhar Brian, a consciência mais pesada do que jamais antes esteve.

Lobotomia (Livro II)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora