Vinte e Cinco - O Primeiro Encontro

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"Ajudo você, se você me ajudar. Nós dois queremos saber onde ele está. Josh"

Melissa perdeu a noção do tempo, e a conta do número de vezes que leu e releu aquela mensagem. Até decorar todas as palavras. Até ser capaz de imaginar perfeitamente a tonalidade de voz do investigador Josh Bethel ao proferir cada uma delas.

Estava absolutamente... Chocada.

Sabia de quem ele estava falando... Mas não tinha certeza se queria mesmo saber aonde Brian havia se metido. Agora que sabia que ele sabia mais do que deveria, bem... Era mais um problema a ser resolvido. Um que não gostaria de lidar. Desaparecido parecia mais cômodo, embora preocupasse por não ter ideia do que ele poderia estar fazendo. Ou se já estava...

Melissa interrompeu o pensamento. Brian não estava morto. Isso não poderia acontecer. Seu estômago embrulhou e ela se deu conta de que havia se esquecido de respirar durante aquele momento.

E então riu, porque a situação era tão ridícula quanto o pai de Corey em um programa sensacionalista falando sobre filhos mortos na porta do cemitério.

-Como ele descobriu seu telefone?! – Corey perguntou, aparentemente capaz de sair da situação de choque mais rápido do que Melissa.

Ela demorou ainda mais um instante, até ser capaz de proferir a frase que seu cérebro havia formulado.

-No celular de Kate, talvez? – deu de ombros.

-Kate está nos ferrando na proporção que nos ajudou no passado!

-Não é culpa dela...

-E ele pode ser rastreado?! – a voz de Corey soou preocupada. E urgente.

-Eu não...

Ele não perdeu tempo. Pegou o telefone das mãos de Melissa, tirou o chip, partiu-o ao meio e pisou no aparelho, só para garantir que estava muito bem destruído.

-Você estragou meu celular! – exclamou indignada.

Gostava muito dele...

-Eu compro outro pra você. Prefere o celular ou sua liberdade? Deveria ter destruído esse celular há muito tempo! Como somos burros! – Corey deu um tapa na própria testa – Ele não é tão bom investigador assim... Se fosse, já teria nos pego há muito tempo. – e rolou os olhos.

-Também não somos tão ruins assim... – Melissa ponderou, ainda lamentando seu celular em pedaços.

-Que seja. – Corey estava impaciente e começou a andar de um lado para o outro. – Por que de repente ele resolve querer cooperar com você?! Ele sabe que está comigo! Será que acha que é estúpida o suficiente pra se comunicar com ele? Ajudar a encontrar Brian? Espero que esse maldito já esteja no inferno, abraçando o capeta, que é o lugar dele!

-Corey, não seja tão maldoso...

-Realmente, não devo ser maldoso com o cara que quer a todo custo roubar minha mulher de mim. Só de lembrar que algum dia ele beijou você, doutora, já me dá vontade de...

-Pare. Já passou. – Melissa o interrompeu – Ele sumiu, e não sabemos o que pode ter acontecido com ele.

-Aposto que está tramando um jeito de nos foder. Ou melhor, me foder. Você ficaria de fora e ele daria um jeito de te...

-Pare! – Melissa levantou o tom de voz a oitava suficiente para que Corey prestasse atenção. Ele apertou os lábios em uma linha fina e assentiu resignado. Melissa continuou: - Talvez fosse uma solução.

Lobotomia (Livro II)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora