CAP. 63

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Eles estavam em um parque que ficava perto da casa deles. Estava escurecendo e o céu, pintado num tom de azul escuro, roxo e laranja, dividia espaço com algumas estrelas que apareciam.

Nanda estava sentada num banco e Matheus a sua frente. Seus pés calçados com seu tênis azul, colocados (ou jogados) em cima do colo dele.

-Você já parou pra pensar, em como vai ser a nossa vida daqui pra frente. Com a nossa filha?- Matheus pergunta.

-Não...

-Como você se sente? Em... relação a isso tudo?

-Não sei... Eu procuro não pensar muito nisso. -Ela diz franzindo levemente as sobrancelhas.

-Por que?

-Por que vou ficar com medo. E eu não quero isso...

-Medo? De que?

-Matheus... Nós temos uma filha! Uma filha! Você sabe como cuidar de uma criança? Sei lá, isso tudo parece muito grande pra mim...-Ela fala tirando os pés do colo dele e colocando no chão, se ajeitando no banco. Matt suspira.

-E você? Como se sente?- Nanda pergunta de repente.

-Eu... tenho muita expectativa. Quero muito ter a Vicki lá em casa. Acho que vai ser incrível. Mas... - Ele diz, esperando que sua esposa o interrompesse, mas ela não o fez -Eu tenho um pouco de medo. De... Ser rejeitado.

Nessa hora, as palavras de Matt atingiram Fernanda como um soco bem no nariz.

Ela não tinha parado pra pensar nisso. Nem em nada, pra falar a verdade.

-Rejeitado?- Ela pergunta com a voz um pouco falhada.

-Sim... Você sabe. Não vou poder levantar a noite toda hora que ela chorar. E... Quando ela for para a escola? Será conhecida com a menina que tem o pai cadeirante. Tenho medo, de que ela sinta vergonha de mim...

-Matheus para. -Ela respira fundo. - Nada disso vai acontecer. Nossa filha vai ter uma coisa chamada "noção" que vai impedi-la de fazer isso. Sem falar que ela te amará tanto que qualquer colega que soltar algum murmúrinho de mal gosto sobre você, ela irá quebrar a cara do desgraçado. -Nanda diz, se inclinado para frente e segurando a mão de Matheus.

-Esse é o problema Fernanda. Eu não quero ser motivo para murmuros. Sei que parece que me dou super bem com meu estado. Que superei. Mas... Não é bem assim. Eu queria poder subir uma escada, tropeçar e cair um tombo daqueles, jogar bola com meus amigos e não ser encarado toda vez que entro em algum lugar.

Fernanda abriu a boca, mas nada saiu. Ela não tinha o que dizer. Então Matt continuou.

-Me desculpa Nanda... -Ele diz abaixando a cabeça para que ela não visse as lágrimas que começavam a sair de seus olhos. - Mãe desculpa por não ser o que você merece, por não poder ser o marido que você sempre quis. Por não poder ser o melhor pai para nossa filha.

Cada palavra que saia da boca dele, era uma faca extremamente afiada sendo enfiada no peito dela. Nanda não sabia que ele ainda se sentia assim.

Ela não sabia o que fazer, então simplesmente se sentou no colo dele, para poder ficar mais perto do marido, o abraçou forte e Matheus não conseguiu segurar.

Ele nunca tinha dito aquilo pra ninguém. Não queria que as pessoas ao seu redor, parassem com suas vidas para tentar melhorar a dele. Por isso, nunca desabafou com ninguém como agora.

-Matheus... me escuta. -Ela diz se separando do abraço, mas ainda no colo dele, e olhando nos olhos vermelhos do rapaz. Pela primeira vez Matt parecia frágil, como um garotinho que havia se perdido da mãe no mercado lotado. Naquele momento ela só queria guardar ele num potinho de vidro e protege-lo de tudo. Desse mundo horrível, das pessoas imbecis e de todo mal que alguém poderia fazer a ele. - Não sei da onde você tirou essas coisas de não ser o marido que eu sempre quis, mas tem razão. Admito. Não é o marido que eu sempre quis. Na verdade, não chega nem perto... Você ultrapassa. É muito melhor do qualquer coisa que eu poderia imaginar pra mim. Às vezes penso que é mais do que eu mereço e talvez seja mesmo! Você é uma pessoa incrível que caiu nas minhas mãos e me considero muito sortuda por ter você ao meu lado. Um homem, bom, gentil, inteligente, elegante, bonito. Suas qualidades não tem fim Matt, e eu gostaria que isso ficasse claro. O seu único defeito consegue te tornar mais perfeito ainda. Eu não quero que se sinta diminuído diante das outras pessoas ou qualquer coisa parecida, por que eu te amo muito para deixar que faça isso.

-Isso tudo é muito lindo Nanda, mas... Eu sempre vou saber que não é verdade.

Ela respira fundo. E chega. Perdeu a paciência.

-Ah! Matheus, já tá começando com viadajem. Já banquei a Clarisse Lispector aqui o suficiente. Você é maravilhoso sim! Aceita que dói menos.

-Fernanda não é hora pra isso...

-Eu sei, então fica quieto e me beija que é muito melhor. -Ela diz e o beija sem dar tempo para ele responder. Matt se acalma e melhora. Só Fernanda mesmo para acabar com uma cena dramática desse jeito.

Ele podia dizer que ela não se importava com o que ele sentia, mas sabia que Nanda não fazia por que queria. Esse era o jeitinho dela. Meio grosso e fofo.

Essa era a Fernanda e ele a amava desse jeito. E por mais que doesse saber que não era o suficiente para ela, sabia que o amava do mesmo jeito.





Olá leitores!

Em primeiro lugar gostaria de pedir desculpas por não ter postado o capítulo que eu prometi durante a semana. Mesmo.

Em segundo lugar, gostaria de justificar o porque não postei.
Ultimamente estou numa fase meio ruim da minha vida. Não, não é nada familiar nem coisa assim. Eu só estou sem vontade e inspiração pra escrever. Na verdade estou sem vontade de fazer nada. Não sei por que mas ultimamente minha vida parece ser um lindo e grande nada. Nada acontece, nada me surpreende, nada me alegra de verdade.

Em terceiro lugar: estou torcendo para vocês terem gostado do capitulo, por que me esforcei muito pra fazê - lo pra vocês. Não ficou do jeito que eu gostaria mas, o que vale é a intenção.

Beijos.





Obs: Esse livro, trata de uma história fictícia, não tendo, assim, nenhum compromisso com a realidade.

(Ou seja, se tiver alguma coisa acontecendo aqui, que não esteja de acordo com o que acontece com a vida real, não me responsabilizo.)

Superando dificuldadesOnde histórias criam vida. Descubra agora