CAP. 14

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Fernanda sabia. Sabia que isso não daria certo desde o começo. Sabia que não iria conseguir.

Ela caminhava pelas ruas escuras, rumo à sua casa, enquanto limpava suas lágrimas tentando esquecer o que havia acontecido:

-Não... eu e o Roberto nos desentendemos...

-Que bom né?- Matheus solta sem pensar num tom divertido.

-Desde quando é bom perder amigos Matheus?

-Desde quando esses amigos não prestam.- Fernanda se indignou com a resposta de seu futuro noivo. Tá certo que o Roberto não valia nada, mas quem o Matheus pensava que era pra falar assim dele?

-E quem disse que Roberto não presta?

-Nanda, ninguém precisa dizer... todo mundo vê só de olhar pra cara dele.- É... provavelmente Matheus tomou mais goles do que deveria do champanhe.

-Escuta aqui Matheus, o Roberto pode ser o cafajeste que for, mas isso não te dá o direito de falar assim dele.

-Ah... É claro que não. O que me dá esse direito é ele agarrar minha noiva
- Fernanda se assusta. -E ela não fazer nada pra impedir. -Agora o orgulho dela foi ferido. Ele não sabia de nada. Não sabe se ela puniu ou não Roberto por causa do beijo. Ele não sabia metade das coisas pelas quais ela está passando, Matheus não sabia nada sobre ela. Então ele também não pode falar assim dela.

-Você quer dizer que a culpa foi minha?

-Não foi isso que eu disse Fernanda.

-Mas foi o que pensou! Você não estava lá do nosso lado! Não sabe o que aconteceu!

-Mas eu sei o que eu vi! -Matheus diz. Sem alterar a voz (Coisa que Nanda já havia feito a um tempão) e sério. - e eu não aceito que nenhum cafajeste fique colocando as mãos em você assim!- Fernanda se assusta mais ainda internamente, por que estranhou ouvir "cafajeste" num tom tão calmo.

Mas ela já estava enfurecida. Fernanda se tornou uma bomba relógio renovável depois de tudo que tem acontecido. Então, ela explodiu. Mais uma vez.

-PELO MENOS ELE NÃO É UM PARAPLÉGICO MAL HUMORADO E INGRATO COM A VIDA!- Ela grita deixando todos da sala pasmos e chocados.

Fernanda pegou sua bolsa e em dois segundos já estava atravessando a saída.

-FERNANDA! -Foi a última voz que ela ouviu após sair batendo a porta. Voz que ela distinguiu ser da sua mãe.

A culpa estava consumindo-a. Ela estava andando desorientada pelas ruas, tentando chegar em sua casa. Sabia que estando em um bairro residencial nobre, nada aconteceria a ela, pois a segurança lá era maior. Pelo menos ela achava.

Fernanda avisou um grupo de jovens, da sua idade aproximadamente, bebendo, ouvindo música e dançando. Ela teria que passar por eles, já que o povo ocupava a rua inteira.

-ô gatinha! Vem cá! -um jovem falou.

-Essa aí eu fazia estrago! -outro disse.

-Eu gostosa! Vem aqui que eu te ensino o que é bom!- outro jovem aleatório disse e Fernanda apressa o passo mas é cercada por um grupo de garotos. Eles falavam coisas horríveis e nojentas para ela. Um deles apalpou sua bunda e quando outro ia pegar em seu seio, alguém pulou em cima dos caras e começou a bater neles. Eram vários que apareceram para ajuda-la.

Fernanda chorava descontroladamente então ela não conseguiu ver nem ouvir mais nada.

-você está bem?- Uma voz a tira do transe. Uma voz extremamente conhecida.

-Roberto... me tira da gente...- Fernanda diz com um fio de voz e o abraça. Nesse momento ela se permitiu esquecer tudo o que ele fez. Tudo o que estava acontecendo. Ela só queria um ponto de apoio. Ela só queria poder desmoronar.

¤

Nanda acorda no outro dia em seu quarto. Ela não lembra de como, nem quando chegou ali. Só sabe que Roberto a ajudou e que havia pago um papelão na casa dos sogros no dia anterior.

Ela basicamente está se sentindo uma idiota.

Uma completa idiota e otária.

Nanda se levanta e caminha até o banheiro. Lá ela escova os dentes, lava o rosto e volta para o quarto, pois ainda está com a roupa de ontem. Se troca, coloca o vestido no cesto de roupa suja e guarda o sapato que estava perto da cama. Sapato que ela não lembrava de ter tirado.

Nanda caminha até a cozinha meio zonza e percebe que está sozinha em casa. Sua cabeça está tomada de pensamentos sobre a burrice que fez ontem. Uma culpa tomava o seu peito, fazendo seu coração doer toda vez que lembrava das palavras horríveis que ela soltou em cima de Matheus.

Tudo por causa de Roberto.

Fernanda não sabe se eles ainda são amigos. Por um lado ele foi um tremendo filho da puta e cafajeste com ela, mas por outro lado ele é como se fosse um irmão. Nos poucos dois anos (quase três) que eles eram amigos, ela se afeiçoou tanto ao rapaz que desenvolveu um certo amor por ele.

Nanda se sentia confusa. Brigou com um rapaz maravilhoso e que não tem culpa de ter pais totalmente idiotas e sem noção e ainda perdeu um irmão, não por culpa dela é claro... mas ainda se sentia culpada. Talvez... Se ela tivesse reagido de imediato a aquele Beijo... As coisas pudessem ser diferentes.

Fernanda se senta no sofá e abraça suas pernas, encosta a testa no joelho e chora. Ela está totalmente vulnerável e desesperada. Seu coração bate a mil por segundo, o que não ajuda nada no seu problema cardíaco.

Ela tem medo do que está por vir.

Fernanda sente que seu coração pode rasgar seu peito a qualquer instante se ela não se acalmar, o que ela tenta com todas as suas forças, mas o rosto de Matheus vem a sua cabeça e ela desaba novamente. E seu coração dispara. Fernanda respira fundo, lembra de Roberto, das vezes que ele a consolou, de quando ela ia com ele e Luana ao cinema mas ao invés de assistir o filme, eles ficavam mexendo um com o outro pra irritar, lembrou da vez que ele protegeu ela e Luana dos valentões da escola.

E lembrou do beijo.

O maldito Beijo que estragou tudo.

E seu coração dispara. E ninguém mais o segura. Nanda abre os olhos, encara a TV desligada, tudo escurece e Fernanda apaga.






Olá leitores!

Não resisti! Postei!

Gente, esse ,sinceramente, foi um dos capítulos mais difíceis de escrever, tanto pelas palavras ruins de Fernanda, quanto pelo assédio que ela sofreu ao voltar sozinha para casa.

Mas vocês acham que ela ainda tem jeito? Será que é preconceito mesmo ou confusão na cabeça e Nanda?

E quanto a Roberto? Será que é mocinho ou vilão? Ou um pouco dos dois? Será que ele era realmente amigo de Nanda ou tudo não passou de encenação?

Comentem aí e não esqueçam de dar seus votos que são de extrema importância para o livro (e para mim).

E fiquem calmas, por que tudo vai se ajustar!

Beijos!


Superando dificuldadesWhere stories live. Discover now