Vinte e Nove - Resgate

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-Então, Sherlock, tem alguém em mente? - Josh perguntou, sem tirar os olhos da estrada.

Corey demorou um segundo para responder, primeiro porque as algemas machucando seus pulsos traziam lembranças com as quais não estava preparado para lidar; segundo porque dizer o nome de Brian sem uma preparação antes... Não parecia uma boa ideia. Porque Josh jamais acreditaria, de qualquer forma. Nem ele mesmo acreditava mais em sua absurda teoria sobre Brian e o assassinato de Barber. E o sequestro de Melissa. Mas preferiu se agarrar à esperança de que aquele Audi prata conhecido o levaria a ela. Não havia nada mais a fazer, afinal.

-Ainda não chegamos a nenhuma conclusão mais concreta. – ele deu de ombros casualmente.

Sentia os olhos de lince de Josh o medindo a cada poucos segundos pelo espelho retrovisor. Como se ele fosse pular pela janela do carro... Não aconteceria nada até que Melissa estivesse em seus braços, em segurança.

-Estiveram esse tempo todo investigando e não chegaram a nenhuma conclusão?

-Não somos pagos para isso, não é mesmo? Parece que Scotland Yard não teve muito mais sucesso do que a gente...

Ele soltou uma risada irônica e respondeu:

-Não estávamos procurando uma pessoa que provavelmente não existe. E acho que acabamos de capturar aquela de quem estávamos atrás. Não foi tão difícil.

-Eu me entreguei. – Corey não conteve a vontade de revirar os olhos. E garantiu que Josh o visse fazendo isso.

-Ainda assim...

-Você sabe que vai ter que me soltar. Mais cedo do que imagina.

-Você vai pagar para uma pessoa se entregar no seu lugar?

-Não preciso, sou inocente, e posso provar. Só precisamos encontrar Melissa primeiro.

Josh apertou os lábios em uma linha, o que Corey viu pelo espelho retrovisor, então assentiu. Ele parecia um incrédulo louco para acreditar, foi o que Corey deduziu. Bem, ele tinha várias coisas a dizer, apesar da estúpida perda do vídeo de Danny Langdon confessando tudo. Mas se Brian estivesse envolvido e fosse o sequestrador de Melissa, seria um retrocesso muito bem compensado. Não teria como fugir de um flagrante. Mesmo sendo o autor dele o melhor amigo de infância. Josh não parecia o tipo de cara que passava por cima da lei para favorecer a quem quer que fosse.

-Tudo bem, acho que podemos nos virar com isso.

-Vai rastrear o celular? - a esperança na voz de Corey era quase humilhante, não fosse a situação de desespero.

Por um momento achou que iria parar atrás das grades, enquanto Melissa continuava nas mãos de sabe-se lá quem (Brian), então tudo estaria perdido... Por um momento achou que tinha cometido o maior erro de sua vida ao chamar Josh Bethel. Pelo menos uma vez, no meio de toda aquela confusão, havia acertado em alguma coisa.

Estava orgulhoso, de certa forma.

-Vou dar uma chance a você, Sanders, porque estou de muito bom humor, você deve imaginar por quê...

Corey nem sequer respondeu à provocação, apenas assentiu e aguardou ansioso pelo próximo passo.

Josh não falou mais nada durante o caminho. Desceu do carro em silêncio quando chegaram à sede da Scotland Yard mais próxima, abriu a porta de Corey e o escoltou de perto para dentro do prédio de paredes brancas e divisórias de drywall. A escolta de viaturas veio logo atrás, um batalhão de policiais os acompanhou pela entrada, um belo cotejo. A plateia de policiais fez jus à sua ilustre presença. Todos sabiam quem ele era, obviamente. Corey esperou pelo momento em que todos aplaudiriam em pé o grande feito do investigador Josh Bethel.

Lobotomia (Livro II)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora