Quinze - Estampido

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-Olha só quem está otimista agora... – Melissa suspirou e se jogou no sofá.

De repente o cansaço de dias sem dormir de um modo apropriado se abateu sobre ela. De repente tudo o que queria era deitar sob suas cobertas e só acordar quando tudo estivesse resolvido. A vida parecia mais simples quando vista sob tal perspectiva...

Corey sentou ao lado dela, o cenho franzido e os olhos cerrados:

-Otimista?

-Sim. Como acha que conseguiremos chegar a Chelmsford sem fazer você ser preso no meio do caminho com esse insuportável desse investigador no nosso pé?

-Você acha que ele vai montar acampamento na frente do seu prédio outra vez?

-Eu tenho certeza. – ela soltou um riso irônico.

Corey pareceu não gostar da reação de Melissa. Talvez esperasse a injeção de ânimo que ela vinha lhe dando desde que havia retornado. Melissa não sentia vontade de dar injeção de ânimo em ninguém, especialmente quando faltava no estoque para ela mesma. A visita do investigador Josh Bethel, afinal, a abalou mais do que esperava, mais do que queria.

-Ele garantiu que isso não vai acontecer... – Corey disse, mas o riso de incredulidade em seus lábios não foi bem disfarçado.

Ele acreditava tanto nas palavras de Josh Bethel quanto Melissa. O que talvez demonstrasse que, de fato, ela estava com a razão. Não havia meio de tirar Corey dali em segurança, a menos que de repente criassem a habilidade de filmes de ação de despistar policiais em tocaia. Algo não tão complexo, dado o passado de Melissa com planejamentos de fugas da prisão. Contudo, mais uma vez, do lado de fora do St. Marcus Institute as coisas pareciam muito mais complicadas... Como se ele fosse mágico, dando a maravilhosa ilusão de que tudo pudesse acontecer, desde que você tivesse imaginação o suficiente para colocar em prática. Sua própria Oz escondida no interior frio e remoto da Inglaterra... O que alimentava suas suspeitas de que havia algo naquele lugar que a razão humana simplesmente não podia explicar.

-Eu acho que podemos dar um jeito, caso tenha algum policial plantado ali fora. – Corey retomou o assunto, ao notar que Melissa estava perdida demais em pensamentos para lhe responder – Eles fazem isso o tempo todo nos filmes, não fazem?

-Eles quem?

-Os mocinhos inocentes que precisam fugir da polícia para provar sua inocência. – Corey deu de ombros.

-Você assiste a filmes demais.

-Eu não assisto a um filme há tanto tempo que nem sei mais como funciona um cinema.

Melissa finalmente o encarou por um instante, e nesse instante abriu um sorriso complacente.

-Resolveremos esse problema assim que você não for um criminoso procurado pela polícia.

-Eu acho que o cinema seria o último lugar em que a Scotland Yard me procuraria...

-De fato, acho que podemos escondê-lo em uma sala de projeção.

-Gosto da ideia, é um local escuro e aconchegante. Quantas vezes por semana você pode me visitar? – ele abriu um sorriso.

Melissa rolou os olhos e respondeu:

-Estamos perdendo o foco aqui.

-Desculpe. – ele torceu os lábios – A questão é que eu acho que estamos superestimando as habilidades dos agentes da Scotland Yard. Já fomos capazes de lidar com eles antes, eu notei com facilidade a tocaia que aquele imbecil do Josh Bethel estava montando todos os dias na frente da sua casa, então... Bem, posso encontrá-los mais uma vez. E então você faz o seu trabalho.

Lobotomia (Livro II)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora