Prólogo

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Elizabeth Dunn POV

120 anos. 120 anos se passaram desde que não vejo a minha família em Veramer. No meu planeta natal, todos roubam, matam e destroem. Desde sempre que me confronto com a triste memória de que nasci no planeta errado. Todos aqueles que escolhem seguir uma carreira do mal, praticam-no em outros planetas. E por isso, são conhecidos e adorados por todo Veramer. São chamados de "Intrusos".

Mudam-se para outros planetas e ficam lá a viver até encontrarem alguém que os possa alimentar. Sim, pode parecer estranho, mas os maus alimentam-se das pobres almas inocentes dos planetas em que eles escolhem viver. Todos os habitantes de cada planeta têm diferenças; nomeadamente formas e tipos de comunicação diferentes. Por isso, para cada missão que os Intrusos realizam, levam uma mochila equipada com aquilo que precisam na estadia de outro planeta. Um dispositivo de mudança de forma adequado a cada planeta que escolhem ficar; um tradutor que se coloca na garganta para traduzir as palavras automaticamente; alimentação até encontrarem alguém que o faça; e uma nave de transporte, cujo tamanho se pode encolher até caber na palma de uma mão.

A minha história foi diferente.

Desde criança que defendo os direitos de cada forma de vida extraterrestre e de cada verameriano. Um certo dia, quando a minha irmã ia para uma missão dos Intrusos, subi numa mesa durante a cerimónia de despedida e disse tudo o que pensava. Como consequência puseram-me dentro de uma nave, e sem saber, vim parar à Terra. Estava perdida; não tinha disfarces ou alimentação. De cada vez que um terráqueo me visse, veria um místico e assustador monstro verde. Claro que ninguém me iria tentar contactar, porque a partir de agora sou conhecida mundialmente como "Aquela Que Discordou". Ninguém mais me quereria ver. Estava sozinha num mundo que não era o meu. Mas sou uma vencedora. Enfrentei os meus medos ao dizer o que pensava na cerimónia. Mais ninguém teria feito o que eu fiz, por isso isto torna-me especial. Felizmente, a minha mãe trabalhava na empresa que fabricava os objetos que os Intrusos levavam nas mochilas. Por isso, em vez de histórias antes de adormecer tinha uma receita completa de como fazer uma poção de mudança de forma.

A poção correu de forma muito diferente daquilo que eu imaginava. Eu era um monstro verde e gelatinoso com cinco olhos, isso é verdade. Mas ao acabar de fabricar poção, apareceram letras feitas do fumo que esta estava a criar. Apareceram no ar como se fossem uma demonstração de um holograma. Dizia "Parabéns, a sua porção da de mudança de forma foi executada sucessivamente. Depois de ingerida, esta poção continuará na forma conseguida para sempre. Apenas o governador Gronos terá meios suficientes para reverter o objetivo desta receita. Deseja continuar?" Gronos É líder convencido de Veramer.

Sem saber o que fazer, disse "sim" em voz alta e as grandes letras rechonchudas voltaram para dentro do corpo onde a poção estava a ser preparada. Bebi-a. Do meu corpo gelatinoso e sem formas surgiu uma linda mulher com grandes e lindos cabelos loiros. Aquilo a que os humanos chamam ancas começaram ficar definidas deixando-me com um corpo de sonho. Aparentemente estava nua, o que fazia com que cada pessoa que olhasse para mim tapasse os olhos dos seus filhos mais novos depois criticavam-me e soltavam grandes berros a dizer que deveria voltar para casa com as minhas meninas. Não lhes conseguia responder, apenas saltar grandes e graves rugidos, o que fazia com que elas ficassem atordoadas e caíssem no chão desmaiadas. Aproveitei o facto daquela mulher estar deitada no chão, e tirei as suas roupas. Coloquei as suas vestes. Poderia também usar o espartilho, mas este iria ficar pequeno nos meus grandes seios. Voltei à nave. Sem ter visto antes, reparei que tem lá um intercomunicador robótico que responde a tudo o que eu pedir, mesmo sabendo quem eu sou. "Como fazer um líquido de mudança de linguagem" Perguntei. E, na minha língua materna a mulher robótica disse que o meu pedido estava a ser processado. Debaixo do volante surgiu um papel branco com letras escritas na única língua que agora percebo. Tinha nas mãos da receita completa da poção de mudança de linguagem. Aproveitei já que estava na nave, e pedi que me indicasse um bom sítio para viver. A máquina sugeriu "Nova Iorque". Disse-o em inglês, o que fez com que não conseguisse percebê-la. Mas assim que lá chegasse iria por em prática a receita e ser confundida com uma humana normal.

A Empregada Extraterrestre Where stories live. Discover now